O ex-ministro
Delfin Netto deu uma interessante entrevista ao jornalista Gilberto Scofield
que saiu publicada em O Globo, no último domingo, com o sugestivo título “Brasil ganhou
mais consciência ecológica”. Vale a pena ler. O blog retirou uma pequena parte
como aperitivo em que Delfin expõe de forma concisa o conceito que tem da política,
do estado e da economia. Se desejar ler a entrevista na íntegra clique aqui.
DELFIM: Sem dúvida. Você tem duas instituições: o mercado e a urna. O mercado é muito bom porque permite a liberdade individual, o sujeito usar a sua capacidade de iniciativa e produzir com relativa eficiência. Mas o mercado não produz igualdade. E não adianta: o sujeito se sente melhor com menor desigualdade. Então o Estado vem e corrige esse problema do mercado. Quando o Estado é muito distributivo, o ritmo de crescimento é menor, porque se você distribuir muito mais hoje, significa que você vai investir menos e crescer um pouco menos amanhã. Então essa combinação de crescimento com distribuição é uma coisa que precisa ser feita com muito cuidado. Quem joga essa dialética é na verdade a urna e o mercado. Se vem o governo querer distribuir o que não foi produzido, no próximo round o mercado acaba com ele e, em seguida, a urna. Se o mercado é propriedade dos economistas que querem um crescimento rápido, grosseiro, não importa a distribuição, mas a eficiência, vem a urna e toca eles para a rua. Então esse jogo entre os dois é que provoca esse crescimento um pouco mais virtuoso. O Brasil pode crescer de uma forma sustentável e usando de forma eficiente os seus recursos.
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