quarta-feira, março 02, 2011

Segurança no lazer

Os dois últimos acidentes em trios elétricos com vítimas fatais, nas duas últimas semanas, acenderam a luz mais uma vez, de que prevenção deve ser sinônimo de planejamento. O primeiro acidente, no Rio de Janeiro, um fiação mais baixa que o normal, no trajeto do trio elétrico, provocou a queda de uma pessoa que não foi preventivamente avisada do risco durante o percurso. O segundo, neste último final de semana, em Minas Gerais, um caso menos provável (mas não tanto), uma serpentina de papel metálico produziu um curto-circuito entre a instalação aérea de alta tensão da empresa distribuidora de energia elétrica e a parte metálica do trio que levou à morte de 15 foliões indefesos. Só o fato da existência da rede de alta tensão já deveria ser objeto de maiores cuidados. Verdade, que, em sã consciência, poucos poderiam admitir que uma fita de papel pudesse transmitir um corrente elétrica capaz, de além de provocar choque elétrico, levar à queimaduras nas partes do corpo atingidas pela corrente elétrica. Poucas pessoas sabem, mas, não precisava de alta tensão (13.800 volts) para produzir um estrago nas pessoas que estavam em contato entre a parte que acidentalmente foi energizada e o chão. O fato das pessoas estarem suadas (antes um pouco do acidente tinham sido) refrescadas com porções de água jogadas de caminhões-pipas, aliada ao fato de, muito provavelmente estarem descalças, permitiram que com a baixa resistência elétrica, elas fossem veículos através de seus corpos de uma grande corrente elétrica, atravessando o corpo que é efetivamente o que produz o choque e suas conseqüências. As consequências de um choque elétrico vão evoluindo do formigamento, para contrações musculares, parada respiratória e depois parada cardíaca, aliada às queimaduras, nas áreas que ficaram em contato entre a parte energizada e a terra. Há na literatura de segurança do trabalho uma história que virou símbolo de uma senhora na Inglaterra que atingida pela corrente elétrica do seu telefone (na época, com apenas 45 volts em corrente contínua) mas imersa e deitada numa banheira, com água e sais minerais, que geravam alta condutividade, que aliada á baixa resistência pela alta umidade e grande área de contato levou a óbito a senhora, por um simples e aparentemente inofensivo, choque elétrico. Mais uma vez, o caso serve de paradigma. Assim como nos ambientes de trabalho, infelizmente, as atitudes prevencionistas costumam ser mais bem entendidas e absorvidas depois da porta arrombada. No caso do lazer e com a aproximação da maior festa popular de nosso país, o Carnaval, seria prudente que com o uso de tantos trios elétricos, os cuidados e o planejamento de seus desfiles sejam precedidos de análises e medidas preventivas. As populações de nossos municípios merecem este tipo de atitude de quem tem a obrigação de zelar pela sua proteção, segurança e saúde, que, por sua vez, precisa fazer a sua parte, ajudando e não resistindo, às exigências feitas normalmente pela Defesa Civil.

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