As
primeiras desapropriações de áreas para a implantação do DISJB (Distrito Industrial de São João da Barra) já atingiram
algumas destas produções que envolvem as culturas de aipim; quiabo, tomate,
pimentão, abóbora, além do conhecido maxixe, que virou motivo de chacota por
parte de algumas pessoas.
Pois bem, neste contexto é que o blog identificou que passou
despercebida, uma matéria no jornal O Globo, do último domingo 15 de julho, que
tratou da agricultura familiar, em nosso estado e sobre sua comercialização
através do Ceasa de Irajá no Rio.
A reportagem citou a entrevista com o senhor Grimaldo
Ribeiro da Silva que disse empregar em sua lavoura 25 agricultores. Foi
apresentado como um dos principais fornecedores de aipim do pavilhão 21 da
Ceasa de Irajá. Ainda segundo a reportagem, o senhor Grimaldo, seria dono de
dez hectares de terra na localidade de Pipeiras, distrito de São João da Barra.
O produtor sanjoanense reclamou que gasta nove horas só com a viagem e dos R$
90 de pedágio que gasta por viagem para escoar sua produção de seis mil caixas
de 20 quilos de alimentos por semana.
Nesta mesma reportagem, o secretário estadual de Agricultura
e Pecuária, Alberto Mofati, disse que a agricultura familiar é característica
importante do Estado do Rio de Janeiro (ERJ), onde não existe espaço físico
para latifúndios agrícolas e que tem apenas 0,5% do território nacional,
abrigando 10% de toda a população brasileira, sendo ainda o estado mais urbano
da federação, com 70% de sua população vivendo na capital.
De posse destas informações sobre a produção agrícola local
e da realidade de nosso estado, eu continuei com minhas insistentes indagações:
como conciliar as diversas questões que envolve o desenvolvimento menos
heterogêneo de nosso estado, menos concentrado na região metropolitana, menos
dependente do setor de petróleo e que harmonizasse o crescimento econômico e a
geração de trabalho e renda com a justiça socioambiental?
A ocupação do território em nossa região necessita de um
sério, democrático e verdadeiramente participativo, Plano de Ordenamento
Territorial (POT). Este plano deveria considerar, minimamente, os conflitos de
interesses (sem hierarquiza-lo pelas suas dimensões), elaborando programas e
traçando ações, que não tivesse no crescimento econômico o seu único objetivo.
O POT deve procurar incluir nas novas atividades industriais
e de serviços, os que não querem atuar na agricultura, mas garantisse aos
demais, o direito de trabalhar as suas terras e assim, garantir o alimento da
população regional, que deverá ser acrescida com o Complexo do Açu. Desejar e
colaborar com estas intenções, seria pedir muito?
PS.: Foto do trabalho em produção agrícola na localidade Água Preta, 5º Distrito de SJB.
4 comentários:
A preocupação é grande aqui no 5º Distrito de SJB, principalmente porque perdemos uma área muito grande para agricultura e pecuária, há fortes incertezas em relação as áreas que sobraram, uma vez que há vários projetos como APA's, APP's e até um parque Estadual, tudo isso irá diminuir ainda mais essas áreas. Se fossem respeitados os limites por lei a preocupação não seria tão grande, mas como um novo plano diretor a ser apresentado foi pago pelo próprio grupo EBX não podemos ter certeza de mais nada.
O distrito mais agrícola do de São João da Barra é o que recebe o mega empreendimento e ainda continua sendo muito ignorado pelas autoridades, são pessoas trabalhadoras que lutam por seus alimentos, sua subsistência e vivem da agricultura e pecuária, muitas delas não sabem e não querem trabalhar em outros serviços, e com o aumento previsto na população deveria ser um dos setores que mais merece atenção. A discussão no entorno da gestão do território restante, assim como políticas públicas mais profundas para o setor são assuntos que devem pautar o próximo governo municipal e espero que o futuro prefeito (a) tenha isso como metas, afinal o maxixe é um alimento, já o minério não da para comer, apesar de muitos secretários/políticos afirmarem o contrário.
meu comentário é sobre a nomeação de um colunista social que não é jornalista e só tem segundo grau para assessor de imprensa do museu. Você, Roberto, não acha qye numa cidade onde exoste um curso dejornalismo isso é um absurdo? Que estímulo terão os jovens para continuar ralando durante anos?
O tempo é senhor de todas as razões, mas "comparação" como diria uma artista do humorismo, eu compraia uns 30 kilos de maxixe com 1 quilo de ferro, e olha que estou pensando baixo, se liga gente, progresso para nossos filhos, a região não teve nada de desapropriação que passasse de 405 de área realemte produtiva, esse povo quer é valorizar suas terras de areia branca, sem nitrogenio e com humos abaixo do desejavel...
acorda dom Roberto este noxonão dá ibope
Comentarista da 01:25,
Chega para perto para debater.
Você que sempre acompanha o blog sempre defendendo tudo do empreendimento sabe que que o blogueiro não é contra o empreendimento, até porque sabe, que isto seria infrutífero e de mais a mais há que se tentar em aproveitar melhor os bônus (tentando partilhá-los) enfrentanto os ônus.
Porém, não há como tentar isto sem enfrentamento e ajustes de interesses e neste caso, não há porque defender quem não precisa de defesa, até pelo seu porte.
Crescimento econômico é diferente de desenvolvimento, este, já ensinava Celso Furtado, pressupõe, a busca (pelo menos) da justiça socioambiental, redução das desigualdades, reconhecimento das identidades e das nossas referências culturais.
Chegue para perto para debater. Até hoje não me furtei a este debate. Defendo que a comunidade seja protagonista, participe, enfrente as adversidades e encontre espaço para negociação dos conflitos em busca de acordos.
Não é verdade que do jeito que as coisas caminham todos ganharão.
A discussão das desapropriações é uma, o apoio para produção agrícola é outra, elas se interligam, mas, são diversas, este assunto interessa inclusive à população que virá para cá e não comerá minério de ferro.
Não é aceitável que o empreendimento se estabeleça como um enclave, à margem de tudo que por aqui há, apenas com projetos positivos, mas pontuais de intervenção em algumas partes deste território e com pequenos grupos da comunidade.
O debate é salutar, mas, sem esta tentativa de desqualificar as posições e opiniões diferentes.
O blog, especialmente nesta questão, talvez, mais que outras, tem sido plural, na divulgação de informações que possam interessar à população como um todo e não a setores específicos que querem ganhar e surfar na onda do crescimento econômico regional e depois colocar tudo na conta dos governos.
O setor imobiliário é um deles.
Chegue para perto e vamos ao debate para além deste virtual.
Sds.
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