Um caderno no formato tabloide
saiu e este blogueiro foi convidado a publicar um artigo que, nesta véspera de
centenário e de decisão, com chances de subir à primeira divisão do futebol, no
estado vale ser relido em azul, a cor do Goytacaz:
Goyta, paixão da cor do céu!
Por que um time não precisa ser vencedor para cair no
gosto popular? Ou será inversamente o contrário? Será que na labuta diária,
onde todos nós acabamos nos sentindo mais perdedores que ganhadores, terminamos
nos apaixonando mais facilmente pelos iguais? Não que sejamos ou tenhamos história
de perdedores. Assim como os grandes clubes populares, temos muito títulos,
porém sempre menos do que outro que fica na frente, tal qual meta a ser
alcançada. Como o dia que mira a noite para ser rompida.
Não há só uma explicação para a paixão e pelo tamanho
da torcida do Goytacaz. Há vários fatores que somados, levam, até aos
torcedores adversários admitirem a raridade do carinho de uma torcida para com
o seu time. A raça foi herdada dos índios que lhe emprestaram o nome junto de
outros atributos, como a coragem e a fama de excelentes corredores e
inteligentes articuladores.
Mais que isso há outro detalhe, que pensando bem, não
deve assim ser chamado: o fato de ter maior torcida, não explica outro fato,
nem sempre relacionado ao primeiro, de ser, também a mais apaixonada, a que
chora com as derrotas, a que ri, grita, vibra e acima de tudo, comemora muito
mais que as outras.
O astronauta russo Iuri Gagarin, primeiro homem a entrar em órbita, disse que a Terra era
azul. Para nós torcedores do Goyta não havia novidade na informação do
astronauta. Sem precisar ir ao espaço, já sabíamos que nosso mundo era e
continua a ser Azul. O azul é a cor do dia e assim da vida. A esperança também
é azul, ao contrário de alguns incautos que acreditam ser verde. Haverá sempre
um novo e azul dia, depois dos insucessos. Porém, qualquer torcedor sabe e pode
até negar, pelas razões que Freud explica, de que a vitória sempre foi, é, e
continuará, a ser azul. Azul da cor do céu. Azul da cor da vida.
Para valorizar a vida, tem-se que se lembrar da morte.
Para valorizar o dia, é necessário romper a noite. O azul vale a vida e por
isso, não vive sem o seu contraste. A torcida do Goyta é igual a erva daninha,
ou tiririca, quando se pensa que está extirpada, basta uma chuva e um céu azul,
para ressurgir não das cinzas – porque esta é preta – mas, do céu. Do céu sim,
porque o céu é azul e azul é a cor da vida que renasceu.
Quem nunca encheu a boca para dizer que torce pelo
time, que tem o nome dos índios que nos antecederam? O tempo passou, mas a
exemplo das paixões mais arrebatadoras, ela um dia se reapresenta, como se
novidade fosse. Melhor, porque revigorada pela presença de torcedores mais
novos e de crianças, ajudam a explicar o crescimento permanente da torcida, que
em meio às adversidades, nunca perdeu a esperança de ver retomado o caminho da
vida, que como a camisa do time é azul, apesar das nuvens.
O presente talvez seja amarelo, mas depois vira verde
e quando o futuro se aproxima vemos que ele é azul. Azul clarinho, quase alvo,
depois turquesa e na glória, marinho, que além de cor da vida, é também a cor
do mar, que mais do que qualquer coisa, é vida e vida em abundância de fauna,
flora, água, ondas, forças mecânicas, marés e novamente céu. Assim descobrimos
que a redundância é azul e como tal, chegamos à explicação que buscávamos: a
maior e mais apaixonada torcida é como tal, porque a redundância é azul. Dá-lhe
Goyta, o azul da cor do céu!
Roberto Moraes Pessanha
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