65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
terça-feira, novembro 03, 2009
Sociedade individualizada
O final de semana prolongado, apesar da necessidade de descanso, do forte trabalho acabou por produzir mesmo de passagem, sem maiores compromissos, leituras salteadas, a serem retomadas mais adiante, de dois livros de um único autor.
Já havia ouvido falar muito por alto do autor. Um sociólogo polonês que é professor em Varsóvia e na Universidade de Leeds na Inglaterra, Zymunt Bauman.
O contato com alguns de seus mais de dez livros se deu na feira de livros que ocorreu junto do Encontro de Geografia na semana passada no IFF. Aliás, está aí a importância do contato pessoal e real com os livros, para além das resenhas dos cadernos de literatura e das páginas das livrarias virtuais. Talvez, por este meio, não me interessasse pelos mesmos, apesar do meu crescente interesse pelas leituras e críticas da fragmentação gerada pela pós-modernidade além de outras conseqüências.
Fiz uma leitura como uma destas críticas salteando e pegando fragmentos. Ainda assim, como a promessa de retomar vagarosamente o conteúdo da escrita pude ver que há muito a ser sorvido, entre outras na introdução quando disse:
“Todas as sociedades são fábricas de significados. Até mais do que isso: são sementeiras da vida com sentido. O serviço delas é indispensável. Aristóteles observou que um ser solitário, fora de uma polis, só pode ser um anjo ou uma fera; isso não surpreende, uma vez que o primeiro é imortal e a segunda é inconsciente de sua mortalidade”.
Só por isso a leitura completa e profunda torna-se convidativa. Prometo fazê-la assim que tiver tempo maior e estimulo você a fazer o mesmo. O título completo do livro é “A Sociedade Individualizada – Vidas Contadas e Histórias Vividas”.
A individualização da sociedade em que vivemos é um fato, apesar das redes reais e virtuais de pessoas e comunidades, assim sua complexidade merece análise e o livro possibilita algumas leituras possíveis.
Outro livro que adquiri do autor é pequeno em termos de páginas. Apenas noventa e trata de um tema que identifico que cada vez mais precisaremos conhecer. “Confiança e Medo na Cidade” trata conforme comentário na sua contracapa, do dilema visceral das grandes cidades: a cisão entre segmentos sociais opostos, condenados a viver no mesmo espaço físico: as elites conectadas ao universo globalizado e os cidadãos impossibilitados de sair do lugar que lhes é conferido.
Nada mais apropriado para tentar compreender o que poderá se dar com a instalação do Complexo do Açu. Neste caso, teremos um planejamento para apartação destas comunidades que já se enfrentam nas discussões das desapropriações, ou um projeto de integração e de administração dos conflitos, da violência de uma cidade-região que pode se tornar global?
Assim, depois destas leituras fragmentadas do excelente texto deste pensador, num final de semana de descanso, o blog empilha os dois livros, ao mesmo tempo em que sugere o mesmo àqueles interessados nestes assuntos. Boa semana a todos e todas!
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7 comentários:
Bom dia, Roberto, agora terei mais tempo e gostaria muito de ter e ler esses livros. Muito boa sua palavra e estas leituras hoje sõ essenciais para entendermos o que vai nesta massa amorfa que se chama “mundo”cheio de corações perdidos mas nem por isso, impedidos de serem encontrados.
Um abraço, Roberto, O Senhor Jesus abençoe você e sua família
Rosângela
Chiluthe
Hum... O Chile? Será? Quem sabe, né?
Rosângela, a senhora não tem nada pra fazer não?
Arrume uma ocupação mulher!
palavrinha:
Omtamma
Tradução:
Ociosidade mental também mata.
Tenho dito!
Pois é professor, também fui frequentador do estande de livros do ENGEO. Esta foi uma das solicitações dos alunos do curso no encontro do ano passado. Este tipo de espaço é sempre salutar e muito bom que tenha sido criado.
Para entender bem o mundo nessa era da informação, e da globalização nada melhor que dois clássicos: 1- Condição Pós-Moderna, do geógrafo David Harvey; e 2- Sociedade em rede: a era da informação, do sociólogo Manuel Castells. Ambos podem ser lidos na biblioteca do IFF.
De produção nacional eu recomendo: A Nova (Des)Ordem Mundial, do geógrafo e prof. da uff Rogério Haesbaert.
Zygmunt Bauman também é clássico e muito bom. Dele o mais fantástico pra mim é Globalização: as consequências humanas.
Muito bom abrir um espaço para discutir produção bibliográfica aqui no blog. Todo incentivo a leitura é válido.
Olha o que ocorreu em gargaú :
http://gargaunews.blogspot.com/
Professor Roberto, apenas uma correção, se me permite. O nome do autor tem a letra g depois do y: Zygmunt Bauman. Ele realmente tem dezenas de ótimos livros publicados e, além dos citados, recomendo "Amor Líquido - Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos". Ouvi falar muito bem de "Medo Líquido", "O Mal Estar da Pós-Modernidade" e "A Arte da Vida", todos do mesmo autor, mas esses não li ainda.
Abraço.
Ótima postagem, este tema é muito interessante.
Abs
Paulo Sérgio
Eu ainda nao pude ler o Baumann, mas parece ser um autor muito instigante. Parece que ele tem um livro tambem sobre o que ele chama de producao de um "lixo humano" e sua necessidade de fixa-lo num determinada espaco fisico como um dilema do capitalismo global.
O tema do segundo livro que voce comentou ..... o argumento sobre a "prisao" num determinado espaco fisico de uns (os excluidos), em contraposicao a capacidade de movimento de outros e incrivel, e de algum modo mostra que a individualizacao tambem nao e acessivel a todos.
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