quarta-feira, julho 07, 2010

Leitor faz análise do Ideb das escolas campistas

O professor Philipe Abdré mandou para o blog interessante a observação sobre sua experiência no trabalho numa escola do município e sua relação com a riqueza do nosso orçamento, assim como, a contradição com o péssimo resultado deste indicador da qualidade de ensino em nosso município e em no estado. Leia abaixo a íntegra de sua observação: "Professor Roberto, Acompanho sempre seu blog e gostaria de dar uma sugestão de post. Trata-se da lista publicada pelo jornal O Dia que rankeia os IDEBs das escolas públicas do Rio de Janeiro. Pode ser visto aqui: http://odia.terra.com.br/portal/rio/fotos/10/07/06_info_escolas.pdf Ainda que toda forma de rankeamento seja parcial e sofra de deficiências em termos analíticos, acho os resultados bastante indicativos do que acontece na educação do Estado do Rio de Janeiro. Mais interessante ainda é o que acontece em Campos. Na lista das melhores escolas do 1 ao 5 ano, simplesmente não há NENHUMA escola de um dos municípios mais ricos (talvez o mais rico) do Estado: Campos. Lembremo-nos de que a educação de 1-5 ano é função municipal e, em Campos, pouquíssimas são as escolas estaduais que oferecem essa modalidade. Por outro lado, na lista das 100 piores escolas, nada mais, nada menos do que 26 escolas são de Campos. Ou seja, mais de 25% dos piores resultados do IDEB são de Campos!!! Detalhe: a escola que figura em primeiro lugar nessa lista das piores, foi meu local de trabalho de março a maio desse ano. Apesar de estar creditada como sendo escola estadual, a escola é um CIEP municipalizado. Eu trabalhava com o 2 segmento (6 ao 9 ano). Mas eu via o que acontecia lá: não havia papel para as professoras trabalharem com os alunos; era necessário quotizar papel e pagar do próprio bolso. Fora as goteiras, ausência de brinquedos e materiais auxiliares, início do ano letivo com mais de 6 (sim, SEIS) turmas sem professores, portas com cabeças de prego expostas e por aí vai. Tudo isso com uma clientela extremamente pobre e dependente não apenas de benefícios sociais, mas também de instituições. Eu ficava sempre com um pouco de pena e sensação de impotência frente a situação das crianças. Apesar de a escola, felizmente, possuir um grupo de professores e direção altamente empenhados e comprometidos, a estrutura restringia em muito qualquer tipo de ação. Mesmo no segundo segmento os problemas eram graves. Havia duas turmas de 6 ano com cerca de 38 alunos cada. Quando nós, professores do 2 segmento, questionamos à supervisão se poderiamos dividir em três turmas, recebemos a resposta de que o que determina a quantidade de alunos em turma é o TAMANHO DA SALA DE AULA. Questiono: que tipo de educação pode vir nessas condições? Claro que a atual administração irá culpar as administrações anteriores; e de toda forma não está equivocada, mas já vão para dois anos da atual administração e muita coisa já poderia ter sido feita. Para finalizar, confrontrando a lista com os discursos propagados (e, principalmente, propagandas, digo: só conhece o estado da educação do Rio de Janeiro quem nela trabalha. Sem mais, Saudações,Philipe André." PS.: Atualização às 22:16 de 9 de julho de 2010: O blog recebeu por e-mail a solicitação de espaço da supervisora Educacional da escola citada Tânia Cardoso para discordar das informações prestadas pelo professor Philipe André: "Professor Roberto,Solicito que este email seja divulgado em seu blog. Sou Supervisora Educacional da escola citada pelo professor Philipe André e gostaria que ele informasse (citando o nome) de quem ele ouviu essa informação de que o tamanho da sala de aula nesta UE é que determina a quantidade de alunos por turma. Certamente não foi de mim. A orientação da SMEC transmitida à escola por mim são até 35 alunos por turma no 2º segmento, já que a escola conta com salas de aula amplas. Lembro que nem todos os matriculados frequentam. Afirmo que em nenhum momento as turmas do 6º ano tiveram 38 alunos cada. A escola mantém em seu arquivo/2010 a listagem provisória disponibilizada aos professores, no início do ano letivo, para controle da frequência onde facilmente pode ser conferido o total de alunos que frequentavam. Grata, Tânia Cardoso."

3 comentários:

Anônimo disse...

Caro colega professor,vc tem td razão,como pode exigir qualidade se não se tem nem o básico para trabalhar.
As escolas municipais de Campos não tem nem papel para as atividades,tendo os coitados professores q se virar para usar 5(cinco) folhas por semana para cada aluno isso é um verdadeiro ABSURDO .Sem contar que não possuimos salas de aula decentes,as pessoas envolvidas com a SECRETARIA DE EDUCAÇÃO não estão nem aí para nada ,nao existe brinquedos pedagógicos esse EXPOENTE É UMA PORCARIA e etc,etc,etc,etc,etc,etc,etc,etc.....

Maria Josephina disse...

"Não há árvores más, nem maus cultivadores"....A grande polêmica é que existem muitos PROFESSORES e pouquíssimos EDUCADORES.
Parece-nos que a rotina burocrática da dita PEDAGOGIA ESCOLAR consegue sempre ao longo dos anos interferir em todo e qualquer processo sócio-educacional.
Se, e somente só,conseguirmos fazer do processo de ensino-aprendizagem uma fonte inesgotável de crescimento pessoal e social tanto dos educacandos como também dos educadores poderemos começar a falar em EXCELÊNCIA E QUALIDADE DE ENSINO FORMAL na rede de ensino particular e até mesmo nas escolas públicas.
Quanto às escolas públicas municipais em Campos dos Goytacazes-RJ podemos afirmar e comprovar que a quase total ausência de materaial básico de consumo como papel branco(chamex A4),lápis para escrita, borracha, tesourinhas sem ponta, cola branca para papel, apontador, cadernos pautados e etc...) dificulta em muito o trabalho de qualquer professor e/ou educador que exerça as atividades no magistério da rede pública municipal.
Maria Josephina
- Pedagoga -
12/JULHO/2010

Maria Josephina disse...

Com toda certeza o material de consumo como papel chamex A4, cadernos pautados para as crianças em fase inicial da alfabetização, lápis para escrita, cola branca, lápis de cor, giz de cera e hidrocor são materiais básicos para qualquer atividade em sala de aula, seja na escola particular ou pública.Como nossas escolas públicas municipais em Campos dos Goytacazes(RJ) atendem a uma demanda de crianças oriundas de famílias assalariadas faz-se necessário maior investimento de nossos gestores na aquisição desse material escolar evitando assim que nós professores não tenhamos que adquirir esse material escolar buscando recursos financeiros provenientes de nossos próprios salários e também que não seja necessários usarmos a renda obtida nas festas juninas(por exemplo) para aqdquirirmos tais materiais escolares para as unidades de ensino em que somos lotadas.
Maria Josephina
-Pedagoga-
12/JULHO/2010