sábado, outubro 15, 2011

Saudação a Lula na condecoração como Doutor Honoris Causa do Instituto de Estudos Políticos de Paris – Sciences Po

Leia abaixo a tradução dos discursos de Richard Descoing, diretor do Instituto Sciences Po, antes do ato de condecoração de doutor Honoris Causa ao ex-presidente Lula. Você pode concordar ou discordar dele, isto faz parte das ideias e do debate político, mas, não deveria deixar de conhecer. Não se trata de personalizar a questão, mas de analisar e avaliar o que está posto.

Aqui você pode ler o outro discurso (e também a fala de agradecimento de Lula), na mesma solenidade, proferido por Jean-Claude Casanova, presidente da Fundação Nacional de Ciências Políticas que falaram antes de Lula.

“Vossa Excelência, bem vindo à Sciences Po. É um prazer estar aqui com você.

Senhor presidente da República, senhor presidente da Fundação Nacional de Ciências Políticas, senhor primeiro-ministro, senhores ministros, senhoras e senhores embaixadores, professores da Sciences Po, senhoras e senhores alunos da Sciences Po.

Meu português, e particularmente meu português brasileiro, não é bom. Senhor presidente, me permita não continuar meu discurso em português. Creia que eu fico chateado, neste evento em que tantos jovens alunos hoje estão aqui, notadamente aqueles que se locomoveram do nosso campus em Poitiers, especialmente pelo senhor. Eles ensinam a “paixão”, o português, o espanhol, o francês, mesmo o inglês e algumas outras línguas do nosso mundo.

O senhor compreendeu, senhor presidente, pela recepção que lhe foi reservada no Grande Hall histórico de Sciences Po, além do anfiteatro que leva o nome do fundador da Sciences Po, o quanto nós somos entusiastas e imensamente honrados que você tenha aceitado receber do corpo docente da Sciences Po o título de Doutor Honoris Causa que lhe entregará nosso presidente, senhor Casanova, em breve, assim que ele pronunciar seu “Elogio”.

Acompanhem-me sobre algumas palavras a respeito do nome. Quero lhes dizer – eu espero, em nome da grande parte dos que estão aqui esta noite – como nos sentimos de compartilhar com os senhores e com o país ao qual pertencem, seus valores que não abrem mão de defender. Começo por um valor que é caro à Sciences Po, que é caro ao seu país e que eu devo crer que é caro igualmente a muitos países no mundo que compreendem este que vos recebe esta noite. Eu lhes falo de mestiçagem.

Cremos profundamente na Sciences Po no extraordinário enriquecimento que representa a mestiçagem de culturas, de educações, de nacionalidades, de paixões – das quais falei agora há pouco – mestiçagem e confrontação de ideias. Aqui, em uma instituição de ensino superior e de pesquisa, nós temos opiniões definitivas sobre tudo e todo assunto. Se não formos inspirados a todo momento pelos trabalhos científicos de outros membros, de outros corpos docentes, por todo o mundo, nosso pensamento será mais pobre. É a mestiçagem deste pensamento que nos enriquece, mas também a confrontação, nós estamos em um país, em uma universidade que crê no debate.

A Sciences Po foi criada por humanistas que estiveram confrontados a outros pensamentos, de homens e mulheres – na época mais por homens, é preciso dizer – que eram convencidos que todos os valores não são comparáveis, mas que o que faz a força de uma democracia liberal é a confrontação, é a disputa, é o debate, que não termina necessariamente em consenso, mas que ao menos dá a cada uma e a cada um a possibilidade de se exprimir e de defender as ideias que ela ou ele decidem se engajar, seja em empresas, na administração pública, nas instituições internacionais, organizações não-governamentais e, claro senhor presidente, na política.

Eu percebo aqui e no seu país a crítica aos políticos. Eu gostaria de dizer muito solenemente de minha imensa admiração pelos que se lançam sem grande esperança de fortuna, algumas vezes na expectativa de sucesso, na defesa de suas ideias, de seus valores, para fazer ganhar um espaço na história de sua sociedade, fazer ganhar sua convicção e receber de seu povo a honra de ter sucesso no governo.

A mestiçagem, das ideias, da cultura, de nação, assim como estamos fazendo na União Europeia, e ao mesmo tempo a confrontação intelectual, a disputa, e a aceitação de que certos valores devem se sobressair sobre outros. Esse é um primeiro ponto que pode explicar a decisão unânime de entregar ao senhor o título de Doutorado Honoris Causa.

