Os municípios carecem de profissionais técnicos e de um organismo que normalmente são institutos que pensem e planejem, que realizem diagnósticos, análises e prospecções para o futuro.
As cidades são locais de encontros. As cidades precisam ser pensadas sob a ótica de reduzir as desigualdades, de preservar as identidades e as diferenças; de garantir a mobilidade das pessoas, a inclusão social e o desenvolvimento humano e cultural; o direito ao trabalho e ao lazer. As cidades precisam propiciar o encontro das diferenças.
Nesta ótica, uma cidade deve ter o seu planejamento evitando a velha divisão centro-periferia, aonde a especulação imobiliária vai expulsando as pessoas de menor renda, para as áreas de menor valorização patrimonial. Assim, as áreas especiais de interesse social (AEIS) podem garantir a “boa mistura”.
Os projetos habitacionais se usarem os mecanismos de financiamento do “Minha Casa, Minha Vida” do governo federal poderão ser potencializados e ampliados, e não deveria estar sendo construído apenas nas periferias, e em grandes conjuntos habitacionais. Há hoje, alternativas que deveriam estar sendo pensadas junto com a população e lideranças comunitárias, em projetos melhores, mais humanos e ainda com menor custo.
Para os que já habitam os bairros e distritos mais afastados, o direito ao acesso às áreas mais centrais deve ser um direito, por isso, a mobilidade e acessibilidade urbana precisam pontuar os projetos.
Equipamentos para a prática esportiva e cultural precisam ser espalhados pelas áreas e bairros mais adensados, especialmente para uso e atendimento dos adolescentes, jovens e idosos que são sedentos destes espaços e dispõem de mais tempo para estas práticas.
Com recursos e uma boa gestão tudo isto é viável, num planejamento, não apenas de curto prazo, em que a eleição de dois em dois anos seja o horizonte de retorno. O planejamento de médio prazo interessa ao cidadão e deve ser uma política de estado e não de governos.
É nesta linha que uma proposta a ser analisada na área de planejamento urbano, para além da estrutura de técnicos no próprio corpo de servidores da prefeitura, é dos editais de projetos de intervenção urbana, segundo a linha geral de intervenção e reforma urbana, que evite as obras pontuais e desconectadas que se vê governo após governo no município de Campos.
É antiga a proposta já desenvolvida em muitas capitais e cidades de porte médio, em que a prefeitura define as áreas e os objetos de intervenção e abre concursos para que profissionais inscrevam suas propostas que depois de escolhidas, por bancas especializadas, em audiências públicas e transparentes, serão objetos de execução sob a gestão dos próprios projetistas.
Campos possui hoje três boas escolas de formação em Arquitetura e Urbanismo: no IFF, Fafic e no Isecensa. Bons profissionais já vêem sendo formados com discussões sobre a questão urbanística e com potencial de desenvolvimento de projetos de planejamento urbano que podem ter nos poderes públicos da região um interessante espaço de atuação. Há que se dar espaço para que todo este potencial seja utilizado, porque senão, de que vale ser hoje, uma cidade com 30 mil universitários e com tantas demandas, se não as aproveitamos, ao inverso, exportamos continuamente.
Nesta ótica, o blog publica abaixo, como exemplo, alguns dos 19 projetos dos alunos formados, no semestre passado, no curso de Arquitetura e Urbanismo do IFF. Eles reforçam a potencialidade aqui registrada e para o qual se insiste na abertura de espaços. O blog aproveita para parabenizar o IFF, os professores e alunos do curso, não apenas os citados nos projetos elencados, escolhidos de forma quase aleatória, pela qualidade dos trabalhos. E continuemos o debate sobre planejamento urbano. Cliquem nas imagens para vê-las em tamanho maior.
1) Plano Municipal de Mobilidade por Transporte Público Urbano para Campos. Projeto de Rodrigo da Mota Carvalho. Orientado Luiz de Pinedo;
2) Proposta de Revitalização intervenção urbana na Lagoa do Vigário em Guarus. De autoria de Cleide Paes Barreto – Melaine Sarzi;
3) Projeto de um espaço para um novo Centro de Cultura Musical em Campos. Autor: Cristiano Sampaio; Orientação de: Luiz de Pinedo;
4) Projeto de um Museu de Arte. Autora: Thalita Moreira. Orientador: José Luiz Puglia;
5) Proposta da criação de uma Escola de Cinema no Solar do Airizes. Autoria: Patrícia S. Peres. Orientadora: Silvana Castro.
6) Ante Projeto de Conservação, Área de Lazer e Prática de Esportes nas margens do Rio Ururaí. Autor: Janaína Manhães Barroso; Orientador: Fabrício Barbosa Freitas.
7) Projeto de remodelação do Parque Alzira Vargas. Autor: Rodrigo Espinosa. Orientadora: Aline Couto da Costa.
8) Proposta de um Parque Urbano em Quissamã. Autor: Danilo Silva Chagas; Orientador: Fabrício Barbosa Freitas.
10 comentários:
EXCELENTE AS PROPOSTAS, CAMPOS PRECISA DESSE TIPO DE INTERVENÇÃO! PRA MIM, VER MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS COMO ESSAS EM CAMPOS É UMA UTOPIA AINDA, PRINCIPALMENTE COM RELAÇÃO A PROPOSTA DE MOBILIDADE POR TRANSPORTE.
