Observação sobre a cobertura jornalística da tragédia no morro do Bumba

Ontem assisti cenas chocantes que impressionaram sobre os momentos que antecederam e outros que se seguiram, à ocorrência da tragédia, na quarta-feira, à noite, em Niterói e que foram exibidos pelo programa Fantástico da Rede Globo. São cenários e fatos que marcam quem vive e quem assiste. Porém, uma questão me deixou intrigado: como e por que a TV Globo manteve guardada por quatro dias estas imagens? Acredito que a maioria que lê este blog sabe que num emissora de TV de grande porte como a TV Globo, os jornalistas são agrupados por editorias e equipes de reportagens por programas jornalísticos. Jornal Nacional, Jornal da Globo, Fantástico, Globo Repórter, etc. Este tipo de agrupamento creio que facilite o gerenciamento e até uma "saudável" disputa entre as editorias. Até aí tudo bem, porque também se sabe que até as novelas têm seus núcleos de atores arrumados a partir do líder que é o diretor. Voltando ao caso, o que me espantou foi a segmentação, que sugere a existência de TVs diferentes, quando são apenas editorias, que no caso, conseguiu guardar, imagino que a sete chaves, as imagens que só no domingo, quatro dias depois da produção foi exibido. Assim , é possível imaginar a disputa interna sobre a possibilidade de divulgação antecipada por outros programas jornalísticos da emissora do material produzido pela equipe do Fantástico. É evidente que por trás desta questão está a disputa pelo furo de reportagem, que no caso partiu de uma matéria que mostrava os detalhes de um resgate de deslizamento de terra num morro, já com vítimas, mas de consequências delimitadas e que depois se tornou, o que hoje já sabemos: uma enorme tragédia. Para o blog o fato é mais uma demonstração da segmentação pela qual se organiza o trabalho em diferentes frentes, inclusive, e porque não, no trabalho de produção e divulgação de informação, como é o caso das equipes de jornalismo da "toda poderosa" Rede Globo. Enfim, o texto desta nota, apenas pretende problematizar e trazer ao debate mais profundamente, a realidade daquilo que nos chega como informação, pelos mais diversos intrumentos de comunicação na contemporaneidade.