Mas não é a única. A segunda razão – não irei além de três – é a luta que fez contra as desigualdades. Claro que quando lutamos contra as desigualdades, não temos sucesso totalmente, nem definitivamente. Aí, certos aproveitam pra dizer que tudo é impossível, nada é desejável, necessário, nem possível de começar. Nós cremos, na Sciences Po, que a luta contra as desigualdades, mesmo aquelas difíceis e perenes, é um valor que motiva nós todos da comunidade acadêmica. Eu creio que o senhor representa aqueles que pensam, não apenas no seu país, que não podemos nos satisfazer às desigualdades persistentes e acentuadas. E sabemos como é efetivamente difícil dar maior igualdade de oportunidade.

O terceiro valor é formidavelmente representado em frente a vocês esta noite. É a curiosidade intelectual infinita e a vontade infinita de conhecer o mundo em que estamos. Você lutou para que o Brasil acessasse um status internacional – nossos professores costumam dizer – como jamais sem dúvida alcançou, claro que com ajuda do seu predecessor e em seguida de sua sucessora, para que o Brasil tenha um impacto considerável nas questões do mundo.

Hoje não é mais possível tratar de um assunto sem que os brasileiros sejam consultados. Melhor ainda, você conquistou que as relações se multiplicassem entre os países do sul, de uma maneira que a Europa passa a compreender que a abertura, por exemplo, de suas fronteiras agrícolas não será danosa aos camponeses europeus. Não pensamos mais o mundo unicamente na oposição entre o mundo de industrialização antiga (espero que não seja de prosperidade antiga, espero estar errado em dizer isto) e o mundo emergente, que deve muito à Europa e à Àfrica. Por isso nós abrimos, depois de dezenas de anos, um campus fora de Paris com estudantes que vêm do mundo todo. Cremos, neste novo ano escolar, em um novo contato entre estudantes europeus e africanos, e optamos que os estudantes desta nova formação possam representar diversos estados africanos, e que possam vir da Europa e de outros países.

Gostaríamos profundamente e concretamente, através dos jovens que estão aqui hoje, de constituir esse mundo de cidadania e de regulação mundial, que sabemos ser complicada, conflituosa, mas que pode avançar mais rápido do que pensamos na Europa graças à imensa energia de jovens de várias gerações, e aos jovens que aqui estão hoje, para lhe dizer da nossa admiração, nosso respeito e a imensa felicidade de lhe incluir ao nosso corpo docente. Eu agradeço ao senhor.”

7 comentários:

Anônimo disse...

É professor...

faça bastante propaganda do apedeuta doutor mas não se esqueça de participar da greve por melhores salários na instituição na qual o senhor exerce a função de professor, pois o "professor" de mentirinha, o apedeuta rodeado de puxa sacos, esse sim, tem salário de presidente, indenização por danos causados pela ditadura, 200 mil Reais por "palestra" e muitas e muitas mamatas.

Roberto Moraes disse...

Eu sabia que o comentarista que não larga o apedeuta, não iria suportar o que foi falado na solenidade. A inveja também mata.

As divergências de opinião são salutares, mesmo para despeitados.

Quanto ao meu trabalho este eu faço e sempre fiz da melhor maneira que consigo. As minhas convicções eu defendo. Os meus sonhos eu luto para que se realizem.

E sigamos em frente!

Anônimo disse...

Qdo o FHC, vaidoso, viajava e recebia suas honrarias o PT, àqueleee PT que praticou o estelionato eleitoral,abominava.Hoje, o vaidoso Lula, esseee cujo principal mérito foi absorver e dar andamento às metas do anterior,viaja pelo mundo praticando a auto promoção.
Precisamos isto sim, de novo paradgma , onde cuecas e mensalões sejam alijados.Onde um modelo de desenvolvimento sustentado seja o mote.Onde a reforma política seja encarada como dever inegociável .
Precisamos voltar a assistir a uma política particada com SERIEDADE .

Zezinho Vento Sul disse...

A greve acabou,Sr.Apedeuta! Pelo que se sabe forçado pelo presidente (aposentado) da seção sindical local, que deveria apoiá-la.
Daria a voçê o título de "Despeitado Onoris Causa" se saisse do anonimato.

Anônimo disse...

O problema de muitos é supor todos um espelho de suas vaidades.
Ainda há gente pensante , crítica e que enxerga a política apartidáriamente.
Aliás, tem alguma diferença entre os partidos no atual cenário político brasileiro ?
Pargmatismo da pior qualidade que faz dos partidos uma sopa de letrinhas.O PT demonstrou isso qdo de sua investidura ao poder.partidose tornou um mero detalhe para negociatas.
Com licença, vou sair para vomitar, mas antes:
REFORMA POLÍTICA JÁ!

Anônimo disse...

Ah, os franceses,sempre arranjando uma aberração para se divertirem a valer.
featilen

Anônimo disse...

Vocês, petistas, realmente necesitam de líderes de mentirinha, aos velhos moldes do regime comunista...