Entrevista:
1) Qual será o seu principal objetivo à frente da Fenorte?
Fazer a Fenorte finalmente ser a Fenorte. Desde 2002, a Fundação tem como missão institucional atuar como uma agência de desenvolvimento que possa ser o principal braço do governo do Estado do Rio de Janeiro nas regiões Norte, Noroeste e Lagos. Meu objetivo é trabalhar intensamente para que isto saia do papel. Quero lembrar que a Fenorte é o único órgão do Governo que tem sede fora da região metropolitana. A Uenf, que tem sede em Campos tem autonomia política e é o que consideramos como órgão de estado. 2) É a primeira vez que alguém ligado diretamente à UENF assume a Fenorte. Que sinergias poderão ser feitas com a UENF e demais instituições de ensino e pesquisa da região?
É preciso reafirmar que a Fenorte não é a Uenf. A contribuição da Fenorte para a implantação da Uenf, com toda a controvérsia que suscitou à época, acabou oficialmente em outubro de 2001. No entanto, nesta Fenorte para valer que queremos construir, cabe totalmente a ideia de aproximação com o meio acadêmico. Penso que a contribuição da Fenorte estará justamente na criação de mecanismos ou instrumentos que reforcem a cooperação entre as instituições e destas com o governo em projetos de interesse público. E acho que a presença de um cidadão familiarizado com o ambiente acadêmico pode, sim, facilitar muito este processo.
3) Esteve em cogitação a absorção da Fenorte pela UENF. A ideia não prosperou. A sua chegada à presidência da Fundação tem este objetivo?
Sempre fui favorável à incorporação da Fenorte pela UENF. Esclareço que não fui nomeado com a missão de extinguir a Fenorte, mas se for para continuar com o tipo de política dos últimos dez anos, a Fenorte não terá razão defensável para existir. Nossa proposta é fazer a Fenorte existir como instituição pública relevante, mobilizar o seu corpo técnico, catalisar energias e potencialidades em benefício do interesse público da região.
4) Quais são as ações que a Fenorte hoje está desenvolvendo?
Ainda estou me informando, mas é certo que a Fenorte vem sendo esvaziada nos últimos anos. Não conheço em detalhes os projetos que estão sendo desenvolvidos, mas pelo que vejo a Biofábrica não foi terminada, o Laboratório de Cerâmica Vermelha está parado, o programa de bolsas (financiado pela Faperj) foi extinto, e o estúdio de TV não sei como está sendo administrado. Alem disso, tem vários outros projetos que precisamos avaliar a pertinência de recriação.
5) Como você julga que a Fenorte deve atuar? Tem algum modelo de referência?
Penso que a Fenorte deve atuar em sintonia muito fina com a Faperj, que fomenta o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado, e com o parque de ciência e tecnologia instalado na região. A UENF, o IFF e a UFF têm construído uma trajetória muito interessante de cooperação, que a meu ver é preciso reforçar e ampliar, abrangendo inclusive as instituições de ensino superior comunitárias ou da rede privada. O papel da Fenorte há de ser o de aglutinar as potencialidades existentes e fazê-las convergir em projetos específicos de interesse regional. Espero ser o elo entre a produção da Academia e os municípios de nossa região. É claro que o meio acadêmico é um exemplo, mas a articulação que se espera da Fenorte não se esgota aí. Quanto ao modelo de referência, em grande medida queremos mesmo construir uma experiência nova; mas não estamos inventando a roda. Um exemplo inspirador, bem perto de nós, é a Agência de Desenvolvimento em Redes do Espírito Santo, cuja missão envolve a articulação de parcerias e condições para implementação de projetos prioritários para o governo.
6) Percebe-se que numa época em que diversos projetos de desenvolvimento para a região estão andamento, o governo do estado tem sido pouco presente. A Fenorte pode ajudar a mudar este quadro?
Reafirmo: ou a Fenorte é parte importante para ajudar a mudar esse quadro, ou ela não tem razão de existir. Mas não tenho ilusões de que seja uma tarefa simples. Esse negócio de atuar na interface entre diferentes instituições ou órgãos é sabidamente complicado, porque cada ente tem as suas próprias prioridades. Isto acontece até mesmo entre entes de uma mesma instância governamental. As universidades, por exemplo, estão aí fundamentalmente para formar recursos humanos e desenvolver pesquisas e ações de extensão. Como sensibilizá-las para projetos que, embora não estejam estritamente dentro desse escopo, possam receber delas uma colaboração fundamental? Uma coisa é todo mundo dizer que apoia esta ou aquela iniciativa, outra é participar efetivamente de ações que não estejam no centro da sua pauta habitual. Portanto não é fácil, não existe varinha de condão. Na minha visão, o que há por fazer é uma espécie de artesanato institucional ou interinstitucional, uma construção delicada, que exige habilidade, consome energias, esforços, demanda paciência, tudo isso. Mas se der certo, vamos dar um salto na qualidade das políticas públicas implementadas na região. Se queremos mudar o estado de coisas, temos que arriscar. Aliás, há um Plano de Desenvolvimento Sustentável das regiões Norte e Noroeste Fluminense recentemente lançado na Assembleia Legislativa pela Secretaria de Planejamento e Gestão (SEPLAG), e ajudar na sua implementação é um dos desafios da Fenorte.
