65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
sexta-feira, setembro 10, 2010
Riscos da ciberbalcanização da internet
Há pouco tempo este blog falou aqui de alguns riscos que o uso frequente e intenso da internet traz, como a fragmentação das ideias, e a dificuldade de concentração, em contrapartida ao aumento da capacidade e da velocidade da troca de informações.
Pois bem, no último final de semana, o antropólogo Hermano Vianna, em artigo, no Segundo Caderno, de O Globo, levantou outro risco: o de que os "microguetos" que a internet possibilita de acharmos na grande rede, reforçaria os riscos de, ao encontrarmos facilmente "pessoas que pensam como nós, que têm os mesmos interesses, por mais específicos que sejam", nós acabemos por refoçar o radicalismo, dentro de entendimento que "mentes parecidas unem e dividem".
"Quando estamos entre iguais a tendência é que radicalizemos cada vez mais nossas opiniões comuns, perdendo diálogo com quem pensa diferente. O próximo passo é ignorar o diferente, ou tentar exterminá-lo. Todo mundo deve ter percebido algo assim no ar nos tempos atuais. Mesmo nas áreas mais banais." Exatamente a isto, o autor chama de riscos da ciberbalcanização da internet para a democracia.
Como a ideia é exatamente oposta daquela que frenquentemente este blog aqui defendia, de que a internet e a facilidade do uso do instrumento da rede, trariam para o aumento do debate e da tolerância, absorvendo, ou pelo menos, compreendendo, e analisando as ideias contrárias, é que o blog, espantado, resolveu trazer, também para este espaço, o debate, sabendo que tratar-se de uma tese complexa e de conteúdo profundo, mas que nem por isso, pode passar batido.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
8 comentários:
Roberto,
Como Analista de Sistemas e usuário frequente da internet, minha opinião é que há os 2 lados da moeda: um de que essas "comunidades" abrem a cabeça das pessoas, através da obtenção de conhecimentos mais aprofundados em determinados assuntos, facilitando assim um maior discernimento, e outro que seria o aumento da radicalidade e da intolerância. Acho que como em tudo na vida, isso varia de acordo com a personalidade de cada indivíduo que atua nessas comunidades.
A internet é a forma mais linda de todos saberem de tudo e poderem escolher o melhor. Uns escolhem o pior, sabemos disso. Mas como o que é bom para todos é bem mais ameno, e podemos espalhar isso, sem a proibição em forma de leis disso e daquilo, então estaremos diante de uma coisa ótima: TODOS SABEREM DE TUDO.
E que todos os que se juntarem se juntem em prol da VIDA e jamais da morte. Seja de gente, seja de animais. Pois a favor da morte já está em tudo mesmo. Tudo. Mas a Vida é proibida, sabia?
Né, não, Roberto?
E que bom que você abre espaço para as discussões. Isso é ótimo.
Essa de ignorar os diferentes e tentar experminá-lo nada tem a ver co Vida. Né, não?
Esse risco, caro Professor, não é um fenômeno adstrito a internet.
Há exemplos de grupos políticos qque se "balcanizaram", e o PT de Campos é um exemplo claro de que essa possibilidade é recorrente na chamada "vida política orgânica, ou não virtual".
Há outro viés desconsiderado na análise: o estreitamento não se dá apenas por buscarmos os iguais, pois se assim fosse, os setores hegemônicos da sociedade brasileira atual, que apóiam nosso governo, poderiam ser enquadrados como uma maioria sectária, e não penso que seja assim.
O que determina a a radicalização desses "guetos", sejam virtuais ou orgânicos, é a impossibilidade de contar com ferramentas de interação e intervenção política, ou seja, na medida que sua ação diminui o efeito sobre ambiente no qual estão inseridas, esses "organismos" se retraem, em busca de meios de sobrevivência frente ao que consideram uma ameaça hostil.
Abandonam a possibilidade de diálogo, pois esse não traz mais resultados.
Logo, a responsabilidade de tratar desse problema é uma via de mão dupla.
Se esses grupos têm que enxergar um "caminho de volta", quem detém a hegemonia também é responsável pela abertura desse "caminho".
O problema do Hermano é querer simplificar os conceitos para "veicular" uma "tese" sobre um tema tão em voga, como a internet.
Ressalvadas as devidas proporções do ambiente(a interatividade e conectividade instantânea), os conflitos da vida virtual não sao tão diferentes da vida "real" como pretendem os "especialistas".
