O blogueiro visando publicação científica organizou a tabela que compartilha aqui no blog com seus leitores-colaboradores sobre o tamanho da PEA (População Economicamente Ativa), o número de empregados e desempregados nos nove municípios da região Norte Fluminense. Os dados são do IBGE e extraídos do Censo 2010.
Eles trazem indicadores interessantes. O percentual indicado na PEA se refere ao total de habitantes, enquanto os percentuais de empregados e desempregados se referem à População Economicamente Ativa (PEA). O blog fez opção de listar os municípios a partir dos dois municípios que polarizam as duas microrregiões: Campos e Macaé.
Além disso, pode-se observar que a maior PEA é da Macaé de 57%, muito acima da média nacional e da região. Isto significa que há no município mais habitantes em idade de trabalho que nos demais, o que é quase natural, para um município que atraiu muitos moradores pela presença de empresas ligadas ao setor de Óleo & Gás. dos município.
Já falamos em nota anterior que o menor percentual de desempregados surpreendentemente é do município de São Fidélis (5,1%), que não tem nenhuma relação com a cadeia produtiva do petróleo e do gás. Já o município de Carapebus é o que tem o maior percentual de desemprego com 12,1% da PEA, seguido de Quissamã com 11,6%, ambos localizados geograficamente na franja de Macaé, base territorial da cadeia produtiva do petróleo e gás.
A leitura que se pode fazer disto é a de que as pequenas empresas, na área urbana ou rural (agricultura familiar), é que devem estar garantindo estes empregos, tanto em São Fidélis, como em Cardoso (8,5%) e Conceição de Macabu com 9,6%.
Os dados do Censo já identificam uma melhora do emprego em SJB com 7,5% da PEA desempregada, que em números absolutos foi contabilizado pelo IBGE em 1.186.
Interessante ainda observar que o número de desempregados em Campos é maior que a soma dos desempregados destes em todos os demais municípios da região, o que, na verdade, segue a relação da população deste município, em relação aos demais na região Norte Fluminense.
Outro dado que pode ser observado é que o total de desempregados do Norte Fluminense de 37,7 mil, é menor, do que os cerca de 50 mil novos empregos, que a implantação do Complexo Logístico-industrial do Porto do Açu (Clipa) promete para toda a região.
É evidente que não se pode imaginar que um poderá suprir o outro, mesmo sabendo que o número de empregos gerados com os empreendimentos do sejam bem menor do que os divulgados pelos EIA/Rima (estudos/Relatório de Impacto Ambiental) dos empreendimentos do Açu. Para aproximar esta conta há que se fazer um grande esforço de escolarização, não apenas, de formação profissional, mas de aumento da escolaridade em todos os municípios de nossa região.
A tabela abaixo, mesmo que alguns questionem os dados do Censo 2010 do IBGE (porém ela trata de dados oficiais), permite uma série de outras análises tanto a nível regional, que é mais interessante e real, do que as análises feitas individualmente por município.
Em Campos, mas não apenas, o debate eleitoral tem passado longe de uma desejável e qualificada discussão do diagnóstico da nossa realidade e de propostas para solução dos problemas, o levantamento pode ser uma contribuição.
Mais uma vez o blog presta a sua colaboração ao debate cidadão, para além da universidade convidando nossos leitores-colaboradores a aprofundarem o debate sobre o tema do emprego.
Certamente este é um dos que mais atraem o interesse do eleitor para a melhorias das suas condições de vida e, especialmente, de sua autonomia política, a ser obtida a partir de sua inclusão no mercado de trabalho, independente dos programas de assistência social dos governos em seus três níveis.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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5 comentários:
Como fidelense, posso dizer qual a impressão que tenho do que explicaria o baixo desemprego em minha terra.
Muitos fidelenses trabalham no eixo Campos / Macaé. Levando em conta que a educação pública básica daqui tem uma qualidade razoável em relação às cidades vizinhas, muitos fidelenses conseguem se empregar de maneira mais fácil ao fazer um curso técnico e/ou uma graduação.
Pode ser só uma impressão, mas penso que seja por isso.
Uma coisa digo com certeza, estes empregos não estão aqui em São Fidélis.
Professor, lendo esta postagem e devido acompanha-lo à algum tempo, lembrei-me de uma outra postagem à alguns meses e fui pesquisar e comparar. Aí eu pergunto: como é que pode um município ter praticamente quase a mesmo quantitativo entre população e eleitores?
www.edisonrocha.blogspot.com
Olá Edson,
Na maioria dos casos trata-se realmente de uma distorção. Isto acontece mais nos municípios menores, onde, o número de votos necessários para eleger um vereador é menor e acaba ocorrendo uma mobilização para que pessoas "levem" seus títulos para lá, muitas vezes amparados pelas facilidades de uma casa de praia, casas de parentes e outros. Trata-se de uma ilegalidade se a pessoa não mora naquele município.
Alguns juízes eleitorais estão apertando e estimulando diligências para conferir o local de moradia do eleitor novo inscrito.
Há ainda o fato de que a contagem populacional é feita apenas no Censo de 10 em 10 anos e os títulos podem ser requeridos a cada ano, assim, os dados de eleitores aparecem mais rapidamente nas estatísticas do que como habitante no Censo.
Assim, há que se observar cada caso, mas, é indiscutível que as desconfianças sobre falsificações são grandes.
Sds.
Olá Rafael,
A sua explicação ajuda sim a entender uma boa parte dos empregos atribuídos pelo IBGE ao município de São Fidélis.
Sds.
Essa questão dos eleitores pode ser explicada pela mesmo motivo que faz com que cidades onde não há emprego como São Fidélis tenham baixa taxa de desemprego.
Aqui em São Fidélis é muito comum os jovens passaram a semana em Campos ou Macaé por motivos de trabalho e/ou estudo. Estes mesmos fidelenses acabam sendo contabilizados nestas cidades no CENSO, não contando em São Fidélis. Mas por serem fidelenses e continuarem morando lá no fim de semana continuam votando em sua terra natal, contando como eleitores de São Fidélis, mas não como moradores. Em cidades muito pequenas isso acaba gerando essas "distorções".
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