O blog está falando sobre a explicação resumida que consta de um documento oficial, o Rima do Comperj, sobre os motivos que levaram a Petrobras fazer a escolha por Itaboraí, em detrimento de Campos e Itaguaí. O blogueiro não quer retomar a discussão que à época se envolveu mais diretamente, e anterior, à conformação que ganhou ganhando o empreendimento do Açu.
O blog entende, que a simples leitura deste resumo dos pontos positivos e negativos de uma das três opções (Itaguaí, Campos e Itaboraí), dá para perceber, sem precisar de muitos conhecimentos técnicos, como as opções, são essencialmente políticas, no melhor sentido que isto possa ter, e não o inverso como se tenta passar nos dias atuais.
Nesta linha, a falta de condições de saneamento e pessoal, qualificado, que para muitos seria um empecilho, para a atração do empreendimento, se transforma, segundo a ótica desejada, num ponto positivo, já que com a instalação do empreendimento, se criará condições de reverter os problemas atuais de saneamento (água e esgoto) e de qualificação da população.
Neste caso, observe que está dito que a opção da localização em Campos foi descartada, acredite, que foi considerado problema a proximidade aos campos de petróleo (a matéria prima do Comperj) e “impactos negativos sobre os melhores cultivos de cana-de-açúcar”.
Para o blog este trecho do Rima, do Comperj, deveria ser guardado e debatido como objeto de estudo nas universidades que discutem planejamento e desenvolvimento. Se o assunto não lhe interessa, passe para outra nota, mas o blog vai publicar este resumo na íntegra sem cortes ou acréscimos. Os grifos são do blog:
“Foram realizados estudos dos aspectos técnicos, econômicos, ambientais e sociais dos estados e municípios, para avaliar a viabilidade do empreendimento ao longo dos anos.
O Estado do Rio de Janeiro apresentou as melhores condições para a implantação do COMPERJ devido:
- à proximidade com a Bacia de Campos, que fornecerá matéria-prima;
- ao acesso fácil ao maior mercado consumidor de produtos da segunda geração, formado por São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro;
- à disponibilidade de infra-estrutura adequada, representada pelos terminais portuários, pela malha rodoviária e ferroviária;
- proximidade de diversas universidades, inclusive do Centro de Pesquisa Leopoldo Miguez de Mello – CENPES, responsável pelo aperfeiçoamento de grande parte das tecnologias que serão empregadas no empreendimento.
O COMPERJ processará 150 mil barris por dia de petróleo pesado do campo de exploração de Marlim, produzido na Bacia de Campos. A utilização dessa matéria prima não convencional para a produção de petroquímicos mostrou-se uma alternativa tecnológica, econômica e ambientalmente viável, inédita e desenvolvida no país.
Em 2005, partindo-se da escolha do Rio de Janeiro, foram, primeiramente, préavaliadas diferentes alternativas locacionais:
Duas em Itaguaí, uma em Itaboraí, uma em Cachoeiras de Macacu,uma em São Gonçalo, duas em Campos dos Goytacazes.
Desta pré-seleção foram selecionadas três alternativas: Itaguaí, Itaboraí e Campos dos Goytacazes.
A avaliação tomou como premissa uma área de terreno superior a 11 quilômetros quadrados, mínimo indispensável para acomodar o complexo.
A área total para o complexo incluiu uma região para projetos de revegetação e recuperação ambiental de forma a proteger as comunidades próximas ao COMPERJ.
As avaliações contaram com visitas técnicas, entrevistas e levantamentos de informações. Foram consideradas ainda questões relativas a liberações de gases, fornecimento de água, efluentes, passivos ambientais e existência de áreas protegidas.
O estudo contemplou, dessa forma, informações básicas sobre os meios físicos,biológico e socioeconômico de cada local, avaliando a inserção do projeto em cada contexto regional e consolidando os aspectos associados à sua implantação, permitindo a análise da sua viabilidade ambiental em cada local específico.
As três áreas analisadas estão assinaladas na figura a seguir: Norte Fluminense (Campos/Travessão), Itaguai e Itaboraí.
Opção Itaguaí
No caso de Itaguaí, apesar da proximidade ao Porto de Sepetiba, tiveram que ser considerados:
- presença de empreendimentos já instalados e em implantação (pelo menos duas grandes usinas siderúrgicas nos próximos anos);
- previsão de crescimento urbano, por conta dos investimentos associados ao porto;
- saturação iminente da bacia aérea por poluentes atmosféricos;
- restrições geotécnicas;
- considerações jurídicas do processo de licenciamento nessa localização.
Assim sendo, foi descartada a alternativa Itaguaí.
Em relação ao Norte Fluminense, as maiores desvantagens são:
- problemas geofísicos;
- impactos negativos sobre os melhores cultivos de cana de açúcar;
- dificuldades e custos de implantação de um terminal portuário;
- distância em relação aos grandes centros consumidores.
- A proximidade aos campos de petróleo para o crescimento da economia regional foi superada pelas desvantagens apontadas, levando ao abandono desta alternativa.
Acrescenta-se também que a i m p l a n t a ç ã o d o c o m p l e x o e m Campos/Travessão conflitaria com uma fronteira econômica tradicional de cana-de-açúcar, interferindo com o plano de extensão e reativação do álcool na região (etanol).
Do ponto de vista logístico, as alternativas Itaguaí e Itaboraí eram as que possuíam a melhor viabilidade, devido à malha portuária e rodoviária existente, e a proximidade aos mercados consumidores de São Paulo, principal centro urbano-industrial do País.
Em termos ambientais, as alternativas de Campos/Travessão e Itaboraí também mostraram-se viáveis. Apenas Itaguaí apresentou restrições relacionadas à qualidade do ar, que impossibilitariam, inclusive, a expansão do empreendimento.
Itaboraí foi considerada a localização mais adequada por:
- possuir área modificada em processo de degradação, sem grandes restrições geotécnicas, que poderiam acolher o empreendimento sem maiores danos ambientais;
- esta área não possui concentração de poluentes no ar, pois o seu relevo e correntes do vento contribuem para a dispersão, minimizando impactos diretos e indiretos na qualidade do ar;
- existência de tubos para abastecimento e escoamento de produtos;
- a histórica carência da água na região foi identificada como oportunidade para que o empreendimento contribua para a construção de soluções técnicas e políticas para o bem comum;
- dispor de infra-estrutura logística adequada, a ser potencializada pelo Arco Metropolitano;
- proximidade com outras petroquímicas;
- possuir área disponível para uma já prevista expansão do Complexo;
- apresentar um caráter estratégico para a recuperação da economia da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e da sua porção leste em particular;
- dispor de mão-de-obra carente de oportunidades, e que será capacitada para inserção no empreendimento e nas empresas que surgirão.”
Um comentário:
Conversa para boi dormir. Todo mundo sabe que Lula disse em alto e bom tom que não traria para cá por causa de Garotinho. Vamos combinar, acreditar numa explicação dessa é o mesmo que acreditar em papai noel.
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