quinta-feira, julho 05, 2012

Novas estratégias e desafios de uma categoria num Curso do Sindipetro-NF

A convite da diretoria estive na manhã desta quinta-feira, na delegacia sindical de Campos do Sindipetro NF para desenvolver um tema dentro do curso para formação de membros da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) promovido pelo Sindipetro-NF.

O objetivo do curso é o de capacitar os cipistas (ou cipeiros) para atuar na comissão com foco na visão dos trabalhadores sobre a segurança e saúde do trabalhador.

Interessante a iniciativa da categoria em aprofundar o entendimento do assunto com vistas a cada vez mais repartir com o empregador as decisões no ambiente de trabalho.

Na minha ótica, eu sempre defendi que não há como ter uma boa gestão em SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde) sem a participação direta e qualificada dos trabalhadores.

Desta forma é importante que estes trabalhadores usem o seu saber técnico de suas áreas específicas, para ajudar a planejar as ações que garantam o trabalho seguro e intervenham na Cipa, e em outros canais dentro e fora da empresa para mudar o que estiver errado.

Melhor ainda é enxergar o cenário de crescimento econômico do país, do nosso estado e do setor de petróleo para entender, que se vive no presente, um momento importante para se garantir melhorias nas condições de trabalho, nos planos de salários diretos e indiretos, numa nova regulamentação do trabalho offshore, em formas justas de contratações, na realização de concursos, na implantação e planejamento de novas tecnologias, enfim na gestão da produção, que antes de ser um direito do trabalhador é a forma mais inteligente de uma empresa que é da sociedade brasileira, avançar em sua missão.

Não há como fazer isto bem feito sem ouvir e sem ter a participação do trabalhador, que não pode ser vista como uma peça de reposição e nem como instrumento de acumulação de riquezas, mesmo que seja para todo o povo brasileiro.

O maior economista brasileiro Celso Furtado já nos ensinou lá atrás, que crescimento econômico é diferente de desenvolvimento, porque este último pressupõe o desenvolvimento social para além da criação da riqueza, que vista sob o ângulo da economia pode apenas significar acumulação capitalista, mesmo que sob o controle e a gestão do estado.

Este foi o enfoque que usei num interessante bate-papo, em que mais uma vez, antes de palestrar, eu aprendi. Já tinha sido assim na década de 90 quando desenvolvi minha dissertação na Coppe/UFRJ, sobre “O Trabalho Offsshore”.

Tentar juntar as peças do tema "Desenvolvimento Regional, Trabalho Offshore e a política de SMS sob a ótica do trabalhador" foi mais fácil para um grupo qualificado como o que vi no curso. Eles têm muito o que falar, ensinar, interferir e participar da gestão sobre produção, sobre o uso e implantação de novas tecnologias (como do bombeio multifásico e da automação – SBMS, CCO, etc.), sobre os problemas dos projetos, da operação e da manutenção das plataformas, dos riscos da terceirização, dos problemas de saúde dos trabalhadores e dos riscos de acidentes de trabalho e da forma como estão atuando para impedir novas ocorrências.

É pueril, limitante e ideologicamente covarde desejar que a gestão de toda a produção seja completamente  feita prescindindo dos trabalhadores.

A consciência de classe por parte dos trabalhadores pode e deveria ser usada, para a construção de um diálogo e de uma negociação, num nível que permitisse melhores resultados, neste momento único da economia brasileira, em que vivemos o início da entrada em produção da camada pré-sal e de novos ativos da cadeia produtiva do óleo e do gás em nosso país.

Estes, a quem há muito identifico como os Heróis do Petróleo, merecem mais espaço para uma atuação mais ampla e inteligente. Novas gerações de trabalhadores do setor estão sendo incorporados às suas funções sem uma maior e mais qualificada fase de transição, com aqueles que detêm, antes das máquinas e dos sistemas automatizados, o saber fazer real do cotidiano do chamado chão-de-fábrica.

Tudo isto no exercício de um trabalho (offshore) tão distinto dos demais, quanto o fato de ser exercido longe do convívio da sociedade, em ambiente confinado em alto mar, que para uns lembra o lazer, as férias e a aventura e para estes trabalhadores tem representado o desafio de superar o perigo, a ansiedade e as síndromes, em troca do trabalho que os remunera, porém, mais que isto, permite que nosso país, estados e os municípios lucrem e avancem muito para além dos conhecidos royalties do petróleo.

Agradeço a oportunidade em rever o tema e voltar a ter contato com uma categoria que nunca perdeu de vista a importância da construção e manutenção da visão de classe. Sigamos em frente!
PS.: Atualizado e ampliado às 16:52.

2 comentários:

Anônimo disse...

Prof. é um absurdo o que acontece nesta cidade. Hoje interditaram a ponte da lapa a tarde para um recapeamento asfáltico na ponte. O trânsito da cidade parou. A ponte de Rosinha ficou engarrafada, a General Dutra virou um caos... Por que uma obra dessa não é feita depois do horário de pico no período da noite? E irão interditar amanhã novamente! Isso é um absurdo! Isso é um crime!

Anônimo disse...

Professor, tive o prazer de estar na platéia hoje e concordo que o SMS sem a visão dos trabalhadores não agrega valor nem tão pouco traz qualquer ganho a categoria. Como cipista só tenho a agradecer ao senhor, aos demais palestrantes e ao Sindipetro-NF.
A luta sempre continua.
Léo Ferreira.