65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
quinta-feira, outubro 28, 2010
O diabo do mercado!
O repórter da TV Globo, Roberto Burneir, enviado especial à Argentina, para acompanhar o velório do ex-presidente Nestor Kirchner, acaba de repassar no Jornal da Globo, uma explicação para o aumento hoje de 26% no valor das ações das empresas argentinas na Bolsa de Nova York: com a morte do ex-presidente e também marido da atual presidente “haverá uma descentralização da economia que era controlada pelo Nestor Kirchner”.
Pode até ser verdadeira a explicação, mas acima de tudo ela é cretina, não apenas, pelo pragmatismo de seus resultados em favo dos seus beneficiários, quanto pelo absurdo da sua divulgação. Este é o troco de quem passou a ser visto como adversário Nº 1 desta mídia comercial e diabólica.
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4 comentários:
A Globo não respeita nada!
Com a versão da história da bolinha de papel, nunca mais será respeitada.
Como um peso que se divide entre muitas mãos, a dor que se compartilha também se faz mais leve. Ou se converte em fortaleza. Assim está escrito em cada lajota da Plaza de Mayo e na história argentina, desde que um grupo de mulheres converteu sua dor em movimento e conseguiu dar nome ao que estava destinado ao silêncio: o desaparecimento de seus filhos. Assim voltaram a escrever com sua presença e com mensagens gravadas em “pilot” sobre papel, em flores penduradas às barreiras policiais, em abraços repetidos e intermináveis, dezenas de milhares de pessoas que não quiseram estar sozinhas com a dor da morte do ex-presidente Néstor Kirchner.
Ninguém podia precisar como convocação, quem havia marcado a hora, o que iria acontecer ali, diante da Casa Rosada às oito da noite. Mas a mensagem correu por telefones e computadores, de boca em boca, a meio caminho entre o sofrimento e um otimismo militante e inorgânico que indicava que era necesario ir para a rua, tomar a rua, ocupar a praça. Dor pela morte inesperada de um homem ao qual, segundo as diferentes vozes, se deve desde o fim das leis de impunidade sobre os perpetradores do terrorismo de Estado até o “direito à aposentadoria”. E otimismo, sim, porque “o processo que começou em 2003 –dizia Gastón Gonçalves, sob a bandeira da HIJOS (“Hijos por la Identidad y la Justicia contra el Olvido y el Silencio”, uma organização que quer a punição dos torturadores ) – já não depende só se uma pessoa”. Ou porque “agora mais que nunca a Presidenta (Cristina Kirchner) vai saber que não está só, que estamos aqui, os trabalhadores para cuidar dela”, como argumentava Jacinto Vila, um homem que levava a bandeira do Sindicato de Canillitas.”
Estes dois parágrafos são do belo texto da repórter Marta Dillon, descrevendo a homenagem dos argentinos, ontem, na Praça de Maio, ao ex-presidente Néstor Kirchner, que você pode continuar a ler aqui, no jornal argentino Página12.
Aí em cima, as imagens tristes, mas fortes, do povo argentino cantando, ali, o seu hino, para homenagear o homem que retirou a Argentina da vergonha e da quebradeira em que a ditadura e o neoliberalismo lançaram.
Como um peso que se divide entre muitas mãos, a dor que se compartilha também se faz mais leve. Ou se converte em fortaleza. Assim está escrito em cada lajota da Plaza de Mayo e na história argentina, desde que um grupo de mulheres converteu sua dor em movimento e conseguiu dar nome ao que estava destinado ao silêncio: o desaparecimento de seus filhos. Assim voltaram a escrever com sua presença e com mensagens gravadas em “pilot” sobre papel, em flores penduradas às barreiras policiais, em abraços repetidos e intermináveis, dezenas de milhares de pessoas que não quiseram estar sozinhas com a dor da morte do ex-presidente Néstor Kirchner.
Ninguém podia precisar como convocação, quem havia marcado a hora, o que iria acontecer ali, diante da Casa Rosada às oito da noite. Mas a mensagem correu por telefones e computadores, de boca em boca, a meio caminho entre o sofrimento e um otimismo militante e inorgânico que indicava que era necesario ir para a rua, tomar a rua, ocupar a praça. Dor pela morte inesperada de um homem ao qual, segundo as diferentes vozes, se deve desde o fim das leis de impunidade sobre os perpetradores do terrorismo de Estado até o “direito à aposentadoria”. E otimismo, sim, porque “o processo que começou em 2003 –dizia Gastón Gonçalves, sob a bandeira da HIJOS (“Hijos por la Identidad y la Justicia contra el Olvido y el Silencio”, uma organização que quer a punição dos torturadores ) – já não depende só se uma pessoa”. Ou porque “agora mais que nunca a Presidenta (Cristina Kirchner) vai saber que não está só, que estamos aqui, os trabalhadores para cuidar dela”, como argumentava Jacinto Vila, um homem que levava a bandeira do Sindicato de Canillitas.”
Estes dois parágrafos são do belo texto da repórter Marta Dillon,
O que não dá pra aceitar é a pauta apresentada – por exemplo – pelo “Jornal da Globo”: será que Cristina dá conta de governar, sem o marido?
É de um machismo tão fora de época que a gente fica até com preguiça de discutir. Cristina não é “apenas” a “esposa” de Kirchner. Isabelita era “apenas” esposa de Peron nos anos 70. Os tempos eram outros. E deu no que deu – Isabelita (era a vice do marido e, com a morte de Perón, assumiu o poder) foi uma presidenta fraca, que abriu caminho pra ditadura.
Cristina, não! Ela militou ao lado de Nestor, contra a ditadura. Tem vida própria, luz própria. O marido tinha liderança e isso ninguém contesta, mas querer reduzir Cristina ao papel de “esposa”, ou agora “viúva”, é quase inacreditável.
Por que falo disso agora? Porque vários leitores relatam que , no telemarketing do mal aqui no Brasil, há um novo telefonema na praça. Uma voz – feminina - pergunta ao cidadão incauto: ”será que a Dilma dá conta, sem o Lula?”
O machismo é o mesmo – contra Dilma e Cristina. E eu me pergunto: em que século vivem os marqueteiros do mal e os editores do “Jornal da Globo”?
Dilma não precisou segurar na mão do Lula quando – aos 17 ou 18 anos – foi pra clandestinidade lutar contra a ditadura. Dilma não precisou do apoio de Lula quando esteve presa, nem quando resistiu aos toturadores.
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