Embora presentes, por estas nossas bandas, elas também não são fenômenos locais ou regionais.
Como praga elas se alastraram pelos estados e por todo o país.
A relação familiar na política produz aquilo que na economia se chama de ganho de escala. Produz-se mais com menos.
Elas não são apenas verticais de pais para filhos, mas também horizontais entre esposos, irmãos, cunhados e outros parentes afins.
As propagandas eleitorais regionais e municipais servem bem para se identificar esta multiplicação da profissão familiar política.
A legislação proíbe algumas excrecências, mas não dá conta de intervir em todas as possibilidades que são geradas a partir de um mandato.
Normalmente a formação destas dinastias se dá a partir de uma base eleitoral montada por cargo superior de prefeito, deputado, senador e governador que a dinastia se instala sem que se possa atribuir a ela a pecha do nepotismo.
O nepotismo nasce da indicação para cargo de confiança de um parente, enquanto a dinastia se consolida com os velhos ou novos currais eleitorais, através do voto popular.
Neste caso, o eleitor fiel a um político é chamado (convocado, convidado – o termo mais leve ou mais pesado pode ser de sua escolha) a estender sua fidelidade política eleitoral a um parente próximo do líder a quem apoia.
Não se pode deixar de observar que, em muitos casos, provavelmente na maioria, o parente-candidato, que instala e faz crescer a dinastia, surge como opção após ocupar um cargo de confiança, num processo de nepotismo, onde angaria alguma visibilidade para buscar o apoio popular e o voto na urna.
Além de ser mais barato, porque uma base eleitoral já instalada permite ir elegendo outros parentes em eleições do próprio ou de outros municípios, o ganho em escala dos vencimentos e outros, permitidos pelos mandatos, dão à dinastia um poder e uma capacidade muito superior aos demais candidatos.
Não pensemos que o caso se dá apenas em municípios pequenos. Foi vendo a propaganda eleitoral do Rio (capital) é que fiquei mais impressionado como este processo está se multiplicando.
A matéria deste domingo em O Globo sobre o assunto apenas coincidiu com esta minha percepção. Porém, ela é fraca e pouco elucidativa da quantidade casos e pouco aprofundada sobre como ela se estabelece e todas as suas consequências.
Observando outros casos em nosso estado e em outros vizinhos é possível identificar uma prática que está se consolidando.
O prefeito de um município com o apoio da máquina que tem em mãos, ele elege parentes vereadores em municípios vizinhos.
Depois usando o prestígio eleitoral e financeiro de ex-prefeito ele busca um mandato de deputado (normalmente estadual) com o apoio dos eleitores do seu município e com a base dos parentes vereadores do(s) município(s) vizinhos.
Com esta estratégia ele cria condições para depois ser eleito prefeito nestes outros municípios, ou mesmo, fazer, os parentes-vereadores, candidatos fortes a prefeito em seus municípios.
Em épocas em que o poder econômico é cada vez mais determinante nas chances eleitorais dos candidatos, o uso de mandatos, cargos e base eleitoral já consolidada, tornam estas candidaturas de parentes, quase que uma pule de dez, para usar, um jargão das apostas hípicas, sem que isto signifique qualquer comparação pejorativa.
Assim se dá o processo de enraizamento da dinastia política. Ela depois de instalada garante eleições por mais de uma geração e exige esforços hercúleos para ser ultrapassa e erradicada.
No processo de instalação das dinastias, para o seu crescimento e depois para a sua sustentação ela, normalmente compra, usa ou controla direta ou indiretamente, veículos regionais de mídia, especialmente, jornais e rádios, que se tornam instrumentos indispensáveis para enfrentar as oposições e sustentar a fidelização dos seus eleitores.
Com a consolidação das dinastias políticas, a renovação cada vez renova menos, conserva mais e ajuda a população a aumentar suas desconfianças com a política e com os políticos.
