65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
domingo, janeiro 10, 2010
"Farol: pânico e demofobia"
O blog recebeu do professor e filósofo Gustavo Carvalho, neto do saudoso Waldir de Carvalho, o pertinente comentário que resolveu trazer aqui para a capa deste espaço:
"Farol: pânico e demofobia"
"Caro Roberto, é interes... Farol: pânico e demofobiaCaro Roberto, é interessante constatar como situações críticas fazem precipitar formas mais grotescas de ignorância e preconceito. O último calamitoso evento musical de ontem em Farol causou desespero de massa e serviu para diferentes fins: demofobia campista contra os pobres, a reciclagem do preconceito contra a praia da baixada, a desresponsabilização ostensiva das autoridades, uso político da desgraça popular, etc. Estava eu na casa dos meus avós em Farol quando fui "convencido" por minha filha e sobrinha adolescentes a ir ao show de um pagodeiro obscuro chamado "rodriguinho". Mesmo ignorando o músico e desprezando o estilo musical, fui por dever. A sequência dos eventos é pública: de repente o som acaba, a multidão se agita (a essa altura nenhum locutor ou responsável se manifesta para orientar o público), o comportamento irracional de manada toma conta das pessoas, somos empurrados contra o muro de uma casa pela turba humana que foge dos tiros, ... Ainda bem que consegui fazer as meminas pularem o muro e escapar pela lateral. Para qualquer um que frequenta estádios de futebol e eventos de massa (o Maracanã em dia de decisão pode ter situações piores!), sabe que momentos como esses podem acontecer. O que é surpreendente é a total irresponsabilidade de se produzir um evento com milhares pessoas sem o mínimo de condições para tal (ordenamento do espaço, policiamento, equipes de emergência, enfim gente treinada para o mesmo!). Ao fim, quando caminhavamos para casa, ouvimos diversas pessoas vociferando contra a passagem de "um real", como se a "culpa" perversa pelo desastre e seus efeitos letais fosse do própio povo que padece de alternativas de lazer e cultura (bens básicos de cidadania!)."
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12 comentários:
Concordo plenamente com seus comentários. Nao frequento o looal, fui de forma pontual ao show e tb não culpo o preço de R$ 1,00 (fui o primeiro a comentar sobre isso, em email remetido ao ilustre professor-blogueiro, sob a rubrica "FAROLWEST". Até destaco q foi surpresa minha a organização do local, das barracas, dos ambulantes etc, bem como falava que a relação do preço da passagem (seria melhor se ela fosse gratuita)não representa qq problema, posto q ser humilde e pobre não é prerrogativa de mau comportamento e/ou bandidagem. O q é determinante, meu caro... é a falta de planejamento para um evento q todos já sabiam, pois com o preço popular a afluência àquele baneário seria infinitamente maior.
Se Farol fosse dentro da cidade, como é a praia dos Cavaleiros, praia da tartaruga, praia do forte, seria uma hecatombe, partindo dessa absurda e irreal premissa. Falta comprometimento da governancia municipal. Esta sim, parece estar ainda em campanha eleitoral, esquecendo que já é governo faz um ano. Culpam esse e/ou aquele gorvenante (todos perniciosos à municipalidade, desde do alcaide coronelista de nome José Barbosa, Nada mudou de lá para cá. Foi uma sucessão de governantes, como os mesmos equívocos de outrora, agravado comm o vil metal, carreado como os royalties. É isso que se tem. Um abraço e saudações.
FAROLWEST
J.CARLOS
Correta a análise do Gustavo Carvalho e digo mais: http://blogdojuniorcampos.blogspot.com/2010/01/show-e-tiros-no-farol-de-sao-tome.html
Gustavo,
Em primeiro lugar é totalmente errôneo, preconceituoso e ignorante, querer afirmar que tudo isso ocorre devido ao excesso de pessoas gerado pelo valor da passagem ( 1 Real).
Todos nós sabemos que a população de baixa renda muitas vezes se comporta bem mais educadamente do que muitos filinhos e filinhas de papai de nossa sociedade.
Querer culpar o Governo de Rosinha, também não justifica, pois por parte da prefeitura tudo que se viu foi um grande aparato, excelente palco e estrutura para realização do mesmo, ambulâncias de resgate com médicos, muitos guardas municipais, posto de saúde completamente aparelhado.
Falta sim policiais militares o que não está sendo difícil reparar em toda orla tanto de Campos, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana.
