65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
sexta-feira, julho 16, 2010
Vale a pena conhecer mais de perto o exemplo do José de Alencar
Recebi por e-mail do Renato Dantas Farias esta entrevista do nosso vice-presidente José de Alencar. Já tinho lido outras lá para trás dele, mas esta, neste momento mais difícil, é emocionante. É bacana demais. Este depoimento faz aflorar sentimentos que invariavelmente temos deixado de lado nesta luta insana do dia-a-dia. Confira. Infelizmente não tenho informações do jornalista que a fez e nem, de onde foi publicada originalmente:
"A humildade não está na pobreza, não está na indigência, na penúria, na necessidade, na nudez e nem na fome". Na semana passada, o vice-presidente da República, José Alencar, de 77 anos deu início a mais uma batalha contra o câncer. É o 11º tratamento ao qual se submete.
*Desde quando o senhor sabe que, do ponto de vista médico, sua doença é incurável?
JA - Os médicos chegaram a essa conclusão há uns dois anos e logo me contaram. E não poderia ser diferente, pois sempre pedi para estar plenamente informado. A informação me tranquiliza. Ela me dá armas para lutar. Sinto a obrigação de ser absolutamente transparente quando me refiro à doença em público. Ninguém tem nada a ver com o câncer do José Alencar, mas com o câncer do vice-presidente, sim. Um homem público com cargo eletivo não se pertence.
*O senhor costuma usar o futebol como metáfora para explicar a sua luta contra a doença. Certa vez, disse que estava ganhando de 1 a 0. De outra, que estava empatado. E, agora, qual é o placar?
JA - Olha, depois de todas as cirurgias pelas quais passei nos últimos anos, agora me sinto debilitado para viver o momento mais prazeroso de uma partida: vibrar quando faço um gol. Não tenho mais forças para subir no alambrado e festejar.
*Como a doença alterou a sua rotina?
JA - Mineiro costuma avaliaruma determinada situação dizendo que "o trem está bom ou ruim". O trem está ficando feio para o meu lado. Minha vida começou a mudar nos últimos meses. Ando cansado. O tratamento que eu fiz nos Estados Unidos me deu essa canseira. Ando um pouco e já me canso. Outro fato que mudou drasticamente minha rotina foi a colostomia (desvio do intestino para uma saída aberta na lateral da barriga, onde são colocadas bolsas plásticas), herança da última cirurgia, em julho. Faço o máximo de esforço para trabalhar normalmente. O trabalho me dá a sensação de cumprir com meu dever. Mas, às vezes, preciso de ajuda.Tenho a minha mulher, Mariza e a Jaciara (enfermeira da Presidência da República) para me auxiliarem com a colostomia. Quando, por algum motivo, elas não podem me acompanhar, recorro a outros dois enfermeiros, o Márcio e o Dirceu. Sou atendido por eles no próprio gabinete. Se estou em uma reunião, por exemplo, digo que vou ao banheiro, chamo um deles e o que tem de ser feito é feito e pronto.Sem drama nenhum.
*O senhor não passa por momentos de angústia?
JA - Você deveria me perguntar se eu sei o que é angústia. Eu lhe responderia o seguinte: desconheço esse sentimento. Nunca tive isso.Desde pequeno sou assim, e não é a doença que vai mudar isso.
*O agravamento da doença lhe trouxe algum tipo de reflexão?
JA - A doença me ensinou a ser mais humilde.Especialmente, depois da colostomia. A todo momento, peço aDeus para me conceder a graça da humildade. E Ele tem sidogeneroso comigo. Eu precisava disso em minha vida. Sempre fui um atrevido. Se não o fosse, não teria construído o que construí e não teria entrado na política.
*É penoso para o senhor praticar a humildade?
JA - Não, porque ahumildade se desenvolve naturalmente no sofrimento. Sou obrigado a me adaptar a uma realidade em que dependo de outras pessoas para executar tarefas básicas. Pouco adiantaeu ficar nervoso com determinadas limitações. Uma das lições da humildade foi perceber que existem pessoas muitomais elevadas do que eu, como os profissionais de saúde que cuidam de mim. Isso vale tanto para os médicos Paulo Hoff,Roberto Kalil, Raul Cutait e Miguel Srougi quanto para os enfermeiros e auxiliares de enfermagem anônimos que me assistem. Cheguei à conclusão de que o que eu faço profissionalmente tem menos importância do que o que eles fazem. Isso porque meu trabalho quase não tem efeito direto sobre o próximo. Pensando bem, o sofrimento é enriquecedor.
*Essa sua consideração não seria uma forma de se preparar para a morte?
JA - Provavelmente, sim.Quando eu era menino, tinha uma professora que repetia a seguinte oração: "Livrai-nos da morte repentina". O que significa isso? Significa que a morte consciente é melhor do que a repentina. Ela nos dá a oportunidade de refletir.
*O senhor tem medo damorte?
JA - Estou preparado para a morte como nunca estive nos últimos tempos. A morte para mim hoje seria um prêmio. Tornei-me uma pessoa muito melhor. Isso não significa que tenha desistido de lutar pela vida. A luta é um princípio cristão, inclusive. Vivo dia após dia de forma plena. Até porque nem o melhor médico do mundo é capaz de prever o dia da morte de seu paciente. Isso cabe a Deus, exclusivamente.
*Se recebesse a notícia de que foi curado, o que faria primeiro?
JA - Abraçaria minha esposa, Mariza e diria: "Muito obrigado por ter cuidado tãobem de mim".
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5 comentários:
Gostaria de propor aos blogs, que fizessem o antes e o depois das praças que estao sofrendo reforma em Campos e postacem em seus respectivos blogs, para a população verificar se é coerente o valor da obra com a obra em si.
Grato.
Gostaria de propor aos blogs ( eu também) que fizessemos o quanto antes uma avaliação depois deste tão edificante testemunho do irmão Alencar para vermos se há uma reforma em nossos corações e após postagens em blogs sermos avaliados para sabermos se é coerente o que dizemos com o que somos realmente.
Depois de um testemunho deste... não deveríamos mudar de assunto, não? Ou estamos muito cauterizados?
Afinal, vale a pena conhecer mais de perto o exemplo de José de Alencar.
Infelizmente é nesta hora que podemos avaliar o amadurecimento de um indivíduo,neste caso não por acaso um Vice-Presidente da República, para que seu calvário possa servir de alerta a todos nós, sobre os princípios do Cristianismo, especialmente a humildade.
Prof. Roberto, fantástico esse depoimento. Um exemplo para todos.
Eu também coloquei essa entrevista lá no Blog do Luis Felipe Muniz.
Abraço e bom fim de semana a todos.
A luta desse homem é um exemplo de vida.
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