65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
quinta-feira, junho 10, 2010
Reminiscência da última como aperitivo da Copa que começa amanhã!
O blog traz a seus leitores mais recentes, e aos antigos apenas recorda, o texto elaborado pelo blogueiro, sobre o jogo que fechou a última Copa do Mundo. Uma homenagem ao magistral Zidane. Com ele o blog vai imprimindo um ritmo de Copa do Mundo, que neste mês vai envolvendo a tudo que a gente faz, e que não podia ser diferente aqui neste espaço:
"Zidane, o humano!"
"Desde ontem aquela cena do Zidane trouxe-me um sentimento diferente. Não sabia identificar do que se tratava. Ouvi diversos comentários sobre o fato, mas todos davam sempre uma versão, mais ou menos, parecida que no fim se traduzia na pergunta: como pode? Ou, o que faz um jogador brilhante no seu último jogo, nos últimos minutos da sua última Copa do Mundo fazer o que fez?
Esperei para ler os jornais de hoje, mas eles, mais ou menos, trouxeram as mesmas coisas: a condenação e a perplexidade. Pois então, minhas evidências se clarearam tal qual, a visão do horizonte num dia de sol após uma noite chuvosa: minha admiração por Zidane aumentou.
Calma, eu não estou aprovando sua agressão. Porém, vejo que com o seu ato impensado, Zidane prestou uma enorme colaboração ao futebol que andou nos caminhos da mediocridade neste campeonato com algumas raras exceções que inclui, de forma especial, a sua magnífica partida contra a nossa seleção.
Explico: a colaboração de Zidane foi a de lembrar que as celebridades são humanas e como tal, capazes de gestos e performances sensacionais e ao mesmo tempo, como o mais mortal dos humanos, medíocres e lamentáveis como sua cabeçada sobre o zagueiro italiano. Não me interessa saber o real motivo que tanto se especula sobre o seu gesto frio e aparentemente inconseqüente.
Com a sua atitude condenável pela violência gratuita, Zidane trouxe acompanhada do desespero com que tentou convencer o árbitro da sua inocência, a colaboração que obriga todo o planeta a lembrar que o futebol, por mais que tenha sido engolido pela mídia e pelo marketing, trata-se simplesmente, de uma competição entre humanos que trazem consigo virtudes e defeitos.
Mais cruel ainda é saber que o ex-craque receberá para o resto de sua vida, como pagamento desta sua inestimável colaboração, a lembrança deste seu último ato, como a marca de sua personalidade, o que para um ex-atleta é algo mais importante do que a recordação das suas heróicas jogadas de mestre do futebol.
Na sociedade midiática que vivemos, os símbolos e as imagens valem mais do que as intenções e as interpretações teóricas ou até metafísicas e desta forma, sua penitência será ainda mais expressiva e amarga.
Diante de tal aprendizado, não posso deixar de considerar como mesquinho, o sentimento dos irmãos brasileiros que, por acaso, ainda se deliciam com o fato pelo pueril sentimento da vingança trivial e burra como resposta à inigualável atuação do craque sobre nossa seleção.
Em nome do futebol e da sociedade, ao inverso, dos milhões, que desde ontem o crucificam, eu digo: obrigado Zidane por lembrar que o futebol, assim como a vida é jogada por humanos e não por celebridades!"
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