A questão pode ser enfrentada juridicamente, como foi quando a Justiça Eleitoral proibiu que diretamente, os prefeitos, ao final dos seus dois mandatos, pudessem concorrer, sem intervalo de tempo ao mesmo cargo em municípios vizinhos.
Assim, a Justiça Eleitoral poderá criar mais obstáculos aos parentes consanguíneos ou não quando um deles está no exercício do mandato.
Porém, ao buscar saídas nesta linha poderá se estar criando obstáculos que atentem contra a democracia.
Explico: um político, ao se eleger para algum cargo, automaticamente estaria inviabilizando qualquer parente de disputar um cargo eletivo, mesmo que em partidos, coligações e ideologia distinta, e às vezes, em oposição ao grupo político do parente.
Nesta situação, talvez, um dos casos mais expoentes, seria da ex-deputada Luciana Genro do Psol, impedida de concorrer a vereadora em Porto Alegre, por conta do cargo de governador do Rio Grande do Sul, que seu pai, Tarso Genro é detentor, sem que tivesse o seu apoio.
A filha do governador é reconhecida, como tendo se destacado no cenário da política, em situação de oposição ao campo político do pai.
Além de tudo isto, é sempre bom evitar o aumento, já preocupante, da judicialização da política em nosso país.
Sendo assim, para enfrentar o crescimento das dinastias políticas, restaria ao senhor todo poderoso (nestas épocas eleitorais muito cortejados) eleitor, aumentar o seu rigor, a sua análise e consequências na escolha do seu candidato a cada eleição.
A escolha do eleitor é livre na maioria dos casos. O eleitor tem o direito de fazer suas opções, embora, fosse desejável a formação política lhe permitisse avaliar todas as consequências do seu voto, mesmo reconhecendo que o pragmatismo é uma das variáveis que a democracia corretamente lhe concede.
Por fim, mas, não ao final, há que se recordar que somos uma democracia ainda tenra e com imenso espaço para novas aprendizagens.
A relação familiar na política produz aquilo que na economia se chama de ganho de escala. Produz-se mais com menos.
Elas não são apenas verticais de pais para filhos, mas também horizontais entre esposos, irmãos, cunhados e outros parentes afins.
As propagandas eleitorais regionais e municipais servem bem para se identificar esta multiplicação da profissão familiar política.
A legislação proíbe algumas excrecências, mas não dá conta de intervir em todas as possibilidades que são geradas a partir de um mandato.
Normalmente a formação destas dinastias se dá a partir de uma base eleitoral montada por cargo superior de prefeito, deputado, senador e governador que a dinastia se instala sem que se possa atribuir a ela a pecha do nepotismo.
O nepotismo nasce da indicação para cargo de confiança de um parente, enquanto a dinastia se consolida com os velhos ou novos currais eleitorais, através do voto popular.
Neste caso, o eleitor fiel a um político é chamado (convocado, convidado – o termo mais leve ou mais pesado pode ser de sua escolha) a estender sua fidelidade política eleitoral a um parente próximo do líder a quem apoia.
Não se pode deixar de observar que, em muitos casos, provavelmente na maioria, o parente-candidato, que instala e faz crescer a dinastia, surge como opção após ocupar um cargo de confiança, num processo de nepotismo, onde angaria alguma visibilidade para buscar o apoio popular e o voto na urna.
Além de ser mais barato, porque uma base eleitoral já instalada permite ir elegendo outros parentes em eleições do próprio ou de outros municípios, o ganho em escala dos vencimentos e outros, permitidos pelos mandatos, dão à dinastia um poder e uma capacidade muito superior aos demais candidatos.
Não pensemos que o caso se dá apenas em municípios pequenos. Foi vendo a propaganda eleitoral do Rio (capital) é que fiquei mais impressionado como este processo está se multiplicando.
A matéria deste domingo em O Globo sobre o assunto apenas coincidiu com esta minha percepção. Porém, ela é fraca e pouco elucidativa da quantidade casos e pouco aprofundada sobre como ela se estabelece e todas as suas consequências.
