“Professor Roberto Moraes
1. Como cidadão, como professor e como dirigente da Universidade Federal Fluminense, reitero minha total solidariedade à sua postura e à do seu blog, bem como a todos os blogs ameaçados por posturas de cerceamento à liberdade de manifestação pública e democrática de opinião e de manifestação dos pontos de vista sobre assuntos de relevância pública. Seu blog nunca extrapolou os limites da ética, da coerência, da liberdade e da postura democráticas, o que infelizmente não podemos dizer da grande imprensa, marcada pela parcialidade e pelo alinhamento com os poderosos de sempre e os de plantão, auto-censurados com respeito a manifestações isentas sobre assuntos de relevância pública e, não satisfeitos, voltados para censurar manifestações perfeitamente afinadas com a ética e com a liberdade de manifestação de opinião.
2. Como cidadão, como professor e como dirigente da Universidade Federal Fluminense, informo que estive, nesta semana que se encerra, de 23 a 27 de maio, em um Congresso fora de Campos, apresentando trabalhos acadêmicos frutos das minhas pesquisas e em reunião na UFF/Niterói, só tendo retornado às minhas atividades ontem, sexta-feira, quando retornei a Campos e busquei me inteirar do incidente acontecido entre um empresário de Campos e estudantes manifestantes em defesa da segurança e da vida, direitos humanos primeiros, maiores, elementares. Ao me inteirar dos fatos, estou preparando um pronunciamento público sobre o assunto na página da internet da UFF/Campos www.proac.uff.br/campos/ . No entanto, faço um apelo, através do seu blog, aos demais dirigentes das instituições de ensino superior de Campos, públicas e não-públicas, para que se pronunciem em defesa da segurança e da vida dos nossos alunos, ameaçados pela insegurança que ronda seus trajetos diários de ida e volta entra suas residências e as escolas onde constroem seu futuro pessoal e profissional. Além das manifestações individuais, conclamo os colegas a marcar uma reunião conjunta, para um encaminhamento conjunto junto às autoridades no sentido de buscar ações permanentes de proteção e segurança. As autoridade policiais e político-administrativas do município têm sido sensíveis, em meio às dificuldades de contingente, materiais e de equipamentos. Mas, temos que encontrar uma solução conjunta inovadora, que torne possível tal segurança e proteção permanentes dos nossos jovens estudantes.
Atenciosamente
José Luis Vianna da Cruz
Diretor do PUCG/UFF.”
PS.: Atualizado às 17:14: Alterado o título a partir de sugestão da leitora Gabriella.
13 comentários:
O Centro Acadêmico de Geografia do IFF Campos/RJ, agradece o apoio do Diretor da UFF Campos pelo apoio!
Estudantes e instituições unidas para juntos buscarmos soluções. IFF e UFF Campos já se posicionaram, resta agora as demais instituições de ensino superior a UENF...ISEPAM...CANDIDO MENDES...UNIVERSO...ESTÁCIO...ISECENSA...Só lembrando que a nova manifestação dos estudantes está marcada para a próxima segunda-feira às 19horas saindo do IF-Fluminense Campus Campos-Centro.
Acho que você pecou ao dizer que o Diretor José Luiz se manifestou acerca do "tumulto na Pelinca", deveria ter dito acerca da "Manifestação na Pelinca", a não ser que o senhor faça coro aos que acreditam que Manifestação Estudantil é sinônimo de "tumulto" e "baderna".
Embora o que tenha ocorrido na Pelinca tenha descambado pro "tumulto", fica muito claro ao ler a carta do diretor da UFF que ele se dirigiu ao que realmente interessava: "dar mais voz à manifestação, ou tentativa de manifestação, feita pelos estudantes. Já que a carta não é pautada a respeito de qualquer desentendimento que tenha ocorrido naquele dia.
Cara Gabriella,
Agradeço pela sua observação que determinou minha adequação no título.
Você tem razão que o título do jeito que estava "Diretor do Pólo da UFF em Campos, envia manifestação sobre o tumulto na Pelinca" levava a esta interpretação da qual não comungo.
Evitei repetir a palavra manifestação e acabei levando a uma interpretação diferente, que também concordo seria um "pecado".
Além de tudo, com sua observação, a gente tem mais uma oportunidade de mostrar como se faz um blog, com a colaboração de mais pessoas, que, de leitore(a)s se transformam em colaboradore(a)s. Por isto, esta ferramenta é poderosa, quando adequadamente trabalhada, a favor da informação e do debate.
Outra observação importante que aproveito para registrar, sempre que faço alterações nas notas já postadas faço o devido registro no pé da nota com o horário desta.
Sds.
Os germes da intolerância!
"Convívio social pressupõe regras, tolerância e respeito pelo outro. Não é o que assistimos em nossa cidade, em duas situações onde o que prevaleceu foi a incapacidade de enxergar limite no exercício daquilo que cada parte considerava seu direito.