O que notei foi sim uma grande falta de educação familiar e religiosa por parte da nossa população.
É mais fácil e produtivo (politicamente falando) criticar a passagem a R$1,00 do que ir à raiz do problema. Fácil porque, como dito, responsabiliza o povo ou o governo municipal atual e não a política pública ineficaz para garantir a segurança dos cidadãos (necessária cotidianamente e ainda mais em qualquer evento de massa). Segurança pública essa que, salvo engano, está a cargo da polícia militar e civil, ambas no âmbito do governo estadual. Produtivo politicamente porque ajuda os críticos do atual governo (o qual não estou defendendo), onde, qualquer desculpa para criticar é válida e a "solução" encontrada é "abandonar a praia". Ratos abandonam o barco que está afundando; campistas lutam para salvá-lo. Outro relevante ponto é o preconceito quanto à praia campista. Ou por acaso minha memória falha ao lembrar dos arrastões, furtos e até mesmo de famílias mantidas como reféns em suas casas, bem como homicídios, em praias são joanenses, entre outras? Ou dos problemas de falta de água e energia elétrica em várias praias, inclusive as mais elitistas (esses, pelo menos, já solucionados na praia campista há anos)? É preciso fazer críticas construtivas, apontar soluções, e lutar para efetivá-las, como foi feito por um leitor do blog. Por outro lado, a prefeitura não pode se dar ao luxo de silenciar sobre os crimes ou isentar-se de responsabilidades e ter a cara-de-pau de colocar em seu portal que os eventos de verão nos distritos de Campos são marcados pela "tranquilidade" (http://www.campos.rj.gov.br/noticia.php?id=22459). E já devia ter feito antes o que começou a fazer ontem: pressionar o governo do Estado para garantir a segurança dos campistas. Aliás, devíamos criticar a prefeitura por outro motivo, que não dá tanto noticiário, mas que vitima mais do que os tiros em shows: a falta de salva-vidas. Esse ano, a prefeitura não contratou salva-vidas (o corpo de bombeiros atende toda a região do Norte-Fluminense e não tem efetivo suficiente) e ontem houve um novo episódio de afogamento em frente a um posto salva-vidas, vazio desde o verão passado, na altura do restaurante Dona Xepa. Dessa vez, por sorte, a quase-vítima foi ajudada por banhistas. As estatísticas de afogamentos são altíssimas no Farol, apesar de “maqueadas” (corpos encontrados em outras praias ou que não são encontrados não são computados nos dados oficiais). Portanto, ao invés de simplesmente criticar, vamos procurar soluções e apontar os responsáveis de fato, e não aqueles que nos interessa atingir.
Entao ta bom... eh coincidencia a correlacao entre passagem a 1 real + shows de pagode+funk.
Retorica... pura retorica...
Enquanto isso eu tava vendo o show do Nando Reis em Grussai. Semana passada foi Maria Rita... na santa paz...
Mas, coitados dos marginais sem opcao de lazer...
Está realmente uma vergonha a segurança da praia campista.
Eu é que num vou pra lá.
É bem verdade que com a queda do valor da passagem quem não ia está passando a ir, mas não justifica a falta de segurança seja do município eu seja do estado.
O farol nunca passou por uma situação dessa gravidade.
Só quero ver como estará no carnaval..
Cristo nos acuda.
Gente, vocês não sabem ler não?
Quando o professor Guatavo escreveu:
"Ao fim, quando caminhavamos para casa, ouvimos diversas pessoas vociferando contra a passagem de "um real", como se a "culpa" perversa pelo desastre e seus efeitos letais fosse do própio povo que padece de alternativas de lazer e cultura (bens básicos de cidadania!)."
Ele tirou a responsabilidade da passagem a R$ 1 real. E criticou quando o povo colocou a culpa no proprio povo. (Uma tremenda ignorância!)
Até porque, todos tem o direito a lazer.
O que o ele criticou foi a falta de segurança e estrutura para um publico desse porte.
Entenderam?
Não é preconceito contra a passagem de um real,mas sim posicionamento contra uma política demagógica aliada a shows horrendos e falta de segurança. Funk/pagode+passagem de um real+falta de policiais= circo dos horrores no Farol. Afinal lá os shows acabam e os infernais trios azucrinam a cabeça de veranistas durante horas a fio. Por que isso não ocorre em São João da Barra? Shows de artistas de nível+segurança+ shows divididos em vários locais+ hora para começar e terminar(sem os abomináveis trios initerruptos)=espetáculos de qualidade na santa paz.
