65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
sexta-feira, fevereiro 12, 2010
Mais sobre a questão habitacional em Campos
O blog recebeu do professor Luiz Pinedo, algumas considerações acerca do Plano Habitacional do município. Elas aprofundam o debate para além da questão dos custos:
"Caro Roberto Moraes,
Li a matéria sobre a questão habitacional em Campos dos Goitacazes, acho que cabe uma pequena preocupação, fui Presidente do Conselho Municipal de Habitacão de Santo André e participei neste como representante do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas de SP, pude contribuir na elaboração da atual legislação em vigor no município que é uma das mais avançadas.
Santo André foi um dos primeiros municípios a ter uma legislação de interesse social, um conselho municipal e um fundo municipal de habitação na década de noventa que possibilitou a construção de políticas habitacionais que foram crescendo no sentido reformular a proposta da primeira lei de Interesse Social de 1992, hoje sua legislação habitacional está na terceira geração, incorporando avanços.
Na primeira proposta o ponto central era a urbanização das favelas. Com o passar do tempo foi possível identificar que nem todas as favelas eram possíveis de urbanização pois estavam em áreas de risco, estas passaram a ser classificadas como não urbanizáveis, teriam de ser transferídas.
Existiam núcleos que não necessitavam de grandes obras de infraestrutura estas são consolidadas, já outros núcleos necessitavam de obras de infraestrutura.
Outro dado importânte é que os moradores de favelas tem renda inferior a 3 salários mínimos, e que a sua renda é insuficiente para arcar com um finaciamento, por isso foi criado o Fundo Nacional de Habitação Interesse Social que visa fundamentalmente financiar este segmento. Aqui está o grande nó do por que existe tanta sub-habitação no Brasil.
O mercado imobilário tradicional só atua para quem tem renda familiar acima de 10 SM, isto significa que uma parcela significativa da população tem que atuar na auto construção ou outras formas habitacionais como cortiço, morar no fundo da casa dos pais, ocupar áreas não edificantes ou áreas públicas e etc.
Os municípios que atuam com Políticas Sociais na Habitação há mais de 20 anos conseguiram avançar na elaboração de propostas inovadoras que levaram ao surgimento de instrumentos adequados a cada faixa de renda, um dos setores de mais díficil de atuação é o setor de baixa renda que vai de 0-3 SM, pois é o que demanda uma politica municipal bem estruturada com dados desta população e orgão municipal, departamento com técnicos capazes de desenvolverem projetos técnicos de urbanização, e legislação que de suporte institucional.
Nestes municípios que tem longa atuação com políticas e instrumentos institucionais conseguiram despertar a atenção para o segmento que vai dos 5-9 SM. Este setor denominado HMP que é Habitação de Mercado Popular.
A propria Caixa Econômica tem fomentado através do PAR a produção para esta faixa de renda. Mas a grande contribuição foi através da experiência bem sucessidade de muitos projetos despertar o interesse da produção de mercado voltada para o HMP.
O ponto central para construção da forma correta de uma Política Habitacional é delimitar as faixas de renda e os vários tipos de carencias municipais que vão definir as vários segementos de atuação.
Nas regiões metropolitanas vamos encontrar um agravante na composição de custos totais e o fator preço da terra, os terrenos disponíveis atigem preços que colocam o custo final da habitação acima de 40 mil reais.
No caso Campos não temos uma Política Habitacional de acordo com o Sistema Nacional de Habitação. Temos práticas como está que não está baseada num Plano Municipal de Habitação, mas de ações isoladas.
Qual é a política habitacional de interesse social, quais são os núcleos de favela em área de risco, quais são os núcleos urbanizaveis e os não urbanizaveis?
Uma cidade do porte médio de Campos não possui uma política Habitacional no sentido de trabalhar com fortalecimento institucional, ter uma legislação municipal que respondas as demandas locais, ter corpo técnico que tenha exeriência nesta demanda e legislação para regularização.
Campos tem de definir o que é Habitação de Interesse Social e o que é Habitação de Mercado Popular para a política Habitacional do município, sem estas definições é chover no molhado.
Luiz de Pinedo."
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4 comentários:
Roberto, existe em Campos o Conselho Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo que está ao que sabemos sem presidente e não se reúne desde dezembro/2009. Se reuniram no último dia por ter direito a receber uma vultosa verba federal para construção de casas populares. A população não sabe disso e acha que essa prefeitua é boazinha. Quem está fazendo o estudo junto com o conselho é a UFF (Universidade Federal Fluminense) e responsável pelo repasse de verba é a Fenorte. Devemos saber ao certo o valor dessa verba, quantas casas serão construídas, quem vai fiscalizar e quantas casas vai abater do restante das casas prometidas. Será que tá tudo incluído no mesmo bolo??? Não sabemos.
O governo federal deveria divulgar estes fatos para toda a população. Quantas casas serão construídas em Campos com verba federal.
Estamos neste momento indignados pois estamos vendo que nada é fiscalizado, ou sequer questionado por nossos juízes, promotores, procuradores ou quem mais deveria se colocar a favor do povo e do dinheiro público, que não é lixo. Que não é também pra servir de impulso em campanha eleitoral nenhuma. Perguntamos onde está a justiça de Campos? DE que lado? Do povo ou dos que mandam?
Uma política habitacional decente, deve passar por um questionamento popular, com um órgão confiável. Alem disso precisamos de mecanismos de fiscalização em que "o molhar a mão" não aconteça. Como vamos conseguir issso se até o poder público que deveria estar a postos para denunciar e fazer valer os direitos dos cidadãos estão comprometidos?
Estamos cada dia mais descrentes de qualquer coisa que venha destas políticas públicas de enganação.
A prefeitura já anunciou que as 10 mil casas serão todas construídas com verba própria. Qualquer dinheiro liberado pelo governo federal (inclusive um montante anunciado há alguns meses no site da prefeitura) será usado para outras unidades habitacionais. Ou seja, mais de 10 mil casas populares serão construídas nos próximos anos em Campos.
Esse anônimo de 6:21 é uma graça.
Acredita em histórias da carochinha, em bicho papão, em coelhinho da páscoa e até em papai-noel.
Ninguém contou pra ele que papai noel não distribui casas populares a preço condizente c o mercado, que o coelho da páscoa tá PPPPPPPP PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP da vida c essa história de carnaval em abril e que histórias da carochinha é desculpa pra boi dormir. Ele só acertou em uma coisa: o bicho papão é muito pior do que ele imagina...
Ah, vai se catá.
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