segunda-feira, abril 19, 2010

Preço do carro e margem de lucro das montadoras no Brasil

O leitor Jonas Barbosa, por email remeteu uma análise sobre o preços dos carros praticados pelas montadoras no Brasil. Vale sua conferida e participação no debate: "Olá Moraes Fui apresentado a seu blog por meu irmão que mora em Campos. Resolvi enviar um email que já enviei a amigos, onde faço uma reflexção sobre uma matéria que rolou na net a respeito do preço do Honda City praticado no méxico e no Brasil. Acho que vc irá gostar das conclusões que cheguei, minha idéia é provocar uma reflexão sobre as margens de lucro praticadas no brasil e no resto do mundo. Um Abraço Jonas Barbosa do Espírito Santo jonasbes@hotmail.com. Durante a semana se comentou muito de um email que circula na net sobre o preço do Honda City vendido no México por menos da metade do preço que é vendido no Brasil, sendo que o carro é fabricado aqui e exportado para toda America Latina. No México ele sai a 206.000 Pesos ou 25.8 mil reais e na Argentina pelo equivalente a 38 mil reais (fontes abaixo). Nas rodas de amigos e na imprensa o grande culpado desse disparate é sempre o Governo com suas taxas e impostos em cascata que inflacionam o mercado nacional. Fiquei confuso com isso, pois os impostos (apesar de muito altos) não representam 80 a 90% do valor do bem, para apenas eles justificarem uma diferença tão expressiva. Em uma pequena pesquisa descobri que a carga tributária (IPI, ICMS, COFIS, etc.) que incidente nos automóveis no Brasil é de no máximo 35% de seu preço final (para carros importados) e para o Honda City é de 26,4%, no México esse imposto é de 18% (fontes abaixo). Isso representaria um preço sem impostos de 42 mil reais no Brasil e 21 mil reais no México e 32 mil reais na Argentina aproximadamente. Lembrando que na exportação desse carro para lá, os países não cobram impostos de importação devido a acordos comerciais. E para viabilizar a produção de um bem qualquer, a margem mínima de lucro deve ser de 10% sobre seu preço de venda (sem impostos) afim de pagar frete, comissão das revendas, custos indiretos, etc. Sendo assim, conclui que o custo do Honda City fabricado no Brasil tem um valor aproximado de 18,9 mil reais. Portanto, as margens de lucro praticadas pela Honda para o Honda City são aproximadamente: México 10%Argentina 69%Brasil 122% Isso mostra que alem de pagarmos os maiores impostos, também pagamos pelas maiores margens de lucro do mundo. Mantendo a mesma margem de lucro que a Honda pratica no México e a mesma taxa tributária atual do Brasil, o Honda City seria vendido no Brasil por cerca de 28mil reais. Vale lembrar que o Brasil apesar de ser o quinto maior mercado consumidor de veículos do mundo, não possui nenhuma fabrica de Automóveis. A única que tivemos (GURGEL) foi levada a falência pela política desigual de governos anteriores que favoreceu a concorrência desleal das grandes montadoras multinacionais. Negócio da China... Ops... do Brasil!!!! Um Grande Abraços a todos. Jonasjonasbes@hotmail.com; Fontes consultadas. http://carplace.virgula.uol.com.br/honda-city-brasileiro-e-lancado-no-mexico-com-preco-inicial-de-r-25-800-como-e-possivel/ http://www.honda.com.mx/honda-city/precios/http://www.icarros.com.br/noticias/mercado/brasileiro-paga-26-4--de-imposto-no-carro-zero-/7322.html/"

5 comentários:

Renato Damiano disse...

