Talvez a época não seja (ou seja) propícia ao comentário/crítica que o blogueiro vai fazer. O blog respeita com ardor os diferentes credos com toda sua vontade e erros que, involuntariamente, pode cometer.
Outra preliminar para explicar o comentário: o blogueiro tem feito viagens semanais ao Rio e frequentemente viaja só, o que permite usar e abusar, de algo que gosta: ouvir as rádios locais durante o trajeto das viagens.
Por mais simples que sejam as transmissões, elas permitem um mergulho, mesmo que raso, na cultura local e nas questões que este tipo de comunicação usa com o seu público, tratando de temas, problemas e interesses, normalmente, bem representativos destas comunidades.
Assim, nestes rádios automotivos que fazem a varredura das transmissões alcançadas, o mesmo se posicionou numa emissora macaense, FM, que não recordo a freqüência, que apresentava um programa de final de tarde, em que um apresentador se intitulava também como “pastor desmancha trabalhos”.
Em meios há muitos telefonemas, o auto-intitulado “desmancha trabalhos” dos “ouvintes” da cidade sede da emissora e de outras cidades vizinhas, o "desmancha trabalhos" ouvia os problemas de deficientes físicos, de pessoas de ambos os sexos com problemas de relações conjugais e outras doenças do corpo e da alma, que ele, invariavelmente, atribuía como causa a “trabalhos” feitos por inimigos contra o(a) interlocutor(a).
À medida que o(a) interlocutor(a) descrevia o seu drama, o “desmancha trabalhos” ia induzindo o(a) mesmo(a) a compreender que só através de algo em sentido inverso, aliado a mais uma proteção de uma “rosa verde” da esperança, que o interlocutor(a) poderia pegar, pessoalmente, com ele no estúdio, ou em sua igreja, seria possível se livrar do problema e ter uma nova e feliz vida.
Diante da alegação da impossibilidade da presença de alguns dos interlocutores, por conta das dificuldades de locomoção e outras, o “desmancha trabalhos” argumentava que parentes e amigos poderiam, diretamente com ele, ter uma solução e que neste caso seria importante trazer uma escova de dentes e uma vela para purificar e proteger o(a) interlocutor(a) não apenas do problema presente, mas o de todos os problemas que viessem a ter daí por diante.
O número de telefonemas e os variados problemas podem supor o uso de falsos interlocutores, mas pode também identificar, a quantidade de pessoas manipuladas, pelo mecanismo fácil de promessa usada pelo “desmancha trabalhos”.
O blog acredita que o respeito à fé alheia e ao direito constitucional do exercício das mesmas, não pode prescindir do controle e regulação da exploração das pessoas, em condições digamos que de vulnerabilidade.
Mais impressionante é ainda ver o uso indiscriminado que se permite fazer de um importante instrumento de comunicação como uma rádio para este tipo de prática.
O blog reconhece a dificuldade que é a de identificar até onde se estende um direito e surge o dever da sociedade, para agir através dos seus representantes no governo e/ou mesmo do estado brasileiro.
É possível que seja no meio deste espaço, digamos que meio gelatinoso, que “concessões” como esta ainda sejam permitidas de forma que a própria sociedade possa separar uma coisa de outra.
De toda a sorte, a viagem ficou mais curta e rápida com as reflexões que agora o blog reparte com os seus colaboradores de forma a provocá-los ao debate.
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