Ao Cine Araújo

Enviei ao Cine Araújo, creio que vale reverberar por aqui: "Conhecedor dos cinemas Araújo, frequentados pelo subscrevente na Capital, foi com grande alegria que recebi a notícia de que Campos, há muito preterida no cenário cinematográfico, contaria com salas da empresa, sabidas de qualidade e renome. Predicados verificados no bom atendimento, boa qualidade da projeção, climatização, boa ambientação acústica, conforto das poltronas e, sobretudo, escolha prévia de lugares marcados. Qual não foi minha surpresa saber em conversa com amigos que, por decisão da administradora do Cine Araújo recém inaugurado no Shopping Boulevard Campos, os lugares marcados haviam sido revogados por inadequação do povo campista à prática já deflagrada em todos os grandes cinemas, bem como em toda rede Araújo. Prática essa que denota conforto, praticidade e organização, que permite que ingressos sejam comprados com antecedência, que a fila não seja uma corrida necessária à escolha de bons lugares, que lugares não fiquem vagos desnecessariamente, que oportunize a grupos de pessoas sentarem-se juntos, que possibilite até mesmo que se desista de assistir a um filme, por não concordância com maus lugares ou que se tenha que sentar no corredor. Não sei se tal medida foi tomada com anuência da rede Araújo. Em caso afirmativo, talvez desconheça a matriz o fado do empresariado campista ao fracasso e à tacanhice, quase uma inclicação nata à balbúrdia. Uma pesquisa de campo talvez revelasse o ocaso histórico do segmento cinematográfico em Campos. Mercado existe, mas sempre inexistiu visão e perspectiva empresarial de prestação de um serviço diferenciado. O Cine Araújo Campos deu a largada a sua adequação ao amadorismo, ao tacanho e ao medíocre: velhos conhecidos dos consumidores de cinemas campistas e que ocasionaram, numa invariável histórica, o fracasso. Tomem providência! Eduquem! Att., Bruno Lindolfo Gomes."

*Houve pequena confusão na comparação feita, uma vez que o paradigma da capital é o Severiano Ribeiro, da Rede Kinoplex e não Araújo. As observações, no entanto, permanecem intactas por se tratarem de cinemas de boa e similar qualidade. Para além do comentário enviado à administradora do Cine Araújo e uma possível resposta que será aqui replicada, talvez caiba uma resposta também da sociedade campista: demonstrar algum mínimo senso de civilidade, organização e educação. Tato público e adequação a convenções e normas coletivo-sociais nos permitirão conseguir sentar em lugares pré-marcados. É como pegar o ônibus da 1001, escolhendo nossa poltrona na telinha e viajando para o Rio pagando nossa passagem exorbitante, mais uma sintomatologia de nossa incapacidade organizacional e desagregação social. Em pouco tempo estaremos aprendendo a não parar carros nos canteiros da BR para frequentar o Shopping, ou sobre calçadas. Mais adiante em nossa escalada darwinista estaremos aptos a contestar um orçamento bilionário que nos franqueia tão pouco. Aí, talvez, estaremos igualmente aptos a tornar Rosinha, Garotinho, Arnaldo, Mocaiber passados do nosso paleozóico presente. Afora isso, o que tem pra hoje no cardápio do neanthertal campista é porrada no cinema, Rosinha prefeita, jardins de 14 milhões e Folha da Manhã. Saúde e boa antropofagia para todos nós!