quarta-feira, março 07, 2012

Com R$ 2 bi de orçamento Campos fica abaixo da média brasileira na Saúde Pública

O índice divulgado pelo Ministério da Saúde com dados do SUS, o IDSUS (Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde) nos mais de 5 mil municípios brasileiros, entre 2008 e 2010, avaliou dois principais indicadores: o primeiro foi o acesso da população ao sistema de saúde e o segundo, a qualidade deste sistema.

Pelo gráfico abaixo (clique na imagem e veja em tamanho maior) divulgado pelo Ministério da Saúde, é possível ver que para o indicador acesso Campos com 5,09 ficou um pouco abaixo da média nacional que é de 5,1 e no indicador qualidade, Campos ficou com 6,05 para uma média nacional de 6,9.

Ficar abaixo da média nacional é muito ruim tendo em vista os rincões de pobreza no interior e no norte e nordeste de nosso país.

Pior ainda é ver que, nem estando entre os 20 maiores orçamentos municipais entre as 5 mil cidades brasileiras, incluindo as capitais, os indicadores de Saúde de um município que diz investir mais de R$ 500 milhões em saúde consegue melhorar.

Dizer que o problema é de gestão já se fala há quase uma década, mas, nossos indicadores continuam muito ruins, especialmente, quando comparados a realidades de municípios com baixíssima capacidade de investimento.

Mostrar dados do aumento do investimento seja na saúde ou na educação é pouco para uma cidade bilionária. Os índides do Ideb e agora do SUS continuam a mostrar que os resultados destes investimentos não produzem resultados. Por que será?

4 comentários:

carlinhos j.carioca disse...

A resposta caro prof. é que nao sao feitos investimentos reais e sim,"LIBERAÇAO DE VERBAS"!Para se fazer investimentos são necessarios principalmemte de um PLANEJAMENTO,dentro de outras coisas...porem o que vemos...
Cito sempre o HGG nao somente por ser morador do J.Carioca,mas tb como usuario do SUS.Aí pergunto o que mudou?
1-Mudou "o sistema de marcaçao de consultas,como por exemplo cardiologista,que eu marcava "todas as quintas feiras",passou para somente "uma vez por mes",que fevereiro foi 29,e pasmem,NAO CONSEGUI MARCAR PARA O MEU CARDIOLOGISTA!E olha que necessito de acompanhamento medico e amis de 5 anos,é a" 1ª vez que fiquei sem médico".No domingo fui ao HGG e me deparei com 3 aberraçoes dignas de MAL APLICAÇO DO DINHEIRO PUBLICO: 1-O ATENDENTE OREENCHENDO A FICHA A LÁPIS .
2-UMA PEDIATRA E UM CLINICO RESIDENTE.
3-5 SEGURANÇAS(dois armados e de coletes).
Não tenho grandes recursos,mas quando INVISTO em alguma coisa,nos cálculos que planejo,proleto os lucros,quanto nao,pelo menos nada de prejuizo,mas quando se utiliza dinheiro dos outros sem planejamento,tanto faz,ja que o prejuizo a si mesmo,nada afetará...uma triste realidade! Um filho triste e amante desta cidade com os seus 59 anos!

Anônimo disse...

Caro blogueiro, trago o comentário que publiquei lá no blog do Cléber Tinoco:


Não há dúvidas que o atendimento de saúde nesta cidade não é compatível com suas realidade orçamentária, mas veja o perigo de "classificar" um tema tão complexo e variado com esta precária ferramenta, que no fim das contas, cristalizam posições que servem a luta política, mas de nada ajudam em enxergar as reais dificuldades e as soluções.

leia o texto que pesquei lá no Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha:

por José Noronha, do Blog do Cebes

Parte da tecnocracia do Ministério da Saúde acaba de brindar à sociedade brasileira com um disparate metodológico a título de atender a fome do chamado “ranqueamento” (no meu tempo era classificação, como ainda é no futebol), que frequenta com avidez uma parte da grande mídia brasileira. E pior, pretendendo se constituir num processo de pontuação isento de contaminação política ideológica. Estou falando do Índice de Desempenho do SUS (Idsus).

Diz o Ministério da Saúde que se baseou teoricamente (?) no Projeto Desenvolvimento de Metodologia de Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde Brasileiro PRO-ADESS, projeto liderado pela ABRASCO e pelo ICICT da Fiocruz.

Ao contrário do que diz o Ministério, o PRO-ADESS foi desenvolvido justamente para se OPOR à proposta de utilização de indicadores compostos ou agregados para hierarquizar países que foi empregado pela Organização Mundial de Saúde para produzir seu malsinado Relatório Mundial de Saúde de 2000, rejeitado pelo Brasil e por toda a comunidade acadêmica séria nacional e internacional que se manifestou nos anos imediatamente seguintes à sua divulgação.

