65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
domingo, janeiro 24, 2010
Ainda sobre carisma e política
Dois comentários feita nesta nota aqui abaixo merecem destaque na página principal:
Do filósofo Gustavo Carvalho:
"Caro Roberto, me permita ampliar o comentário usando o próprio Weber. Uma das teses centrais do sociólogo alemão se refere ao processo progressivo de racionalização da sociedade moderna. Assim, o elemento "irracional" do poder carismático também é continuamente moldado pelo exercício da escolha racional por parte dos indivíduos/consumidores/cidadãos. No caso da popularidade do Presidente Lula parece claro: o carisma de sua figura pública seria suficiente de por si só sustentar os níveis de aprovação pessoal e do seu governo? Sem o excelente desempenho social e econômico de sua gestão o mito de Lula teria tamanha projeção e exerceria tal fascínio?"
Do cientista político Roberto Torres do blog Outros Campos:
Muito importante é se perguntar o que é realmente essa coisa chamada carisma, uma idéia que usamos da religiao para entender a política. Acho que o que apontamos como carisma sempre se refere a algo que nao é abarcado pelo olhar acostumado com a repeticao do processo. Por isso o carisma, além de ser visto como irracional (o que é puramento arbitrário), é sempre visto como extra-cotidiano, fora do previsto.
O que é fora do previsto é que Lula incorpora com seu carisma, mas que na verdade é o carisma dessa coisa que fica fora do previsto? Os dados eleitorais mostram que em 2006 houve um fenomeno inteiramente novo na democracia recente do Brasil: os pobres afirmaram seu voto em Lula contra a opiniao formada na grande mídia. Lula criou com o povo pobre um canal pratico de comunicacao e identificao que foi capaz de ganhar um eleicao e sustentar a popularidade de um governo. E isso nao tem a ver somente com os resultados praticos em favor dos pobres que o governo trouxe, mas com o proprio fato de Lula ser o primeiro exemplo de como os pobres podem agir na politica sem depender da mediação de outrem.
Para entendermos se o carisma de Lula é ou nao transferivel temos que compreender antes que o carisma nao é de Lula. O carisma é a forca reprimida que se mostra quando o povo aceita a si mesmo ao se ver representado por um igual."
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2 comentários:
Duas análises totalmente forçadas que valem como propaganda política para qualquer político. Quanta balela...
Meu caro, que eu sou Lulista (sempre com L maisculo..) fanatico nao pretendo esconder de ninguem... Mas nao acho nada forcado explicar Lula de 2006 em diante como resultado de uma guinada socio-politica que fez com que a identificacao carismatica com o subproletariado substituisse uma certa fracao da classe media como suporte de Lula, o que ocorria desde 1989.
De duas uma. Ou Lula tem um poder diabolico que o permite manter a adesao do subproletariado (uma classe quase sempre desorganizada politicamente) contra a posicao da opiniao publicamente formada na midia, ou essa gente, com Lula, constitui sem duvida um fenomemo de "desvio" no que e previsto pela dinamica da politica organizada, ou seja, o tal do carisma...
Andre Singer enscreveu um belo artigo onde interpreta, com os dados eleitorais, esta guinada eleitoral de Lula. Vale a pena conferir. Raizes ideologicas e sociais do lulismo, e so jogar no google.
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