"Sr. Roberto Moraes
Relato a situação crítica por que passa a ponte sobre o Canal Campos – Macaé na Rodovia dos Ceramistas, RJ 238 (Ururaí a Donana).
Noticiei o caso primeiramente ao Engº George
Mendes, Inspetor do CREA–Campos por telefone, nesta data, e sua resposta é
plenamente ratificada pelo Portal do CREA-RJ, onde se afirma que “Não compete ao Crea-RJ a fiscalização de
denúncias relativas a Riscos de
desabamento e questões de segurança em edificações, que deverão ser encaminhadas aos
órgãos responsáveis”. E o site
indica, nestes casos, a Defesa Civil.
Além da perplexidade causada pela posição do
CREA, que se exime quando lhe deveria caber em primeiríssima mão a preocupação
com a sociedade no que diz respeito à Segurança Pública, quando o risco é
derivado de atividade que teve de ser aprovada e fiscalizada pela instituição –
tem-se o fato de que em se tratando de obra em uma rodovia estadual, o
Município não teria ingerência no assunto.
Mas, porque não foi tomada ainda nenhuma
providência efetiva por parte do órgão estadual, o que importa a essa altura é que
a informação seja divulgada com a MÁXIMA PRESTEZA.
E a blogosfera vem demonstrando ser a
alternativa de maior eficácia entre as demais: o Poder Público Municipal, a
Mídia convencional e o próprio Ministério Público, que vêm primando pelo
silêncio e pela inoperância frente aos interesses coletivos, quando não pelo
acobertamento imperdoável face às recorrentes denúncias registradas.
Em 2
dezembro 2011 encaminhamos à
3ª Residência
de Obras e Conservação do DER – RJ, na
pessoa do Dr. Ivan do Amaral
Figueiredo, laudo
preliminar de vistoria efetuada na citada obra.
Essa segunda ponte – de estrutura e execução
idênticas à outra, na mesma rodovia, sobre o Canal Campos-Tocos, e na qual havíamos
procedido a uma profunda intervenção com o objetivo de reforçar suas peças
metálicas que apresentavam diversas rachaduras em suas longarinas de
sustentação - mereceu as seguintes observações, àquela época:
“...
” Cumpre-nos
alertar a V.S. que a realidade que constatamos nesta segunda ponte supera as
piores expectativas iniciais.
“A obra se encontra, a nosso ver, próxima de um
colapso estrutural.
“As emendas das peças constituintes das mesas
inferiores das seis longarinas metálicas (chapas de 15” x 5/8”) estão
posicionadas rigorosamente alinhadas umas com as outras, no sentido
transversal. Ou seja, na fabricação das vigas e na sua montagem na ponte não
foi respeitada NENHUMA DEFASAGEM
entre elas, o que
possibilitará, com o fracasso de uma, o efeito cascata nas demais.
“A qualidade da soldagem nas emendas dessas
chapas – que detêm a exclusiva responsabilidade estrutural da ponte quanto aos
esforços de tração – é PRECARÍSSIMA.
As fotografias anexadas denunciam a deficiência.
“O quadro é preocupante.
“Uma justificativa
plausível para já não ter ocorrido o seu colapso, decorridos seis a sete anos
de utilização contínua, é que a demanda predominante dessa rodovia é por
caminhões
leves, se comparados aos pesados rodo-trens que demandando o Porto do Açu irão
trafegar por ali com suas cargas de 70 a 80 toneladas, conforme anunciado pela
LLX.
“A agravante de não existir aí a possibilidade
de desvio do tráfego para uma eventual situação emergencial (a primeira ponte,
sobre o Canal Campos/Tocos, dispõe ao seu lado, fortuitamente, de uma antiga
estrutura de concreto por onde está sendo conduzido o tráfego durante as obras
de reforço) deveria ser relevante na tomada de uma decisão com o alcance
necessário a prevenir evento futuro na segunda ponte, que poderá vir a causar
danos materiais, financeiros e humanos imprevisíveis.”
Infelizmente, em maio deste, constataram-se
tais previsões e a segunda ponte começou a apresentar fissuras generalizadas em
sua estrutura metálica.
Em 28 deste mesmo mês, por solicitação da
Residência, assinalamos em nova correspondência ao DER:
“....
“Devemos ressaltar que a continuidade
viária da RJ-238 está perigosamente comprometida por essas falhas, e mais que
isso, deve-se pressupor, em homenagem à segurança, que se anuncia um possível
colapso estrutural, conforme vistoria realizada e documentada nas fotografias
que evidenciam o início de uma ruptura generalizada das soldagens ao longo de
suas longarinas.”
“Nem seria necessário destacar que esse
quadro patológico se manifesta justamente após alguns meses do início do
incessante transcurso dos citados equipamentos especializados em transporte de
pedras. A oscilação vertical que se constata como efeito da passagem desses veículos
aparenta ser de maior amplitude que o da primeira ponte.”
Lamentavelmente, a burocracia oficial impede até
o momento a implementação imediata das ações cruciais exigidas nas
circunstâncias e, para piorar, a decisão administrativa está atrelada à remota
capital do Estado.
Esta é a informação que, como cidadão e
profissional, cabe-me divulgar, em benefício dos desavisados usuários dessa via,
que estão sendo submetidos, inconseqüente e criminosamente, a severo risco.
Saudações,
Jose
Ronaldo Ornelas Saad
Eng.civil
CREA 18322
(c/c para o blog do Sr.
Fernando Leite)"
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