SERIA TÃO PRAZEROSO PODER CAMINHAR EM UMA CIDADE COM "CALÇADAS" COM GRAMADOS ENTRE O PASSEIO E A RUA PARA DRENAGEM E BELEZA..TER PARQUES E PRAÇAS VERDES PARA AS FAMÍLIAS OU SIMPLESMENTE PARA UMA PAUSA DURANTE O DIA. PARECE QUE SÓ OS AUTOMÓVEIS TEM VEZ AQUI.
EM PARIS, POBRES E RICOS DESFRUTAM DO MESMO ESPAÇO E REGIÃO PARA MORADIA, PARA NÃO OCORRER A EXCLUSÃO SOCIAL....RICOS DE UM LADO...POBRES NA PERIFERIA, CADA VEZ MAIS EXCLUÍDOS...A SOCIEDADE TEM MUITO QUE EVOLUIR, FALTA SENSO, EDUCAÇÃO E CORAGEM PARA PENSAR NO SEMELHANTE E USAR O PODER PARA ISSO. QUANDO UM ARQUITETO ASSUMIU A PREFEITURA DE CURITIBA, A CIDADE EVOLUIU E FOI EXEMPLO..
Mas para que isso aconteça de fato, a cidade precisa superar o provincianismo.
Vamos levar esses alunos para estagiar na prefeitura de Campos,agora que as obras estão realmente aconteendo.. está na hora de dar chances aos novatos.
Mto boa as propostas.
Provincianismo e Amadorismo é o que temos aqui em Campos.
A cidade necessita de um choque de ordem urgente. Caso contrário se tornará uma grande favela, cheia de comércios ilegais e cada um fazendo aquilo que bem entende - ou que mal entende, rsrsrsrs !
Certamente professor, a pré-feitura não estará interessada em analisar propostas bem elaboradas como estas. Isso porque o clientelismo predomina, a falta de bom senso prevalece e o respeito e a ética são deixados de lado.
UUUUUUuuiaaa.... vai ficar parecendo aquela cidade do filme nosso lar. Utopico... parece aquelas maketes do Arnaldo Viana. Vamu viajar na maionese.
Os projetos dos alunos (agora, já arquitetos) foram citados como exemplo do potencial que eles possuem, porém, o debate é outro, o do planejamento urbano, seus princípios, a necessidade do planejamento propriamente dito. Da necessidade de estruturação de uma equipe gestora do planejamento da área urbana do município.
Sds.
Professor, eu sempre leio em seu blog sobre a questão do chamado adensamento predial.Hoje, dia 19 de agosto de 2011, fiz uma observação sobre a cidade, enquanto estava em um ônibus em cima da ponte da lapa.Há uma concentração de prédios em praticamente em um lado (direito)da margem esquerda do Rio Paraíba do Sul, do outro lado (+ ou - da Rua do Ouvidor sentido UENF, não se tem "arranha-céus".E na Margem direita do Rio Paraíba do Sul (Guarús), só há 4 grandes prédios, o condomínio de três prédios, João Paulo II (Balança mais não cai) e o Concorde, no Jardim Carioca e, há um condomínio menor de trés prédios de até 4 andares, também no jardim carioca.
É, preciso bater na tecla que há muitos bairros que ficam há menos de 20 minutos do centro de Campos como o Parque Prazeres que sofrem problemas graves no tocante ao sistema de esgoto, há muito esgoto escorrendo por várias ruas do bairro.
Hoje, no Balanço Geral, na Tv Record, vi uma matéria falando que a localidade de Correnteza, há meses sofre com o problema de falta de água e de transporte público.
E, por falar, em rede de transporte público, em muitos lugares, é possível ver "cata-jecas" ,com cano de descarga desregulados.É uma pena, os ônibus velhos terem retornado as ruas, por uma decisão jurídica.
E, por fim, a questão das fuligens, onde as Usinas insistem na prática de queimadas e onde, também, por decisão jurídica, as usinas puderam voltar comprar cana queimada de produtores.
Tive mais de uma oportunidade de ser professor dessa turma. De fato são talentosos, uma etapa que se conquista por "muitas noites viradas" e estudo. As propostas poderiam mudar significativamente nossa cidade, cabe entretanto, queridos alunos, lutar pelo ideal, pela ética, pela correção e justiça nas relações de modo que prevaleçam o olhar do técnico sobre o olhar do político, para que estes projetos, de forma tão competente expostos em seus trabalhos saiam do papel. Lembre-se, jamais desperdicem os conhecimentos adquiridos, todos inclusive os de caráter.
Abçs a todos.
A cada dia que passa o trânsito em Campos se torna caótico, não só por falta de organização e infra-estrutura, mas também pelas pessoas que não respeitam as leis de trânsito: utilizar seta, sempre que necessário, parar em fila dupla e/ou em cima da calçada, esses são alguns do exemplos. Temos que ter noção de quando fazemos esse tipo de ação atrapalhamos o outro, é uma questão de empatia, seja para questões de trânsito ou qualquer outra ação na vida que acabamos pensando somente no "eu" e não em nós.
Todos os dias passar pela Avenida Pelinca e Formosa pela manhã e ver guardas, e quando anoitece, vira uma verdadeira desordem.
É lamentável, termos uma cidade com tanto dinheiro e ter vários aspectos de infra-estrutura mal gerenciados, é preciso trabalhar por algo melhor, até quando ficaremos assim?!
Por que não aproveitar estas idéias e colocá-las em prática?
Uma cidade governada para interesses de poucos....
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