65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
segunda-feira, dezembro 28, 2009
Cabral no Valor Econômico: "Campos é um problema, mas não é por isso que vão punir o direito"
Em entrevista de página inteira na edição desta segunda no jornal Valor Econômico, o governador Sérgio Cabral fala de política elogia Lula, desanca adversários e até se diz fiador de ministros petistas. Abaixo dois trechos destacados da entrevista dos jornalistas Heloísa Magalhães, Chico Santos e Paola Moura:
“Valor: Mas o PT reclama de falta de espaço no seu governo.
Cabral: Isso até o PMDB reclama. O PT tem duas grandes secretarias: Meio Ambiente e Ação Social. O PT no nosso governo conseguiu espaço que nunca teve no governo federal. Ele tem dois quadros do Estado que são ministros: Carlos Minc e Edson Santos.
Valor: Como o senhor vê a demanda do PMDB pela vaga de vice?
Cabral: O PMDB é um partido plural, com um monte de tendências. É o maior partido do Brasil. Aqui no Rio, o PMDB tem comando. E a vitória do Eduardo (Paes) reforçou muito este comando. O PMDB nunca ganhou um eleição na capital. Na verdade, só o Cesar Maia, em 92, mas ele troca de partido como troca de roupa, já esteve no PMDB, PDT, PFL. O Garotinho foi embora, se mandou, mas não levou muita gente com ele.
Valor: O ex-governador Garotinho está voltando com força?
Cabral: Não sei o que o Garotinho vai fazer da vida. Ele sabe ler pesquisa melhor do que eu. Apesar de ser um sujeito com perfil psicanalítico complicado, que oscila entre a euforia e a depressão. Eu acho que ele, nessa altura da vida, acredita que chega ao segundo turno. Nas pesquisas, a menor diferença é de 16% e a maior, de 25%. E no segundo turno, ele sai de 22% e vai para 34% e fica por aí.
Valor: Ele é o seu principal adversário?
Cabral: Não. Ele é sujeito com mais intenção de voto, o que a gente tem que respeitar.
Valor: Pela leitura que o senhor fez das pesquisas, haverá segundo turno para governador em 2010?
Cabral: Depende. Tem que ver o quadro da época.
Valor: O segundo turno seria uma derrota, considerando o clima do início do seu governo?
Cabral: Eleição e mineração só depois da apuração. Quanto mais em ano ímpar. Eleição é em ano par. Eleição só depois da convenção. Minha prioridade é governar. Não vou mudar política de ocupação das favelas, por exemplo. É uma política de estado.”
...
Ao falar sobre o pré-sal o governador acabou falando mal de seus aliados ex-prefeitos de Campos:
“Valor: O senhor não acha que há muita emoção? Houve vários discursos apaixonados.
Cabral: O problema é que eles acusam alguns municípios de usar mal os royalties, como Campos. Campos é um problema, mas não é por isso que vão punir o direito. Então eu também posso me queixar. Num estado tal do Nordeste foi feito uma barbaridade com um dinheiro do Fundo de Participação dos Estados (FPE). É um fundo criado com a riqueza do pagamento dos trabalhadores e das empresas. O FPE por habitante do Rio é de R$ 50 por ano, o de Pernambuco é em torno de R$ 350, no Maranhão, de R$ 450. Pernambuco vai receber este ano de FPE mais da metade que vamos receber de Participação Especial. Isso vem das empresas de Pernambuco? Não. Das empresas de São Paulo, do Rio, de Minas. A gente nunca reclamou disso porque a gente acha que tem que ter distribuição de renda mesmo, física, demográfica, espacial. É um precedente perigosíssimo. Se a Constituição diz que os estados produtores têm que ter uma indenização, tem que ser cumprido.
Valor: E a postura do governo federal no meio desta discussão?
Cabral: Acho que essa discussão está muito confortável para o governo porque a boiada, a maioria burra, fica discutindo percentual. O modelo, que é bom, ninguém discute. O governo está num patamar maravilhoso. Ninguém quer saber do modelo.
Valor: A redução dos royalties afeta a dívida do Estado?
Cabral; Não, a dívida não. Mas afeta a receita do Estado. Esse dinheiro vai para a previdência pública. O que está permitindo a gente dar um salto de qualidade na gestão. Com isso, hoje a pensão sai em meia hora. Antigamente demorava um ano. Estamos pagando também os atrasados. É uma receita importante do Estado. Por isso eu briguei. Eu disse ao presidente, eu sou aliado de vocês, o senhor não vai encontrar ninguém mais aliado, mas não mexam com o Rio de Janeiro. O Rio já sofreu muito, perdeu a capital, foi fundido sem consultar o povo, eu não vou aceitar isso.
Valor: Mas no fim o Estado sai perdendo.
Cabral: No entanto, é mais dinheiro que hoje. Porque vai ter mais petróleo. Porém, é menos do que a gente esperava ter. No fim, o Rio de Janeiro vai produzir mais que o Qatar.
Valor: A economia do Rio patina há muito tempo nesta fase dos 12% do PIB. Se o senhor for reeleito, qual a meta de participação no PIB para 2012?
Cabral: Se o Brasil crescer muito, eu posso continuar com 12%, 13% sem problema.”
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Um comentário:
É ou não é um incopetente ???
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