Alertado pela minha filha Nina, que sabe do meu interesse sobre o assunto, um texto do jornalista, Bernardo Esteves, na Folha de São Paulo, resumido e adaptado para uso num concurso vestibular, fui vasculhar a rede e encontrei-o no seu formato integral que pode ser lido aqui. Ou, na versão resumida abaixo:
"A Internet no banco dos réus"
"Há tempos você não encara um livro de mais de 500 páginas. Na Internet, evita artigos longos e, quando decide ler um, carrega na barra de rolagem e pula longos blocos de texto. É incapaz de manter a concentração por mais de dois parágrafos.
Interrompe a leitura para visitar alguma das outras janelas em que está navegando simultaneamente. Antes de prosseguir, checa seu e-mail, vai ver um vídeo que recebeu de um amigo, responde a um SMS que chegou pelo celular e confere as últimas atualizações das pessoas que acompanha no Twitter ou no Facebook.
A cena é típica entre usuários intensivos da Internet. Desatenção e falta de foco são o custo cognitivo da imersão prolongada em um ambiente dispersivo como o da web — um grande “ecossistema de tecnologias da interrupção”, na definição do blogueiro canadense Cory Doctorow. Mas pode sair bem mais salgada a conta a se pagar pela nossa adoção irreversível da Internet, na avaliação do jornalista americano Nicholas Carr.
Em seu último livro, ele argumenta que a rede está mudando — para pior — a forma como pensamos e a própria estrutura e funcionamento do nosso cérebro. Para ele, estamos nos tornando leitores desconcentrados e pensadores rasos, incapazes de articular raciocínios complexos.
Um trabalho de 2003 realizado por uma dupla de pesquisadores da Universidade Cornell avaliou o desempenho de estudantes após assistirem a uma conferência. Alunos que puderam consultar seus laptops e navegar na Internet durante a palestra tiveram nota pior que a daqueles que não puderam abrir seus computadores.
Outros estudos avaliaram o desempenho de alunos em um teste de compreensão de um mesmo texto apresentado ora em versão linear, ora em formato hipertextual, com links, imagens e recursos de multimídia. A performance dos alunos que leram o texto corrido era significativamente melhor — a nota era inversamente proporcional ao número de links do texto.
ESTEVES, Bernardo. A Internet no banco dos réus. Folha de São Paulo. São Paulo, 27 mar. 2011. Caderno Ilustríssima. p. 8. Adaptado.”
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