O caso do doping do nadador Cielo apontou apenas um detalhe de um problema que pode ser mais amplo: o crescimento do setor de produção e comercialização de remédios manipulados por encomenda direta.
Longe do blog, ao inverso, defender os grandes grupos farmacêuticos, multinacionais, com grandes interesses e margens altíssimas de lucros e interferências de poder.
Porém, de outro lado, há que se considerar que a expansão, com controle limitado da vigilância sanitária e outros órgãos de regulação, das farmácias de manipulação que usam sais e substâncias com pouca fiscalização, mão-de-obra pouco treinada e, via de regra, com baixa remuneração é um baita problema a ser avaliado.
Além da exposição a que submetem trabalhadore(a)s sem, ou com baixa proteção, a hormônios e outras substâncias de conseqüências pouco avaliadas, a questão da manipulação própria traz muitos outros problemas.
Além dos trabalhadores do setor, o outro lado, como o do Cielo (tenha ou não ele razão nas suas justificativas), a qualidade do produto (remédio) que é entregue deveria ser algo de maior preocupação por parte nossa, na condição de clientes.
Imagine que cada um de nós, ao escolher um ponto deste de comércio, está entregando, o seu bem mais precioso, a saúde, à confiança de uma farmácia, que muitas vezes não conhecemos, para ser detentora deste nosso valioso patrimônio.
Perceba bem, que não se trata de uma padaria, uma lanchonete, uma loja de roupas, ou sapato. A escolha de uma farmácia de manipulação para os remédios prescritos pelos médicos de nossa confiança é, ou deveria ser, algo bem mais cuidadoso de nossa parte.
Há uma historinha antiga que circula pela cidade sobre a questão que cabe bem ser contada para esclarecer o tamanho do problema.
Um médico cuidadoso e atento ao tratamento dos seus clientes, que não indica nenhuma farmácia específica, por ver na prática, uma abusiva invasão de direito, diz que costuma periodicamente testar o zelo das farmácias de manipulação do município onde atua profissionalmente.
Para isto, prescreve uma substância com sal inexistente e chuta lá um nome com aqueles prefixos e sufixos e emite para todas elas, o pedido como se fosse um cliente.
Segundo o mesmo, por mais de uma vez, pelo menos duas delas teria conseguido aviar a receita sem questionamentos sobre o sal inexistente, produzindo algo que o médico sequer pode imaginar o que poderia ser.
As demais, mais cuidadosas, teriam feito contato com o médico pedindo que ele esclarecesse o pedido, a descrição dos sais, demonstrando o cuidado que se espera de um setor importante para a saúde da população de uma cidade.
O blog não deve e não tem nenhum interesse em lançar o pânico e muito menos acusação sobre quem quer que seja. A historinha pode até não ser verídica, quem garante? Porém, o blog, julga conveniente e oportuno alertar para que todos nós passemos a ter mais cuidado no plano individual ao fazer a escolha deste fornecedor de remédio particular.
Pelo lado coletivo, nós cidadãos, temos o dever de exigir que as autoridades ampliem o controle que lhes cabem, para que a nossa saúde não seja prejudicada, de onde se espera exatamente o inverso: a possibilidade de recuperação e restabelecimento.
Um comentário:
Professor, não tenho nenhum conhecimento de causa. Mas uma coisa sempre me deixou intrigado: Por que farmácias de manipulação não vendem anticoncepcionais? Arrisco uma resposta, se falhar não suportariam o peso dos processos e indenizações...Será?
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