65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
terça-feira, dezembro 22, 2009
Quais são as tendências da classe "C"
Mais que nunca nesta época de consumo exagerado é interessante conhecer esta análise sobre a massa de consumidores abaixo dos 10 salários mínimos. Ela hoje representa 90% da população brasileira, responsável por 79% do consumo, atinge 69% do mercado de cartões de créditos. Mais: são 86% do total de internautas no Brasil e movimentam mais de 760 bilhões por ano. Segundo os analistas “são milhões de consumidores com bolso de classe média e cabeça de baixa renda.”
Pesquisa liderada por Renato Meireles do DataPopular em parceria com o DataFolha com mais de 100 mil entrevistas em 180 cidades se tentou avançar sobre o que pensa e quais são as 10 tendências desta chamada a classe C. Segundo os especialistas esta análise foi “por meio de drivers do futuro e pistas comportamentais” e que apontaram para dez tendências:
1.Consumo de inclusão: todos querem comprar, mas o alvo é a qualidade e não o status. Aqui vale a abundância e não a exclusividade como na classe A;
2.Acesso e qualidade: valoriza o dinheiro. Uma compra é um investimento. Portanto, a margem de erro deve ser pequena. Não dá para testar um produto e depois não gostar e ter que usar até acabar.
3.Capilaridade, aval e segmentação: o ponto de venda deve ser próximo pois fazem compras a pé e se não tiverem dinheiro sempre pode apelar para o mercadinho que vende fiado.
4.Redes, dicas e boca a boca: são mais colaborativos e dividem a informação com a família e os vizinhos. Todos dão dicas de descontos, bons produtos, atendimento. E o melhor, uma vez conquistados, se mantêm fiéis.
5.Tecnologia, família e investimento: o computador ocupa o lugar na sala que antes era só da TV. Representa uma forma maior de conhecimento, entretenimento e lazer.
6.Educação e cultura: caminho para a ascensão social. Estudar funciona como um plano de previdência familiar pois melhora a qualidade de vida de todos.
7.Juventude geração C: esse é o nosso futuro. Seremos um Brasil com a cara dos jovens da atual classe C. Esse jovem tem voz ativa dentro da família. 68% deles estudou mais que os pais e são super pé-no-chão. Não acreditam em horóscopo, alma gêmea, ET de Varginha. Não tem tempo para pensar nessas “bobagens”.
8.Identidade e autoestima: valoriza a conquista e enaltece a origem. Aqui vale a pena prestar atenção na regionalidade, na comunidade e na igreja.
9.Vaidade e beleza: estar bem arrumada é uma forma de diminuir as barreiras étnicas e sociais. As mulheres gastam em média 50 reais por mês no salão. 89% afirmam que os cuidados pessoais a fazem se sentir melhores.
10.Novos papéis e nova família: a relação homem e mulher ganha maiores contornos nesta faixa de renda. 30% das famílias da classe C são chefiadas por mulheres. A tão desejada igualdade de direitos chega primeiro aqui.
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4 comentários:
Excelente postagem, Roberto!
Precisamos conhecer melhor essta tal classe C. As "tendencias" políticas desta classe certamente é o que mais pode inovar no quadro sócio-político nacional. Nao podemos achar que os interesses desta classe já estejam definidos. O interesse pode sempre ser interpretado de um modo que lhe confere um nova direcao.
Durante muito tempo a esquerda alimentou uma visao reducionista desta classe ascendente, como se o "sonho pequeno burgues" fosse necessariamente afinado com tendencias conservadoras, de direita. Certamente está é uma possibilidade.
Mas, como toda classe que nao pode participar em pleno direito dos privilégios de ser classe média estabelecida no Brasil, esta nova classe média pode tambem ser o suporto de uma renovacao ideológica à esquerda. Acho que boa parte do carisma de Lula encontra terreno tambem nesta classe, nao somente nos pobres.
Afinal, o nosso presidente é grande exemplo do tipo de trajetória individual que predomina na nova classe média.
Caro Roberto,
Bem observado o lado político da informação transcrita pelo blog que tem uma análise mais econômica, muito embora, estas primeiras dez tendências observadas, sejam amplas, de costumes, de práticas e também (ouso dizer) de construção ideológica.
A sua observação sobre a aprovação de Lula e relação com esta classe, diferente (aliás bem diferente) da antiga classe média, estilo tijucana, é pertinente e merece um aprofundamento até sob o ponto de vista de como ela forma opinião e se posiciona.
Melhor ainda se pudéssemos entender como isso pode estar ocorrendo nesta planície.
Está aí um bom tema para estudo, dissertação e também debate político.
Abs.
Roberto,
No item juventude e geração C não podemos esquecer uma caracteristica
bastante identificável.
O egoismo se faz presente nesse jovem que quer vencer e vencer.
A falta de análise com relação ao momento em que ecologia, economia sustentável, vitalidade comunitária e outros domínios se tornam importantes ratifica que a analise das tendencias foi feita exclusivamente olhando o consumidor e seu comportamento tipicamente máquina.
Os drivers do futuro e as pistas comportamentais da analise foram tendências.
Sabemos que PIB, IDH e outros indicadores terão que se ajustar de maneira holística e harmoniosa quanto as suas metas e meios, justificando o existir.
É quase impossivel ver resultados de análises, quando seus objetos não incorporam novos modelos de desenvolvimento.
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