A corrosão do tecido social e das formas pacíficas de relacionamento são efeitos da individualização exagerada desses nossos tempos, da espetacularização dos conflitos e da banalização da violência, misturada com a histórica visão que distorce a clássica noção de que todos são iguais perante a lei(embora a cada qual, de forma isonômica, seja dado tratamento proporcional a sua condição)em uma configuração onde alguns são "mais iguais que outros".
É nesse caldo de cultura onde estamos cultivando nossos germes da intolerância.
Manifestação e livre reunião em espaços públicos são garantias constitucionais, mas o seu exercício pressupõe certos requisitos para que não se instale desordem urbana, nem prejuízo de terceiros não envolvidos nos protestos.
É devida a comunicação ao policiamento ostensivo e aos órgãos de trânsito para definição de espaço, e interdição de vias. Não há como relativizar essa regra. Sobrepor nossa causa ao interesse coletivo, por imposição, é tão violento como os atos de violência contra os quais se protestava."
(http://planicielamacenta.blogspot.com/)
Muito lúcido e esclarecedor o texto.
É verdade Victor. Este texto do Douglas está muito bom. Vale a leitura na íntegra.
Muito bom o texto!!! Mas, sou estudante e estava na manifestação. Tenho certeza que se o burguês fosse atropelado e espancado por um estudante, o mesmo estaria agora talvez na cadeia.
A PM quase tudo viu e nada fez vendo as agressões do agressor já constatado nos videos. Ouvimos muitas coisas na Delegacia um PM dizendo: "Eu, não prendo mais ninguém. Quero viver tranquilo com a minha família".
Ouvimos de um Policial Civil: "Se vcs fizerem o BO, não poderam passar num concurso público". ABSURDOOOOOOOOOOOO!!!!
Que políciamento é este que temos em Campos. Corrompida pela elite poderosa????
REFLITAM POIS A COMPLEXIDADE DO PROBLEMA NÃO SE RESUMI NO NÃO PEDIR APOIO PARA TAL MANIFESTAÇÃO.
Victor, você consegue imaginar uma razão para alguém jogar um carro contra um pedestre desarmado, que não oferece nenhuma ameaça a alguém dentro de um veículo motorizado? Você acha que mesmo que tivesse havido a quebra de uma regra ou lei, justifica-se o uso de uma máquina motorizada contra um corpo desprotegido de alguém a pé?
José Luis Vianna
Enquanto a Policia de Campos fica na impunidade da violência urbana. Aumenta-se o número de policiais para reprimir o MST em SJB. Estes PM's deveriam estar trabalhando aqui a favor dos campistas, mas o Estado Prefere proteger a região do Porto do Açu servindo ao poderoso X da questão. Agora, digam: Isso não é CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS? Não é sempre os mais poderosos da elite que mandam e desmandam? Acorda Campos!!!
José Luiz,
Como você, também não presenciei a "manifestação", porém com sua indagação, que quer fazer parecer haver apenas UM "inocente pedestre", não foi o que vi na 1ª inserção da matéria televisiva. Para imaginar o ato do condutor, poderia discorrer, no campo filosófico/literário, as definições de Platão, Foucault, Lacan, Nietzsche, Descartes, Pardal Mallet, Gilles Deleuze, entre outros, ou recorrer a Fisiologia, mas prefiro utilizar o aprendizado primário da Lei da Física, onde, "para toda ação há uma reação". Ora, digno professor, "...mesmo que tivesse havido a quebra de uma regra ou lei...", no ato foram quebradas todas as regras ou leis, e onde inexistem, instala-se a BADERNA (para alguns "manifestação", 'tumulto"), e neste ambiente não há distinção de lados. Vivemos em uma Democracia, apesar daqueles que querem nos impingir uma "Democratura"; conseguida a muita dor e sofrimento, e fico perplexo quando observo entidades apoiarem a transgressão as leis, uma vez que nem para nos socorrermos, podemos afirmar que as desconhecemos. O ato do condutor deve ser punido exemplarmente, assim como, os atos dos estudantes, vítima somos nós, sociedade, que acordamos cedo, vamos para a labuta, tentamos ou pensamos construir um ambiente mais justo e nos deparamos com estas situações. Por fim, aos meus filhos, um inclusive universitário, passo que não existem mais esses discursos falidos e deprimentes de "elite", "burguesia", "playboyzada", para que não se tornem "zumbis woodstochianos", existem cidadãos com direitos e deveres, que exigem e merecem RESPEITO.
Victor Frias
Fala do estudante da manifestação:
Veja, não pedimos a "autorização" para tal manifestação, se é isso que a ELITE, A BURGUESIA, A PLAYBOYZADA alienada campista quer se embasar, para defender o empresário.
Nosso direito: É o de se Manifestar
Nosso dever: Comunicar a manifestação a polícia.
Diante do contexto da manifestação ocorrida:
Para o agressor: Que a justiça seja "justa" e não favorecedora dos mais poderosos financeiramente. O cidadão "Sandro Moura" atropelou sim! Espancou sim o estudante! Nada justifica isso. Ou justifica?