Observando outros casos em nosso estado e em outros vizinhos é possível identificar uma prática que está se consolidando.
O prefeito de um município com o apoio da máquina que tem em mãos, ele elege parentes vereadores em municípios vizinhos.
Depois usando o prestígio eleitoral e financeiro de ex-prefeito ele busca um mandato de deputado (normalmente estadual) com o apoio dos eleitores do seu município e com a base dos parentes vereadores do(s) município(s) vizinhos.
Com esta estratégia ele cria condições para depois ser eleito prefeito nestes outros municípios, ou mesmo, fazer, os parentes-vereadores, candidatos fortes a prefeito em seus municípios.
Em épocas em que o poder econômico é cada vez mais determinante nas chances eleitorais dos candidatos, o uso de mandatos, cargos e base eleitoral já consolidada, tornam estas candidaturas de parentes, quase que uma pule de dez, para usar, um jargão das apostas hípicas, sem que isto signifique qualquer comparação pejorativa.
Assim se dá o processo de enraizamento da dinastia política. Ela depois de instalada garante eleições por mais de uma geração e exige esforços hercúleos para ser ultrapassa e erradicada.
No processo de instalação das dinastias, para o seu crescimento e depois para a sua sustentação ela, normalmente compra, usa ou controla direta ou indiretamente, veículos regionais de mídia, especialmente, jornais e rádios, que se tornam instrumentos indispensáveis para enfrentar as oposições e sustentar a fidelização dos seus eleitores.
Com a consolidação das dinastias políticas, a renovação cada vez renova menos, conserva mais e ajuda a população a aumentar suas desconfianças com a política e com os políticos.
A questão pode ser enfrentada juridicamente, como foi quando a Justiça Eleitoral proibiu que diretamente, os prefeitos, ao final dos seus dois mandatos, pudessem concorrer, sem intervalo de tempo ao mesmo cargo em municípios vizinhos.
Assim, a Justiça Eleitoral poderá criar mais obstáculos aos parentes consanguíneos ou não quando um deles está no exercício do mandato.
Porém, ao buscar saídas nesta linha poderá se estar criando obstáculos que atentem contra a democracia.
Explico: um político, ao se eleger para algum cargo, automaticamente estaria inviabilizando qualquer parente de disputar um cargo eletivo, mesmo que em partidos, coligações e ideologia distinta, e às vezes, em oposição ao grupo político do parente.
Nesta situação, talvez, um dos casos mais expoentes, seria da ex-deputada Luciana Genro do Psol, impedida de concorrer a vereadora em Porto Alegre, por conta do cargo de governador do Rio Grande do Sul, que seu pai, Tarso Genro é detentor, sem que tivesse o seu apoio.
A filha do governador é reconhecida, como tendo se destacado no cenário da política, em situação de oposição ao campo político do pai.
Além de tudo isto, é sempre bom evitar o aumento, já preocupante, da judicialização da política em nosso país.
Sendo assim, para enfrentar o crescimento das dinastias políticas, restaria ao senhor todo poderoso (nestas épocas eleitorais muito cortejados) eleitor, aumentar o seu rigor, a sua análise e consequências na escolha do seu candidato a cada eleição.
A escolha do eleitor é livre na maioria dos casos. O eleitor tem o direito de fazer suas opções, embora, fosse desejável a formação política lhe permitisse avaliar todas as consequências do seu voto, mesmo reconhecendo que o pragmatismo é uma das variáveis que a democracia corretamente lhe concede.
Por fim, mas, não ao final, há que se recordar que somos uma democracia ainda tenra e com imenso espaço para novas aprendizagens.