7) Você assume formalmente na próxima segunda-feira, mas já fez uma primeira reunião com os funcionários. Qual o saldo para o planejamento?
O que percebi é a vontade maior dos funcionários da Fenorte em atuar naquilo que possa colaborar com o desenvolvimento da nossa região. O planejamento vai ser montado com base no que temos de projetos já confeccionados por estes funcionários e por demandas das prefeituras, universidades e outras organizações regionais. 8) A Fenorte e Tecnorte têm uma estrutura de cargos e funções que poderiam ser mais bem aproveitadas, não? Que estrutura é esta? Há pressões para nomeação? Quais critérios você usará para montar a equipe para atender aos objetivos?
A Fenorte é a mantenedora do Tecnorte. Tem uma estrutura de pessoal muito boa, em torno de 120 funcionários muito bem qualificados e que querem trabalhar. Tem uma estrutura de cargos que devem ser preenchidos naquilo que é o propósito da Fundação, prioritariamente com funcionários de carreira. Obviamente vamos buscar outros profissionais, com diferentes expertises para se juntar a nós nesta empreitada. O que afirmo é que os cargos serão preenchidos por profissionais que tenham formação e experiência para tocar as demandas da fundação.
9) A indicação para a função é política, naturalmente. Como vê esta questão e quais as suas posições? Filiação partidária está nos seus planos?
Ouço muito que pela primeira vez a Fenorte terá um técnico na sua condução. Não é verdade, a Fenorte terá um pesquisador que também é político. Não acredito na máxima ‘politico é político e técnico é técnico’. Isso não existe, o político precisa ser técnico e vice-versa. Não tem como funcionar se assim não for. O governador Sérgio Cabral, que me nomeou, e o secretário Alexandre Cardoso, que dirige a Secretaria de Ciência e Tecnologia (SECT), à qual a Fenorte está subordinada, entendem bem o meu pensamento. Agradeço ainda ao deputado Roberto Henriques pelo apoio na indicação. Não sou filiado a partido político e não tenho esta pretensão no momento. Não descarto no futuro. Nunca fiz planos para vir para Campos, para ser um feliz cidadão campista, para ser reitor ou para ser presidente da Fenorte, nunca pedi isso a ninguém. Então...vamos esperar o futuro!
10 comentários:
Excelente escolha do Governador. Parabens Roberto Henriques pela sugestão. Agora é deixar o Almy trabalhar. O cara é bom. Será que a revistinha (aquela que ta ganhando para não falar da prefeitura) vai atras dele e deixar o Silvério trabalhar. Viva o Pedlowiski, ele conseguiu tudo.
Almy fez muito pela UENF e acredito, fará muito pela FENORTE. Parabéns professor Almy !
Agora a Fenorte busca dias melhores. O ar que respiramos nos corredores já se encontra mais puro. É hora de arregaçar as mangas e buscar parcerias em prol do desenvolvimento de nossa região e não do bolso de alguns que a usaram.
Um túmulo apropriado para o faraó do bandeijão...
Vc. se engana! Aí é que vem mais munição para "revistinha"! Afinal, ela não inventa, ou inventa?
inventa e aumenta. Porque ela não fala da prefeitura. Porque escondeu a telhado de vidro?
Parabéns ao Roberto Henriqques pela indicação! Realmente esse é um deputado de verdade.
Almy foi meu professor na UENF e digo que ele é muito capacitado, organizado e ama aquela instituição.
Acho que agora a FENORTE anda em passos largos do desenvolvimento!
Eu fico com o Chacal,realmente em Campos quando tem unanimidade tem que tomar cuidado.Não botaram um politico mas um tecnico, so que nos quadros da propria UENF tinha pessoas mais qualificadas e melhores.
RHagar, o Pêndulo...a única verdade que existe no deputado é o fato de que ele já foi vice do macabro, depois eleito com apoio do napô da lapa, e agora namora com cabralzinho ADA (amigo dos amigos)...
Grande indicação do deputado, quem sabe o faraó não faz um bandeijão na fenorte...???
coitado desse tal de fabrício, o que as pessoas não tem que fazer para arrumar um caraminguá...
putz, santa puxassaquice, Batman...
Torço para que Almy faça renascer a Fenorte, mas para começar tem que tirar todos essas indicações que lá estão nos cargos comissionados e que participavam das negociações anteriores. Se não na mudou. Nós funcionários esperamos o Diário Oficial dos próximos dias para o bem da Fenorte.
Postar um comentário