terça-feira, dezembro 22, 2009

Quais são as tendências da classe "C"

Mais que nunca nesta época de consumo exagerado é interessante conhecer esta análise sobre a massa de consumidores abaixo dos 10 salários mínimos. Ela hoje representa 90% da população brasileira, responsável por 79% do consumo, atinge 69% do mercado de cartões de créditos. Mais: são 86% do total de internautas no Brasil e movimentam mais de 760 bilhões por ano. Segundo os analistas “são milhões de consumidores com bolso de classe média e cabeça de baixa renda.” Pesquisa liderada por Renato Meireles do DataPopular em parceria com o DataFolha com mais de 100 mil entrevistas em 180 cidades se tentou avançar sobre o que pensa e quais são as 10 tendências desta chamada a classe C. Segundo os especialistas esta análise foi “por meio de drivers do futuro e pistas comportamentais” e que apontaram para dez tendências: 1.Consumo de inclusão: todos querem comprar, mas o alvo é a qualidade e não o status. Aqui vale a abundância e não a exclusividade como na classe A; 2.Acesso e qualidade: valoriza o dinheiro. Uma compra é um investimento. Portanto, a margem de erro deve ser pequena. Não dá para testar um produto e depois não gostar e ter que usar até acabar. 3.Capilaridade, aval e segmentação: o ponto de venda deve ser próximo pois fazem compras a pé e se não tiverem dinheiro sempre pode apelar para o mercadinho que vende fiado. 4.Redes, dicas e boca a boca: são mais colaborativos e dividem a informação com a família e os vizinhos. Todos dão dicas de descontos, bons produtos, atendimento. E o melhor, uma vez conquistados, se mantêm fiéis. 5.Tecnologia, família e investimento: o computador ocupa o lugar na sala que antes era só da TV. Representa uma forma maior de conhecimento, entretenimento e lazer. 6.Educação e cultura: caminho para a ascensão social. Estudar funciona como um plano de previdência familiar pois melhora a qualidade de vida de todos. 7.Juventude geração C: esse é o nosso futuro. Seremos um Brasil com a cara dos jovens da atual classe C. Esse jovem tem voz ativa dentro da família. 68% deles estudou mais que os pais e são super pé-no-chão. Não acreditam em horóscopo, alma gêmea, ET de Varginha. Não tem tempo para pensar nessas “bobagens”. 8.Identidade e autoestima: valoriza a conquista e enaltece a origem. Aqui vale a pena prestar atenção na regionalidade, na comunidade e na igreja. 9.Vaidade e beleza: estar bem arrumada é uma forma de diminuir as barreiras étnicas e sociais. As mulheres gastam em média 50 reais por mês no salão. 89% afirmam que os cuidados pessoais a fazem se sentir melhores. 10.Novos papéis e nova família: a relação homem e mulher ganha maiores contornos nesta faixa de renda. 30% das famílias da classe C são chefiadas por mulheres. A tão desejada igualdade de direitos chega primeiro aqui.

4 comentários:

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Excelente postagem, Roberto!

Roberto Torres disse...

Precisamos conhecer melhor essta tal classe C. As "tendencias" políticas desta classe certamente é o que mais pode inovar no quadro sócio-político nacional. Nao podemos achar que os interesses desta classe já estejam definidos. O interesse pode sempre ser interpretado de um modo que lhe confere um nova direcao.

Durante muito tempo a esquerda alimentou uma visao reducionista desta classe ascendente, como se o "sonho pequeno burgues" fosse necessariamente afinado com tendencias conservadoras, de direita. Certamente está é uma possibilidade.

Mas, como toda classe que nao pode participar em pleno direito dos privilégios de ser classe média estabelecida no Brasil, esta nova classe média pode tambem ser o suporto de uma renovacao ideológica à esquerda. Acho que boa parte do carisma de Lula encontra terreno tambem nesta classe, nao somente nos pobres.
Afinal, o nosso presidente é grande exemplo do tipo de trajetória individual que predomina na nova classe média.

Roberto Moraes disse...

Caro Roberto,

Bem observado o lado político da informação transcrita pelo blog que tem uma análise mais econômica, muito embora, estas primeiras dez tendências observadas, sejam amplas, de costumes, de práticas e também (ouso dizer) de construção ideológica.

A sua observação sobre a aprovação de Lula e relação com esta classe, diferente (aliás bem diferente) da antiga classe média, estilo tijucana, é pertinente e merece um aprofundamento até sob o ponto de vista de como ela forma opinião e se posiciona.

Melhor ainda se pudéssemos entender como isso pode estar ocorrendo nesta planície.

Está aí um bom tema para estudo, dissertação e também debate político.

Abs.

Anônimo disse...

Roberto,

No item juventude e geração C não podemos esquecer uma caracteristica
bastante identificável.
O egoismo se faz presente nesse jovem que quer vencer e vencer.
A falta de análise com relação ao momento em que ecologia, economia sustentável, vitalidade comunitária e outros domínios se tornam importantes ratifica que a analise das tendencias foi feita exclusivamente olhando o consumidor e seu comportamento tipicamente máquina.
Os drivers do futuro e as pistas comportamentais da analise foram tendências.
Sabemos que PIB, IDH e outros indicadores terão que se ajustar de maneira holística e harmoniosa quanto as suas metas e meios, justificando o existir.
É quase impossivel ver resultados de análises, quando seus objetos não incorporam novos modelos de desenvolvimento.