O blog recebeu por e-mail, da Erika Enne, um release sobre a caminhada - expedicão científica - que a equipe do Projeto Macaé Rio Sustentável realizou, desde da nascente do Rio Macaé até a sua foz, para avaliar as condições do rio, bem como a relação das comunidades com ele.
Bacana o trabalho de pesquisa-ação. O blog como sempre se coloca à disposição de divulgar este tipo informação. É uma oportunidade de conhcermos melhor nossa região, para além dos municípios. Além disso, ampliam as chances de um trabalho em rede, integrado e mais eficiente. Parabéns à toda a equipe do projeto. Abaixo o release na íntegra:
"Quase uma hora para chegar até o início da Estrada Serramar (RJ-142) que liga os municípios de Casimiro de Abreu e Nova Friburgo. Depois, o mesmo tempo para cruzar os 60 km de rodovia. Aí, partindo de Mury, o percurso dura pouco mais de uma hora em estrada de terra até Macaé de Cima, que pertencente a Nova Friburgo e onde estão localizadas nascentes importantes para a Bacia Hidrográfica do Rio Macaé, como a do próprio rio Macaé, do rio Bonito, das Flores, do Corcovado, entre outros. A região é um santuário de nascentes, com a mata atlântica praticamente intocada e uma riquíssima diversidade de fauna e flora, sendo o local que registra o maior número de espécies de orquídeas e bromélias do estado do Rio de Janeiro, muitas em extinção ou endêmicas da floresta de Macaé de Cima.
Esse foi o percurso que os pesquisadores do projeto Macaé Rio Sustentável fizeram para chegar ao seu destino final: a Fazenda Verdun, localizada no final da estrada de Macaé de Cima, sendo a última e a maior propriedade particular de Macaé de Cima. Verdun abriga a cabeceira do rio Macaé que nasce em meio a uma floresta densa numa área montanhosa a cerca de 1.200 metros de altitude. O acesso até a nascente do rio Macaé se dá a partir de lá e só tem como ser feito por dentro do rio e com auxílio de quem conhece as trilhas da região.
Para isso, o grupo precisou do auxílio de Paulo César e Maurício, nascidos e criados em Macaé de Cima. A caminhada durou três horas de subida por dentro do rio, mas proporcionou belas paisagens de onde a natureza ainda se apresenta intacta. Na margem, enormes palmeiras, como o palmito jussara, que chega a ter 30 metros , e está extinto em outras área de floresta da mata atlântica. Hoje, sua extração é proibida, o que garante que em Macaé de Cima a espécie cresça e domine a paisagem. Paulo César conta que essa região nunca foi desmatada, por ser de difícil acesso, mas havia caça, atividade que hoje já não é mais tão intensa devido a fiscalização.
A equipe cruzou o ponto onde o Macaé recebe o rio Corcovado, que forma a Cachoeira da Prata, como chamam os moradores. Este rio nasce ali perto, no Pico do Faraó, a cerca de 1600 metros . A partir daí, pôde ver um rio estreito, raso e com água cristalina e bem fria, e coberto pela vegetação que se tornava cada vez mais densa e fechada. “O clima se torna ameno a medida em que o corpo esquenta com a caminhada. Afinal, aqui estamos em contato total com a natureza e toda a sua energia renovadora, o que faz esquecer das dificuldades de caminhar por dentro da água e sobre pedras, muitas escorregadias”, falou o coordenador do projeto João Freitas.
Ele explicou que a caminhada serviu para que os pesquisadores concluíssem a Expedição Científica Macaé Rio do Futuro, patrocinada pela Petrobras Ambiental. Iniciada em outubro do ano passado, a expedição só não foi concluída na época, pois a equipe não conseguiu chegar até essa região da nascente devido às condições do tempo. “Identificamos que há um campo de nascentes nessa região importantíssima sob o ponto de vista social e ambiental”, falou João.
A expedição foi realizada durante dez dias, quando pesquisadores foram a campo para coletar amostra de água e mata ciliar, fazer medições e entrevistas com as comunidades, no final de outubro. Esse trabalho está resultando na elaboração de um livro, filme, relatórios técnicos e um mapa georreferenciado, que já estão em fase de finalização."
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