Muito interessante o post. Isso só me faz lembrar fato recente que me deixou muito irritado e com uma posição de NUNCA mais comprar um carro no Planeta H em Campos. Em Agosto passado minha esposa quis trocar o carro e queria o Honda Fit, pois bem fui ajuda-la. Na concessionária Honda não posso reclamar da vendedora, foi bem educada, mas, disse a ela que não tinha pressa do carro e podia esperar, afirmei que tinha achado o carro mais barato pela "ponte" que não muda em nada, mesmo que venha andando na estrada e não na cegonha você comprando vai andar também. Pois bem,fechado o negocio fui numa sexta feira e vi que tinha chegado bastante carro mas nem me liguei e qual é a minha surpresa quando no domingo a noite ao ver a televisão uma propaganda do planeta H com o mesmo carro por R$ 2mil mais barato, fiquei constrangido pois podia ser avisado da promoção, tentei com o Gerente de Campos e nada não se importou com isso, falei com a Gerente em Cachoeiro e foi quando aumentou ainda mais a minha revolta ao ela me dizer "Senhor Renato o que é R$ 2mil para o Senhor?" respondi a ela que nao conheço ninguém nesse mundo que acha bom perder R$ 1mil por dia, enfim, me senti um perfeito troxa e ainda me afirmou "Isso é uma Empresa e visa lucro, a gente não pode falar de promoção para cliente.". Decidi então fazer o que me tranquilizou, ja tirei de la vendas de amigos que queriam de não comprar aqui, e já foram nesse tempo 2 honda Fit, 2 civic e 1 city. Explico sempre o ocorrido e falo, vai numa agencia e encomenda ele vem com 3mil em média mais barato e pronto. Enfim, a minha revolta com a gerencia daqui e de cachoeiro ficou e ninguem tira.

Francisco disse...

Já que não se quer culpar o governo pela carga exorbitante de taxas e impostos que pagamos, não seria então próprio governo o grande culpado por permitir esta desigualdade. Como este temos vários outros produtos que possuem tamanha ou maior diferença do que o mostrado. O problema que não é o povão que compra carro e sim elége-os, então pra que se preocupar.

Anônimo disse...

Prezado Roberto,

Hoje a empresa Águas do Paraíba publicou seu balanço do exercício 2009. Alguns números chamam a nossa atenção: O lucro da empresa cresceu 187% (foi de R$5.407.458,00 para R$15.525.385,00) enquanto que a receita bruta cresceu 18% (foi de R$60.124.321,00 para R$70.983.872,00).
A margem de lucro líquido (faturamento/receita bruta) cresceu de 9% em 2008 para 22,5% em 2009.

Outro dado interessante é que a previsão com gastos em ações judiciais na esfera civil cresceu 180% (foi de R$820.700,00 para R$2.301.196,00)

Acho que não só as montadoras estão com lucros acima da média.

Um abraço

Jonas disse...

Oi Roberto,

Obrigado por postar meu comentário sobre as margens de lucro praticadas no Brasil.
Em resposta ao Francisco, gostaria de explicar que não estou aqui passando a mão no governo, muito pelo contrário, o que quis levantar é o debate sobre a participação das empresas privadas no alto custo Brasil.
Nós brasileiros temos mania de culpar o governo por tudo, quando, na verdade, o governo é apenas o espelho de nossa sociedade: ele reflete a corrupção do brasileiro, o seu senso de coletivo e suas maiores virtudes "querer levar vantagem em tudo".
Acho que devemos mudar nossa maneira de nos posicionarmos frente a essa realidade, continuar a cobrar o governo sim, mas cobrar do comerciante que sonega o ICMS, do empresário que suborna o fiscal para manter seu caixa dois, do empregador que paga o salário de seus funcionários "por fora", o que só faz a previdência ficar cada vez mais sobrecarregada e eles cada vez mais ricos, aumentando a desigualdade social e, consequentemente, a violência, a miséria, etc..
Enfim, temos que rever nossos conceitos e pré-conceitos.

Martins Pescador disse...

Carga tributária é solidariedade, distribuição de riquezas, recursos para se fazer benfeitorias sociais, melhorar atendimento público, saneamento, saúde, educação. Os empresários fazem campanhas para diminuir a carga tributária, quando o correto seria campanhas para acabar com a corrupção. O errado é roubar o dinheiro arrecadado. É isso que precisa ser combatido. Arrecadar não é errado. Arrecadar é preciso.