7 comentários:
Importantissimo:
Na prefeitura de Pindorania, o prefeito de fato,com o aval da prefeita de direito, teria autorizado,o pagamento de atrasa
dos(fatura de obras já realizadas, há anos, a citada prefeitura) a empreiteiros da referida cidade. Porém, com uma condicional: Todo o empreiteiro que recebesse seu atrasado da prefeitura de pindorania, teria que desenbolsar, no minimo 25%, do recebido, como parte do "CAIXA 2", para financiar a campanha riquisima, da prefeita de pindorania, candidata a reeleição. Somente de um empreiteiro médio, de pindorania, foram liberados numa única semana, aproximdamente, 10 MILHÕES DE REAIS.Portanto, o prefeito de fato, e a prefeita de direito, ficaram com 2,5 MILHÕES DE REAIS. Daí a campanha riquissima dos candidatos da situação de pindorania, isso afora as contribuições dos demais empreiteiros de porte maior.
Gente essa matéria sobre as poderosas dinastias me assusta pois em Campos e região vemos a dinastia Garotinho que quer comandar novamente o estado e não larga a prefeitura de Campos a preço nenhum; a dinastia Barbosa Lemos que hoje comanda a prefeitura de São Francisco e a dinastia Machado que além de comandar a prefeitura de São João da Barra quer expandir seus tentáculos por Campos comandando uma verdadeira barbárie colocando placas ao vento. Dessa forma prejudicando os candidatos de nossa Terra que não podem competir com o candidato de SJB!
...e, "last but not least", a dinastia do PT, se eternizando no poder, aparelhando a máquina pública, imprensa, mensalão, "forçando tal e qual" a eleição de prefeitos,etc. TUDO RIGOROSAMENTE IGUAL.
Como diz aquela bigodudo de jaquetão, dinastia sarney, é o "puder"!!! Qualquer discussão, meu nobre, tem que ser isenta. Falei.
Comentário das 09:12:
Ninguém isentou nada neste texto.
Porém, a discussão partidária corre paralelo ao tema da dinastia que se refere ao uso das famílias para domínio político.
Os partidos todos, são da sua natureza, lutar para ampliar e manter os seus espaços junto ao eleitorado.
Há diversos locais e regiões onde o PT faz o mesmo usando a família para poder manter o poder local/regional. O texto não isentou ninguém, muito menos os partidos.
FHC fez o mesmo com os seus só que nunca ostentou popularidade que ajudasse, por isso, inclusive Serra, em 2002, escondeu o seu apoio.
As dinastias se referem ao ambiente da política, local, regional, no máximo, ao estadual.
Com a tentativa de embrulhar as coisas fica perceptível a intenção em esconder uma destas dinastias. O que é seu direito, porém, sem querer embrulhar tudo.
Sds.
Temos muitas dinastias mais. Umas com mais ou menos sucesso. Dauaire, Carneiro, Lopes, Picciani e outras Brasil afora: Bias Fortes, Jereissati, Gomes, Cunha Lima etc.
O traço comum entre elas não é o poder. É a ganância.
O fim do FINANCIAMENTO PRIVADO OU MELHOR EMPRESARIAL DE CAMPANHA eleitoral, pelo FINANCIAMENTO PÚBLICO DE CAMPANHA, ao meu ver diminuiria esse poder, dessas dinastias que vez em quando se instalam, em um estado, ou região.
Aqui em Campos, vemos com clareza, esse poderio, da DINASTIA DOS GAROTINHO, Campanha riquissima,financiada por empresários e empreiteiros, que ajudariam, $$, com uma das mãos e receberiam, $$$$$$$$, com a outra mão. Percebe-se que, não falta dinheiro algum,para esse casal da Lapa, ao contrário nota-se que, sobra, dinheiro. São placas e mais placa, adesivos em carros e agora, vários FIAT UNO, na cor cinza, que estariam a serviço do casal da Lapa, pelo municipio.
Fernando Collor protagonizou um capitulo terrivel para os livros de história; o povo assumiu o papel de mocinhas e herois... Se há democracia, cabe ao povo decidir em Campos, as urnas responderão, não os interessados em resultados. Voltando aos caras pintadas, hoje, coadjuvantes da politica moderna.
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