Inicalmente só havia assistido a metade final. Gostei. Confesso que tinha uma certa impaciência com Mangabeira. A sua fala sempre apareceu para mim pouco inteligível, tanto na linguagem quanto no
conteúdo.
Porém, independente das oponiões anteriores, ontem, ao assisti o programa Roda Viva, da TV Cultura, também transmitido pela TV Brasil e achei interessante as questões e propostas levantadas por Mangabeira Unger. Elas auxiliam no
debate sobre a atualidade e as perspectivas do nosso país e nossas regiões.
Concordei com a sua fala sobre educação, onde reforçou o papel do Ensino Médio, o gargalo da educação brasileira, para onde defendeu a junção de um ensino crítico ao tecnológico e inovador, priorizando as capacitações flexíveis.
Concordei com a sua fala sobre educação, onde reforçou o papel do Ensino Médio, o gargalo da educação brasileira, para onde defendeu a junção de um ensino crítico ao tecnológico e inovador, priorizando as capacitações flexíveis.
Unger defender o saber-fazer da comunidade lembrou Celso Furtado e outros que a partir da leitura do Brasil real, elaboraram seus ensaios e teorizaram problemas e soluções que são próprias da nossa cultura, que não devem ser desvalorizadas para cópias pioradas do que se faz mundo afora.
Sobre a
política industrial também indagou sobre o apoio aos extremos, de um lado os
grandes enclaves industriais (siderúrgicas, refinarias, montadoras, etc.) e de outro,
as formas locais e cooperativadas de produção. Neste aspecto disse que é
preciso superar as idiossincrasias (característica particular de um indivíduo
ou grupo) que trata apenas do local.
Entre os
dois Unger disse que há muita coisa que pode e está sendo feita em alguns
lugares do país, onde convive e coabitam formas simples e tradicionais de
produção, com inovações e tecnologias avançadas, num ritmo e num cultura local
e própria das pessoas, do seu lugar e da sua cultura, e que o Nordeste
brasileiro, é um bom exemplo disto.
Mangabeira reconheceu
o espontaneismo inculto e defendeu o aumento da capacidade crítica da população, arguindo
aqueles que sonham com uma Suécia Tropical.
Unger questionou
a dualidade: Estado x Mercado – Público x Privado, e disse que o mercado pode ser desenhado de
formas diferentes... Direitos
condicionais de propriedade... A propriedade pode ser de uma forma diferente do
que a dualidade que conhecemos.
O
entrevistado falou também do papel que os advogados e do Direito enquanto
ciência dizendo que eles deveriam estar buscando um novo desenho institucional para
o país... que o direito não é juízes e tribunais, que isto é um fragmento do Direito
que deve estar próximo ao poder, para ajudar na busca de novas
institucionalidades. “O direito determina a forma institucional da vida de um
povo. O advogado tem que ter ou buscar “imaginação institucional”.
Por fim,
Mangabeira Unger defendeu ainda que a esperança não é causa da ação ela dever
ser a consequência. “Atuando aprenderemos a tolerar e a encontrar as saídas”.
Quando se lê
ou ouve alguém, não se faz isto porque se concorda, melhor, às vezes, fazer
isto com quem se discorda, porque assim, pode encontrar pontos obscuros e de
tangenciamento com nossas opiniões e ideias, assim reformulamos, ou ampliamos
nossos argumentos sobre a visão que temos.
Ao fim,
melhorei a visão que tenho do Mangabeira Unger, porém, melhor que isto foi
poder ampliar o questionamento sobre o que precisa e pode ser melhorado e
aperfeiçoado em nosso país e nossas regiões.
Por tudo
isto o blog sugere que assistam a entrevista abaixo e forme sua própria opinião:
3 comentários:
Também assisti, professor, e achei as reflexões bastante pertinentes sobretudo quanto ao ensino "enciclopédico" ou "decoreba".
Sempre tive o professor Mangabeira em ótima conta, mesmo com sua passagem pelo governo Lula, a quem criticava abertamente.
O professor Unger é um Brasileiro com B maiúsculo em que pese o seu sotaque de Harvard...
Uma boa notícia é que as estatais, inclusive a Petrobás, serão obrigadas a divulgar os salários de seus funcionários. Talves agora possamos descobrir o porquê de, coincidentemente com a posse de Lula, Antonio Carlos Rangel ter abandonado tão rápidamente a nossa planície...
Ótimas observações! Talvez, Anônimo, ele seja [o Unger] o único da vida pública que sabe o que significa ser um brasileiro de verdade - sem medo de exageros! Pena não haver divulgações. Até mesmo a comunidade jurídica, alvo principal das ideias de Unger, costuma lhe renegar - salvo raras exceções.. infelizmente. Cordialmente,
ass. Rafael A. Nunes
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