O blog já havia levantado questões sobre o tema que pode ser lido aqui, quando apresentou a estatística dos inscritos no concurso da Petrobras.
O blog percebe ao acompanhar esta discussão que a intensidade que a questão é levantada e repetida, algumas vezes, quase como um mantra, que ela pode ter uma relação com interesses privados na educação (veja venda/incorporação de universidades e a presença de bancos e investidores neste segmento) que acaba por se unir àqueles que desejam o famoso “exército de reserva” para limitar os gastos com mão de obra em seus investimentos.
É inegável que o boom da economia e as obras de infra-estrutura e logística fruto do crescimento, de forma especial da classe C, gera crescentes demandas a qual não estávamos mais acostumados, mas, ainda assim, é discutível este chamado apagão, especialmente para profissionais de nível superior e médio técnico (com exceção de algumas especializações por região).
Nesta linha, o MEC percebendo este incremento pela contratação e formação de técnicos de nível médio tomou a decisão de ampliar o números de campi dos IFs na rede federal, ampliar o apoio às redes estaduais de Educação Profissional e Tecnológica e ainda, lançar de forma semelhante ao Sisu o apoio à ampliação das matrículas da Rede “S” e nas escolas técnicas particulares.
O caso é relativamente diferente para as profissões/funções em que a exigência é do fundamental com qualificação básica cujo histórico está relacionado à formação no próprio trabalho (on job). Neste caso, a demanda “morna” durante décadas diminuiu este processo que agora precisa ser ampliado, porém, há que se considerar que estamos longe disto que estão chamando de apagão.
Como exemplo interessante pode-se trazer à tona a experiência relatada pelo presidente do IBGE na coluna da Mirian Leitão (sim, ela mesmo) em O Globo:
“Eduardo Nunes presidente do IBGE contou uma notícia animadora. Ele disse que foi fácil contratar os 191 mil recenseadores. Que muitos trabalharam para ajudar a pagar seus estudos universitários. Num país em que as empresas estão reclamando de apagão de talentos, ele disse que teve a experiência contrária:
— Eu tenho dúvidas sobre esse apagão, por experiência própria, porque contratamos 191 mil recenseadores e mais 30 mil supervisores. Acho que a falta de mão de obra é mais uma questão local do que nacional. Recrutamos pessoas inteligentes, extremamente bem preparadas, bem educadas, interessadas no trabalho e sem oportunidade”.
3 comentários:
Conheço diversos empresários aqui em Campos, e todos, exatamente todos, os que tenho visto reclamar de falta de mão de obra, pagam salários péssimos. Ainda assim, conseguem mão de obra muito melhor do que o salário que pagam.
Falta mão de obra, principalmente, para empresários exploradores, os que procuram pagar salários mais justos e tratam seus empregados com dignidade, esses têm muito menos problemas disso.
As empresas querem pagar 2 mil reais a um profissional com mestrado. É melhor ficar na boquinha da prefeitura.
Discordo que há falta de profissionais qualificados. Graduei-me em engenharia química pela UFRJ no mês de fevereiro, possuo inglês fluente (com proficiência certificada pela Universidade de Michigan através do ECPE) e não possuo restrições no que concerne o horário e a localização do trabalho (podendo ser do Oiapoque ao Chuí ou até mesmo no exterior). Entretanto, até o momento não encontrei uma colocação no mercado. Já fiz inúmeros cadastros em diversas empresas, especialmente nas do setor de petróleo e gás (onde é exaustivamente veiculado que faltam profissionais), mas até o momento não obtive sucesso.
Como os empresários têm divulgado frequentemente na mídia que há escassez de profissionais qualificados, gostaria que eles fossem mais precisos, divulgando a localização de tais vagas ociosas. Também gostaria que os empresários dessem mais oportunidades a jovens recém-formados, afinal somente teremos experiência se nos for dada a primeira oportunidade.
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