Fica a pergunta para o debate:
É possível, hoje, detreminar onde começa a vida "real" e a vida virtual?
Um abraço.
Douglas diz:
"Se há uma trajetória de sectarização de grupos de opinião, que podem formular conceitos que ataquem, fisicamente, inclusive, os valores da convivência social, é urgente determinar uma interlocução com esses grupos, um caminho de volta, para que esse conflito não extrapole a instância conceitual e deixe de poder ser regulado e normatizado em novos paradigmas dessa convivência social.
Mais uma vez, cabem aos verdadeiros democratas a tarefa de estabelecer diálogo com quem não acredita nele. Não por medo ou subserviência, mas por pragmatismo democrático, haja vista que é nesse ambiente que tornarmos possível a realização daquilo que sonhamos: Um mundo melhor!"
Desculpa eu falar sobre Jesus mas a Verdade é essa, haja vista o mundo ser movido pelo espiritual.
Um mundo melhor não é possível sem Jesus Cristo. Está provado isso. Até os cristãos que vivem sem Jesus são de vida complexa e sem vitória, o que dirá das pessoas que vão contra Jesus. Todos os que vão contra os princípios cristãos rodam rodam rodam e nem conseguem avisar nada. Sabe por quê? Porque falam de acordo com o que imaginam e compreendem das relações do dia a dia. Mas com Jesus é diferente. O Espírito Santo encaminha as coisas e se o Cristão for humilde e buscar o Espírito Santo, Ele ensina tudo e avisa tudo para honrar Sua Palavra.
Santo Agostinho dizia que o homem não sossega enquanto não for completado por Cristo. Há um vazio. E o homem dá cabeçada aqui e ali.
A interlocução tem que ser entre todos e não só entre grupos. O Sectarismo está sendo confrontado e estamos vivendo o tempo de novos paradigmas. Sim, de nos descobrirmos irmãos porque temos Um Deus Pai.
Ninguém está ligado no pragmatismo e nem na subserviência e muito menos no medo. Estamos sendo levantados como aqueles que irão abrir caminhos de diálogos de uns para com os outros, não importa os grupos. E isso independe de redes de internet, independe de blogs ou de midia. Será apesar disso tudo.
Enquanto houver gente andando, buscando uns aos outros, enquanto houver gente de coração aberto orando uns pelos outros, enquanto houver gente que procura o outro como gente seu igual, e querendo dar a esse a certeza de que ele é tão importante quanto qualquer outro, para Deus, enquanto houver pessoas desprendidas de si mesmas e de suas idéias egoistas, haverá quebra de paradigmas, pois é no ambiente de respeito de uns para com os outros que poderemos chegar pelo menos ao diálogo e tudo de bom que sonhamos está justamente fora deste mundo cheio de mentiras, jeitinhos, pragmatismo interesseiro e rude.
O mundo nada tem de bom. O mundo odeia Deus. E se odeia Deus odeia as pessoas que amam a Deus. Nos saberemos cheios de Vida realmente quando nos soubermos vazios de nós mesmos.E fora deste mundo. E isso, só em Cristo. Com ou sem internet, blog, etc, etc.
Quando Deus quer fazer Ele faz e pronto. E Deus quer fazer algo em Campos, Rio de Janeiro e Brasil. E, que bom, que o que Ele quer fazer é cheio de misericórdia, amor, perdão, diálogo, e vida realmente abundante e não jargão para atrair gente para si ou seu grupo sectário..
o que é ciberbalcanização?
Ciberbalcanização é a fragamentação em pequenos grupos (espécie de guetos) que a internet estaria ajudando a criar com os grupos e redes de temas e assuntos específicos e de interesse comum com pouca interação entre eles.
Há visões diferentes desta do Hermano Viana.
Uma delas é a visão tomista do professor Manuel Castells.
Veja o artigo "O impacto da internet na sociedade: uma perspectiva global".
https://www.bbvaopenmind.com/wp-content/uploads/2014/03/BBVA-Comunicaci%C3%B3n-Cultura-Manuel-Castells-El-impacto-de-internet-en-la-sociedad-una-perspectiva-global.pdf
Eu comentei sobre ele hoje em meu perfil no facebook:
https://www.facebook.com/Paginaoei?fref=nf
Pretendo até amanhã publicar no blog uma breve resenha sobre este texto aqui no blog. Vamos ver se terei tempo.
Postar um comentário