Em evento fechado, que acontece no edifício Serrador, na sede do grupo EBX, no centro do Rio de
Janeiro, entre 15 e 19 horas, a holding reúne políticos
e empresários, para discutir em seminário o tema “Sustentabilidade: Desafios das Empresas do Século
XXI – Um Olhar sobre Gestão Integrada de Território (GIT)”.
Ao final do evento haverá o
lançamento do livro “Um Novo Paradigma da Sustentabilidade. Teoria e
Praxis da Gestão Integrada do Território”.
O grupo empresarial EBX tenta com
o seminário passar a ideia de inovação da Gestão Integrada do Território (GIT)
através do conhecido conceito de governança, com os objetivos divulgados pelos
próprios empreendedores:
“O
objetivo da GIT é gerar transformação por meio de ações que reforçam a
cultura como mais um elemento da sustentabilidade. Em consequência, a
iniciativa se mostra um instrumento democrático capaz de reduzir conflitos
sociais e desequilíbrios ambientais, tendo como elemento central a formação de
capital humano e o combate à alienação, inclusive por meio da certificação
territorial, que evidencia as possibilidades e deficiências locais.”
As intenções ficam ainda mais
claras na posição abaixo dos defensores da GIT, onde se percebe, muito
fortemente, a diluição das responsabilidades dos empreendedores.
“Esta iniciativa
vai garantir a melhoria da infraestrutura e de serviços públicos, fazendo com
que São João da Barra se torne um município capaz de suportar o crescimento
econômico que está por vir, minimizando riscos negativos, como o da favelização
e a desigualdade social extrema, porque a população saberá de quem deve exigir,
enquanto empresas e poder público terão um panorama claro das necessidades da
sociedade”.
Até onde o blogueiro sabe e
participou, mesmo como os questionamentos destes objetivos, há uma distância
muito grande entre o que se propõe e o que efetivamente se realiza no Açu. As
postagens deste blog atestam com frequência o que aqui está sendo afirmado.
Já foi
dito aqui em nosso espaço que a coexistência "exitosa" entre a comunidade e empreendimentos
de grande porte, como o do Açu, só acontecerá se houver espaço para uma ampla mobilização
social e política, uma forte regulação e fiscalização dos poderes constituídos,
para arbitrar e administrar os conflitos e não reduzi-los ou eliminá-los, como se pretende com a GIT.
Nesta
linha, também já foi discutido aqui no blog algumas premissas: a) a de que o papel de gerir o território é do estado,
mesmo com a contribuição dos empreendedores; b) que o espaço do território a
que nos referimos é regional e não local; c) que é inadmissível a hipótese de segregação entre
técnicos e gestores do restante da nossa população, a partir do adensamento
populacional previsto com o empreendimento d) que os diagnósticos
e o planejamento tenham a participação direta da população interessada e de
seus organismos de associação comunitária, de produtores, etc. e) que a
formação e escolar e a qualificação profissional da população, não seja única e
exclusivamente, mais uma das Condições Gerais de Produção planejadas pelos
empreendedores para viabilizar seus negócios, e sim, um instrumento de cidadania
e participação social e política; f) que a GIT seja pois, um instrumento da população
e não dos empreendedores a tentar regular e administrar os desejos comunitários
e se colocar como intermediário com a gestão pública escolhida como
representação popular.
Sem
estas premissas o conceito de sustentabilidade torna-se mais uma moda a ser utilizada
como fonte de alienação e algumas míseras compensações, diante de uma realidade
que vai sendo forte e definitivamente modificada sem, contudo, mudar o
resultado de ganhar os que sempre ganharam e perder os que sempre perderam.
De toda a forma, o debate será
sempre benvindo, desde que o desejo não seja só para aplausos. Se desejar
clique aqui e assista os debates de hoje.
Um comentário:
Infelizmente não é de hoje que há mais falácia do que atitudes concretas, em pleno Rio + 20 o grupo tenta mostrar que se preocupa com a sustentabilidade, mas sabemos que tanto aqui quanto onde o minério será extraído as coisas não ocorrem com essa "sustentabilidade".
Como morador e conhecedor do processo desde o início o que vejo é amadorismo da empresa em discutir com a sociedade local, gasta milhões em propaganda ao mesmo tempo não lida de forma transparente com o processo de desapropriação promovido pelo Estado em prol da mesma, afetando centenas de famílias, isso é apenas um dos pontos que deveriam ser discutidos claramente...
Enfim esse assunto está mais que batido, como citado em vários pontos aqui no Blog e outros tantos, há de se partir para ação... Isso vale para a empresa e para os Governos que direta e indiretamente estão envolvidos nesse processo de “desenvolvimento”.
Postar um comentário