A proposta central é de que a saúde é multidimensional e deve ser avaliada matricialmente e não somando variáveis de dimensões diferentes para chegar a um índice único. E ainda pior, em corte transversal, sem levar em conta a evolução de cada uma das variáveis ao longo do tempo.

O Idsus soma mortalidade infantil com acesso, com taxas de cesarianas, frequência de consultas pré-natais, com cobertura nominal de PSF [Programa Saúde da Família] e mais outros tantos para chegar ao tal indicador único e classificar estados e municípios. O resultado não podia ser outro. Atribui ao SUS uma nota medíocre desprovida de significado lógico, que foi logo embalada pela grande imprensa como prova contundente de seu fracasso.

Uma das mais festejadas administrações municipais por todos os indicadores que utilizemos, a de Aracaju, sai mal na fita: tira nota mais baixa do que prefeituras que sabidamente nunca tiveram compromisso com a saúde pública. Outra que sempre ilustrou trabalhos científicos sérios bem feitos e documentados, a cidade de Belo Horizonte, também não é o que imaginávamos. O Rio de Janeiro tira a nota mais baixa entre as capitais. Qualquer observador pouco atento rapidamente comprovará a falácia da classificação. Não é coisa séria. Felizmente, o tempo e a realidade se encarregarão de sepultar na poeira tão funesta iniciativa.

José Noronha é Diretor ad-hoc do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e médico do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (ICICT/Fiocruz)

Roberto Moraes disse...

Comentarista das 8:29 PM,

Concordo plenamente com o fato de que muitos destes rankeamentos servem mais a propaganda ou à luta pelo poder político do que ao aperfeiçoamento das políticas públicas, como seria desejável.

Não conheço detalhes dos dados e indicadores usados de forma múltipla se alcançar o resultado encontrado, por isto, tendo a julgar correto o questionamento pelo Noronha do Cebes.

Entendo até os exemplos utilizados de municípios com boas políticas de saúde pública que neste índice do IDSUS não foram bem avaliados.

Porém, nada disto, me faz compreender que com tanto recursos tenhamos um resultado tão ruim, abaixo da média nacional.

É diferente o rankeamento de uma avaliação pela média, mesmo com os questionamento da escolha e dos indicadores e do cálculo do índice.

Se usarmos os indicadores individualmente, sem o cálculo do índice encontraremos resultados abaixo da média e, isto com tantos recursos, volto a repetir não pode ser aceitável.

Todas as pesquisas quanti e qualitativas feitas com a população campista mostrará que as maiores reclamações continuam a ser a da área de saúde.

Há uma pulverização de programas e uns bueiros por onde escorrem recursos que não chegam na ponta, aos usuários.

Compreendo que a gestão da saúde não é algo simples, é complexa, mas, também vejo que o modelo aqui está muito distante daquilo que se conhece como bons exemplos, tanto na assistência básica, quanto na hospitalização e em muitos atendimentos de maior complexidade. Há especialidades que são exceção, mas isto ocorre aqui e também em outros municípios, por razões, que muitas vezes é diversa do gestor e tem mais a ver com instituições comunitárias e bons e dedicados profissionais que produzem bons resultados independente de qualquer outra coisa.

A lógica eleitora e da manutenção do poder que tende a rondar as gestões da área de saúde ajudam a explicar um parte destes problemas, que por sua vez, está ligado à corrupção e desvio de recursos.

O debate é saudável e desejável, mas, não creio que o argumento apresentado sirva para mostrar que em Campos a gestão está, pelo menos, razoável. Ouça a população e verá.

Sds.

Roberto Moraes disse...

Sobre o uso político do rankeamento e dos índices veja o que fez aqui o ex-governador Garotinho, interpretando a seu gosto o índice:

http://www.blogdogarotinho.com.br/lartigo.aspx?id=10290

Ele compara os municípios de população acima de 400 mil habitantes, mas, não faz a comparação do orçamento per capita que estes municípios têm para gastar com seus habitantes.

Qualquer pessoas com o mínimo conhecimento de política pública sabe que educação e sa~ude são duas áreas ligadas diretamente ao número de habitantes do município.

Se um município tem mais orçamento por habitante, ele, evidentemente, tem mais condições de dar acesso e qualidade no atendimento de saúde.

Ele compareou índice aqui questionado, mas não disse que o índice de Campos é inferior à média nacional, preferiu dizer que é superior à média do estado.

Como se vê as estatísticas servem ao gosto do freguês e de quem tem mais dinheiro para gastar com mídia para divulgar a sua interpretação.

Fato é que com R$ 2 bi a saúde de Campos deveria estar acima da média nacional, qualquer que seja o cálculo e isto não está acontecendo.

Sds.