sábado, maio 05, 2012

Autor do livro “Guerra Suja” dá mais detalhes sobre envolvimento da Usina Cambahyba na cremação de militantes


Carlos Alfredo da rádio Bandeirantes de Campos, ontem, em seu programa diário Band Notícias, às 18 horas, foi atrás do jornalista capixaba, Rogério Medeiros, um dos autores do livro “Memórias de uma Guerra Suja” e ouviu dele relatos importantes que trazem mais informações sobre o possível envolvimento de gente e empresas de Campos no lamentável episódio. 

O site de notícias Ururau reproduziu também ontem parte da entrevista. Abaixo o blog reproduz parte desta entrevista parabenizando Alfredo pela entrevista e o site Ururau pela rápida repercussão. 

Este blogueiro esteve no Rio durante esta semana e viu de perto a repercussão que o assunto teve e terá nos próximos dias em todo o país e assim resolveu dar sua humilde colaboração na ampliação do teor desta entrevista: 

“O jornalista Rogério Medeiros, um dos autores do livro ‘Memórias de uma Guerra Suja’, que traz relatos do ex-delegado capixaba Cláudio Antônio Guerra sobre as atrocidades praticadas nos anos 70 e 80, contra militantes de esquerda durante o regime militar, concedeu nesta sexta-feira (04/05) uma entrevista por telefone ao jornalista Carlos Alfredo no programa Band Notícias e tornou público mais revelações a respeito deste caso que tomou conta do noticiário nacional nesta semana.

A declaração de culpa pela cremação de 10 corpos na Usina Cambahyba está gerando uma série de especulações sobre o fato de que esta prática era bastante comum na região, já que usineiros e militares mantinham estreitas relações de poder.

Para Medeiros, este é o momento para se abrir uma discussão sobre o tema, pois, segundo ele, “ainda existe muitas coisas escondidas e crimes que ninguém sabe”.

“Eu acho que o Cláudio Guerra tem que pagar pelos crimes que cometeu. No livro, ele fala na primeira pessoa... Como ele matou, como fez, enfim, foi ele que apontou a Usina Cambahyba como o local de cremação de corpos de militantes políticos e destacou a estreita relação destes militares com esta usina. Havia muitos conflitos naquela região e houve uma contrapartida que não entrou no livro, que inclusive, a filha do dono da Usina talvez não tenha conhecimento. Pessoas da família dela foram assassinadas e muita gente que o Cláudio Guerra assassinou em favor da família dela”, afirmou.

Sobre a reação do ex-delegado ao retornar a Usina Cambahyba, Medeiros foi enfático ao descrever a frieza do torturador. “Estamos falando de um homem que assassinou pessoas durante 40 anos, não estamos lidando com um santo, ele foi um profissional da morte e o livro o trata assim. Quando resolvemos fazer o livro com ele, nós já tínhamos este conceito. No cárcere, ele entrou na religião e se tornou evangélico, tornando-se pastor e seus relatos são uma forma de ser capaz de ser mais honesto. O livro codifica os 40 anos que ele praticou seus crimes”, diz Medeiros, revelando que, numa jornada só contra camponeses, Cláudio Guerra assassinou 40 pessoas. “Ele só fez matar”, disparou Medeiros, explicando ainda que, durante as entrevistas, o torturador arrependido só contou os casos que ele teve participação direta.

Perguntado sobre outros atos covardes praticados pelo ex-delegado no município de Campos, o jornalista declarou que não se lembrava de nenhum outro episódio além da cremação de militantes de esquerda nos fornos da Usina Cambahyba. “Ele nos disse que era mais fácil queimar os corpos do que desaparecer com eles. Sobre os dez corpos queimados em Campos, ele admitiu que não pode participar das torturas, entretanto, declarou que ter participado da cremação de todos os dez corpos. Ele revelou ainda que, ‘outros’ levaram corpos freqüentemente para serem incinerados no mesmo local, mas ressaltou que, da parte dele, só os dez corpos foram levados. Ele disse que só levou dez e coisa é tão banalizada por ele que diante da barbárie que ocorreu naquele local, dez corpos parece ser pouco, é não é”, disse.

Medeiros afirmou que a Policia Federal pediu a Cláudio Guerra para mostrar o local da cremação de corpos, mas disse que nada foi mexido e que nenhuma ossada foi encontrada. “O que queimou não tem jeito”, diz o jornalista, ressaltando que o livro não terá nenhum evento de lançamento.”

9 comentários:

Anônimo disse...

Roberto, fiz um comentário aqui pedindo uma vaga para uma amiga no hospital Álvaro Alvim. Já conseguimos a transferência e ela esta internada e sendo medicada. Obrigada Auxiliadora

Anônimo disse...

O livro não fala só da cremação. Segundo o delegado, ele alega que costumeiramente fornecia armas ao usineiro para que este lidasse com os conflitos de terra. Isto, até agora, não vi ninguem negar. Não discuto as virtudes do sr. Heli, sei que as tinha, mas os esclarecimentos interessam a todos, principalmente à sua memória.
À sua família deve interessar mostrar falhas nas afirmações do ex delegado porque os corpos todos sabemos que não podem ser encontrados.
Negar que a família é belicosa acho difícil, mas pode ser tudo esclarecido. Ou não.