Agora quem começou a baderna o tumulto foi sim o burguês "filhinho de papai". Se ele estivesse totalmente certo não teria espancado o cinegrafista da TV. Só faltam dizer que o cinegrafista tinha que comunicar a Policia tb sobre a filmagem.
Foram sim cenas de violência urbana contra os estudantes, contra um trabalhador e qualquer um que aparecesse na reta do AGRESSOR DA BURGUESIA CAMPISTA.
Victor, apesar de tudo isso que você disse duvido que haja algum juiz que aceitaria a justificativa de um atentado contra a vida (atropelamnto) em resposta a uma manifestação a favor da vida (passeata em defesa de alunos que têm sido ameaçados inclusive de estupro, como as alunas da UFF, à mão armada). Lamento, não há meio termo nisso. Ou se está a favor da vida e de métodos pacíficos, de não -agressão, ou se acha que uma agressão desigual (carro contra corpo) pode ser justificada por um stress ou uma corrida para salvar um dinheiro. Entre vida, estado de ânimo e dinheiro, não há equivalência. Vou sempre achar que nada justifica um atentado contra a vida de alguém se sua vida não estiver em risco (estudante desarmado contra motorista portador de um veículo metálico).
José Luiz,
Para encerrar, digo-lhe que também sou contra qualquer tipo de agressão, seja ela qual for. O antagonismo reside em justificar o injustificável, no seu entendimento, de que bloquear vias públicas, impedir o direito de ir e vir das pessoas, não é uma forma de agressão e classificá-lo como métodos pacíficos, de não agressão. No caso concreto houve agressão mútua. Entendo que qualquer manifestação é legítima, desde que, preencham os requisitos legais e formais, para além, é baderna, pândega. Também lamento, não há meio termo nisso. Quanto à seara jurídica, respeito a sua convicção, mas teses são teses, deixemos com os causídicos. Espero professor, nunca passar por tal situação, pois do gentleman pode emergir sentimentos e reações das mais primitivas.
Cordiais Saudações
Victor Frias
Bom, como o texto que gerou a polêmica é de minha lavra, permitam-me o pitaco, embora só hoje tenha lido sua reprodução parcial por aqui:
Caro José Luiz, respeito sua indignação, mas veja que no texto NUNCA justifiquei o procedimento do "empresário", e fui até bem duro, veja que a chamada é: síndrome de tarzinha(físico de tarzan e cérebro de galinha).
Lá no texto, também disse que a "overdose de testosterona" turvou sentidos em um cérebro pouco habituado ao convívio e uma noção de harmonia social.
Mas o José Luiz não deve ter tempo para ler asneiras escritas por um semi-letrado, e portanto resolveu atribuir ao texto defeitos que ele não tinha, ainda que por vias transversas no debate com o Vitor.
Claro que o Vitor pinçou a parte do argumento que melhor encaixava em sua tese. E o José Luiz, por sua vez, retrucou os pedaços de argumentos que o Vítor usou do texto, mas ambos mantiveram-se sem considerá-lo por inteiro, e aí, todos se igualaram.
Mas nisso, eles não foram muito diferente de nenhum dos outros debatedores, que por motivos óbvios pretendem argumentar que a imposição de uma agenda (nesse caso manifestação) sobre o interesse de ir e vir dos outros, ou a agressão do empresário são merecedoras, cada qual a seu jeito, de um repúdio menor.
Claro que a cena o carro avançando sobre manifestantes é chocante, e uma reação tresloucada e desproporcional, mas dizer que não houve um conflito entre interesses distintos que provocou tal reação é deixar de enxergar o quadro todo, e assim, perder a oportunidade de aprender com os erros de todos e enfim, evitar sua reprodução futura.
Impedir o ir e vir é tão grave que merece, inclusive, proteção constitucional de habeas corpus.
Sagrado também o direito de manifestação, mas que deve se submeter a regra do direito maior(ir e vir) e portanto, necessita, imprescindivelmente, de prévia autorização e organização.
Afinal, se querem paz, e a paz não é só uma bela palavra, mas o exercício regular de direitos e deveres, têm que dar o exemplo. Paz não é só ausência de criminalidade violenta, mas principalmente o respeito mútuo ao estamento normativo do Estado.
Pelo menos isso é que está nas "orelhas dos livros que não li".
De um jeito ou de outro, é da noção de impunidade (de estar acima e fora do alcance da lei) que nasce a delinqüência que ameaça os alunos. Logo...
Mas, por derradeiro, repito, a atitude do "tarzinha" foi injustificável, mas compreensível nos dias de hoje, quando até os estudantes das mais belas academias entendem que seus direitos (por mais nobres que sejam) estão acima de todos os demais.
Um abraço à todos.
PS: Em tempo, paz(aliás, paz parece com aquelas passeatas da orla da zona sul, típica da classe média, gente "não diferenciada") não se consegue apenas com policiamento, tipo guarda pretoriana, para proteger o patrimônio dos mais afortunados. É um processo bem mais complexo, que poderia ser alvo de um estudo menos histérico de geógrafos, cientistas sociais, economistas, etc, etc.
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