65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
sexta-feira, julho 30, 2010
"O Globo virou um pasquim de quinta categoria"
Leia abaixo a entrevista feita Rachel Duarte da Rede Brasil Atual com o jornalista Luiz Nassif, sobre os blogs e a mídia digital/interativa, de onde foi tirada a afirmação que deu título a esta nota:
"Nos dias 21 e 22 de agosto, em São Paulo , acontecerá o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas. O objetivo do evento é contribuir para a democratização dos meios de comunicação e fortalecer as mídias alternativas, que vem ganhando forte espaço e credibilidade nos últimos anos.
O Jornal Brasil Atual (Rede Brasil Atual) entrevistou o introdutor do jornalismo eletrônico no país e premiado pela Academia Ibest por ter o melhor blog de política no Brasil: o jornalista Luis Nassif. Confira os melhores momentos da entrevista, editados pelo Sul 21:
Jornal Brasil Atual - Há de fato uma expansão dos blogs e da mídia chamada alternativa? Por que que mudou?
Primeiro, porque todos passaram a estar na mesma plataforma hoje (jornalões, portais,blogs). Depois, você tem a mídia tradicional ou a velha mídia, nos EUA, Europa e aqui tinha um conjunto de truques para lidar poder político, que a blogosfera começou a desmascarar. Então fazer falsos escândalos ou manipular ênfases são desconstituídas na rede. A subordinação de todos os fatos à influência dos interesses das organizações e grandes empresas donas dos jornalões e da televisão perdeu esse poder absoluto. Acabou o monopólio, até mais cedo que eu estimava. A maioria das pessoas bem informadas não tem mais seu líder, aquele que forma sua opinião.
A maioria das pessoas não quer mais ter sua opinião formada por indução de determinado veículo, eles tem acesso à Internet e querem eles próprios buscar informações e formar suas opiniões.
Jornal Brasil Atual - Parece que hoje é uma pauta só não é?
Você veja que 90% das denúncias são factóides ou denúncias falsas. E quando digo falsas quero dizer que ou não existem ou são episódios corriqueiros que são colocados como manchetes. E isso é desmontado com facilidade pela falta de consistência e em meia hora na Internet.
Jornal Brasil Atual – Você veio de longa experiência de jornal impresso, trabalho na Folha de São Paulo e saiu de lá para ter um espaço que você não estava tendo? Você já dominava a Internet?
Eu fui o primeiro da minha geração a trabalhar com Internet. Nos final dos anos 80, a empresa Dinheiro Vivo foi a primeira a trabalhar com informações online. Em 90, fomos os primeiros a trabalhar com emails, pelo sistema notes. Em 2003, fui o primeiro a trabalhar com um sistema de redes sociais, onde as pessoas discutiam políticas públicas fazendo um cadastro. Mas foi quando sai da Folha que vi na Internet um meio em expansão.
Jornal Brasil Atual - Você considera a Internet como o meio democrático então?
Totalmente. Acabou aquele negócio do repórter dono da informação. Nos jornais, o repórter entrevista alguém e volta para a redação e edita o que ele irá publicar. Nos blogs se você faz isso, os leitores estão ali para antagonizar e se você publica algo leviano eles vêm e te “descem o pau”. Então, o jornalista deixou de ser o dono e passa a ser o organizador das informações, que é o papel que tem que ser.
Quando eu comecei o blog eu pegava essas manchetes sensacionalistas e denunciava. Hoje os leitores denunciam. O que infunde hoje não é mais o temor da grande imprensa é o ridículo que elas podem passar.
O Globo é o maior exemplo de como a imprensa escrita foi abandonada pelo público. A CBN tem uma bela estrutura de rádio, o G1 é qualificado, mas o O Globo depende do impresso e virou um pasquim de quinta categoria. Porque depende do papel exclusivamente e isso não interessa mais.
Está havendo uma adequação dos veículos, como a editora Abril. A Revista Veja, por exemplo, que depende de assinaturas está ciente que isso é decadente e resolveu montar um portal para trabalhar informações diárias. Mas isto é uma coisa que eles nunca fizeram e ainda vão competir com G1 e UOL sem ter a menor vocação. Então não tem pé nem cabeça isso. A Folha é outra, mas pode ser salva pela UOL. O Jornal do Brasil acabou agora é só online. A realidade está ai."
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