ISSO TUDO QUE VEM ACONTECENDO NA PRAIA CAMPISTA É RESULTADO DO "PÃO E CIRCO", QUE HOJE É REFORÇADO COM A VIOLENCIA REINANTE, NÃO ADIANTA COLOCAR TUDO A R$ 1,00 E ACHAR QUE SERÁ MIL MARAVILHAS DIVERSÃO A CUSTOS MINIMOS TODO MUNDO GOSTA INCLUSIVE A BANDIDAGEM, ENTÃO ESTÁ MAIS QUE PROVADO QUE NO PERIODO DE VERÃO NÃO PODE HAVER PASSAGEM A R$ 1,00 POIS ASSIM A BARBARIE VAI CONTINUAR. MEUS PAIS PASSAM VERÃO NO FAROL A MAIS DE TRINTA E CINCO ANOS E ESTÃO APAVORADOS COM OS FATOS TODOS OCORRIDOS. E OUTRO DETALHE QUE NÃO FOI OBSERVADO É O SEGUINTE FATO, OS MORADORES DE FAROL NÃO ESTÃO COMPRANDO NA PRAIA, POIS COM A PASSAGEM A R$ 1,00 É MAIS VANTEGEM GASTAR R$2,00 DE PASSAGEM FAZER COMPRAS NA CIDADE E LEVAR PARA FAROL QUE SAI MAIS BARATO QUE COMPRAR NOS COMERCIOS DA PRAIA, RESUMINDO ESTÁ SENDO PREJUDICIAL TAMBEM PARA OS COMERCIANTES DA LOCALIDADE. É PRECISO REVER TODO ESTE MODELO IMPLANTADO NO NOSSO MUNICIPIO, POIS BENEFICIA UMA PARCELA DA POPULAÇÃO E PREJUDICA OUTRA, TEM FAZER ALGO QUE BENEFICE A TODOS, POIS SE NÃO FOR ASSIM SEMPRE HAVERÁ INSATISFAÇÃO POR ALGUMA DAS PARTES.
Engraçado que em grussai a passagem está 7 reais e não acontece "nada"! E ainda vem me dizer que a passagem a 1 real não tem nada a ver com isto ?
O caso do farol de são Thomé, é mais uma amostra que o estado não tem condições de arcar com a segurança publica sozinho. Em outros estados onde a guarda já trabalha fazendo segurança publica quem ta ganhando é a população. O estado do rio não sei por que ainda não é totalmente a favor deste tipo de situação, só queria entender o porquê, porem aonde isto já se faz presente quem ganha é a população. Porque estava no farol e vi poucos PM e muitos guardas porem o que esta guarda pode fazer sem arma, não pode nem proteger eles mesmo o que eu acho uma covardia porem se aqui já estivéssemos implantado este tipo de serviço com certeza não iríamos evitar o homicídio porem com certeza não seria ali na frente de muitos guardas municipais e diversas pessoas do publico que ali se faziam presentes. Foi um afronto o episodio que aconteceu no farol. Segurança já, e com certeza municipalizada, não é que vá tomar o lugar de ninguém e sim somar forças. Já da certo em diversos países e em alguns estados do Brasil. E na nossa cidade onde temos mais de 500.000 habitantes com certeza iria ajudar, ou será que só aqui seria diferente de tantos outros municípios. O que o senhor acha disso?
Caros,
Lendo os comentários percebi que
alguns se prenderam ao preço da passagem.Olha, não o considero vilão nessa istória.Esqueçamos que seja no Farol, e que o evento seja dentro da Cidade.E ai?As pessoas irão democraticamente, de carro, a pé, de ônibus.....
Bem, o mais emediato e necessário é a articulação de quem organiza um evento de grande porte com os organismos de segurança, quer seja municipal, estadual ou federal - se não houver segurança adequada cancelar o evento seria a atitude responsável(Sra. Prefeita perderás menos votos do que se vier a acontecer uma tragédia).
A questões estruturais referentes a economia e educação da população tem que ser modificadas com ações ao longo do tempo(emprego, escola etc..), não podendo essa carência impedir o poder público de ORGANIZAR eventos que tragam lazer a população.
Gastos públicos com a elite já são feitos de maneiras diversas, nem sempre honestas(muitos benefiados certamente não frequentam o Farol).
Deixa o povo que trabalha, ganhando migalha, se divertir gente!!!(com segurança, por favor!)
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