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Anonimo de 10:29 vc só se esqueceu de dizer que quem compra e financia o trafico talvez não estejam nos lugares que preconceituosamente vc citou. A proposito em bairros de classe media que vc esqueceu de citar também existe trafico, talves de produtos mais caros pois os mais baratos eles financiam para que fiquem dentro da periferia. Cono vc ve tem tudo a ver com antiga briga entre socialismo e capitalismo. No post do professor ninguém acusa ninguém, apenas se relata o depoimento de um arrependido ou um louco que pela gravidade dos depoimentos tem que ser apurados e julgados, pois os comunas como dizem alguns erroneamente,pois bastava reenvidicar um doce e se os militares e seus seguidores não estivessem de acordo, todos eram tachados de inimigos da nação e comunistas, estes eram presos julgados sem dó nem piedade e milhares mortos. É muito fácil para alguns dizer que já passou, deixa pra la; olha eu acho que enquanto não se punir os culpados, vai acontecer fatos como a comemoração este ano, eu disse este ano do golpe de 64 no Rio e em todo Brasil. Como vemos este fantasma assombra ate hoje pois estes velhinhos e outros não tão velhos ainda tem patentes e outros muitos poder dentro da nação. É preciso varrer esta mancha em nosso pais. E para quem diz deixa pra la, já imaginou se estes mortos fossem por exemplo seu pai, mãe, avos ou irmãos, o sentimento sera que seria o mesmo ?

xacal disse...

"(...) com os comunistas que foram exterminados pelo governo militar (que bom !). "

Roberto, publicar um comentário que festeja(que bom!) o extermínio de pessoas pela sua qualidade ideológica (ou por qualquer outra) é uma temeridade.

Não há debate possível diante de uma aberração desta.

Marcos Cintra disse...

PERSONAGEM DE LIVRO SOBRE REGIME MILITAR É CONHECIDO COMO BANDIDO COM LONGA FICHA POLICIAL

PRONTUÁRIO DE CLÁUDIO GUERRA
CURRÍCULO
Ex-delegado do Dops, foi identificado com grupos de extermínio no Espírito Santo nos anos 80. É acusado de homicídios, torturas e associação para o tráfico

PENA
Foi condenado a 42 anos de prisão pela morte do bicheiro Jonathas Bulamarques, no Espírito Santo. Está em regime semiaberto e deve ser libertado no início de 2015

IGREJA
Diz ter virado evangélico na cadeia e hoje é pastor da Assembleia de Deus. Em fevereiro, depôs em inquérito que apura o suposto desvio de R$ 6 milhões de dízimo

DITADURA
Em livro, diz ter incinerado corpos de desaparecidos políticos, embora nunca tenha aparecido em listas de torturadores

REPERCUSSÃO
A PF já o ouviu, e políticos querem levá-lo à Comissão da Verdade. Especialistas dizem desconfiar dos relatos dados pelo ex-delegado. Da Folha de São Paulo deste domingo

http://aluizioamorim.blogspot.com.br/

xacal disse...

Especialistas "desconfiam"...

Quais "especialistas"? Este tipo de comentário vindo de um jornal que emprestou seus veículos para torturadores da "ditabranda".

Assim como faziam com os suas vítimas em 64, que eram mortas pela "qualidade ideológicas", as viúvas do golpe tentam "desqualificar" as denúncias pela vida pregressa do denunciador!

Ora, ninguém tem dúvidas que torturadores de baixa e alta patente são e foram bandidos, e que, inclusive, extrapolaram o que chamamos de "crimes políticos"(tortura, seqüestro, estupros)para os crimes "comuns" como estelionato, roubos e contravenção.

Vide o caso do "capitão Guimarães", ex-torturador e capitão do Exército(do serviço secreto, S2), notório chefão do jogo do bicho e padrinho da LIESA(liga das escolas de samba).

São célebres os casos de enriquecimento ilícito de generais e oficiais nas obras públicas tocadas pelas Forças Armadas.

Mas em todo mundo, depoimentos de "arrependidos" são usados para o combate ao crime organizado.

É de doer a falta de inteligência dos "gorilas" e suas viúvas. Está em parte explicada tanta violência.

Anônimo disse...

É no mínimo lamentável esta tentativa de se pechar o nome de um ilustre campista e grade homem que foi o Dr. Heli Ribeiro Gomes.

At,

Frederico Gonçalves Ribeiro Neto

Torquemada disse...

Na galeria dos nossos homens ilustres, aí incluído Chebabe, e por aí vão.

A diferença entre ser "ilustre" e "vagabundo" é o "tipo" e o endereço, bem como os "cúmplices" de seus crimes.

Como se apurar algo fosse, em si, uma ofensa.

Bom, deve ser, para nossa ilustre sociedade, alguns nomes estão acima do bem e do mal.

Rsrsrsrsrsrs. Lastimável.