terça-feira, setembro 25, 2012

O uso do espaço publico na visão do leitor-colaborador do blog

O blog recebeu e publica abaixo texto do servidor público George Maia:

"O bom senso no uso do espaço público evita conflitos desnecessários"

"Caro professor Roberto e acompanhantes do blog:

A questão do uso dos espaços públicos nesse município é, deveras preocupante.

Hoje pela manhã, me deparei com uma cavalete de madeira, medindo aproximadamente 1,50m de altura x 0,80m de largura na minha calçada. Era uma placa de propaganda de um recém criado depósito de água mineral na minha rua, depósito este clandestino, ou seja, sem alvará de funcionamento.

Prontamente fui até o referido “depósito” que fica numa residência da minha rua e perguntei a um rapaz se era ele o responsável pelo mesmo. Ele disse que sim. Eu pedi a ele que retirasse aquele cavalete da minha calçada, quando ele retrucou com um “por quê ?”. Respondi dizendo que, em primeiro lugar porque eu não queria aquele cavalete ali, em segundo lugar porque não fui consultado sobre a colocação do mesmo, em terceiro lugar, pelo cavalete estar atrapalhando o trânsito de pessoas pela calçada e, também pelo fato de não ser sócio dele naquele negócio de revenda de água mineral. O jovem olhou para mim e disse: “- É por isso que ninguém gosta do senhor aqui nesse bairro...”

Essa fala me deixou perplexo, pois nesse município para você ser querido pelas pessoas tem que consentir, coadunar e coagir com suas loucuras acerca do uso do espaço público, caso contrário será taxado de vizinho esnobe ou mal humorado.

Refletindo mais calmamente e fazendo uso da razão, procurei nas bases históricas deste município o porquê disso tudo.

As práticas de senhorio e domínio além do compadrio, sempre permearam as relações entre membros da sociedade campista. Afinal de contas, vivemos atualmente em pleno século XXI e ainda assim, produtores de cana e usineiros fazendo uso das queimadas a séculos, poluem o ar atmosférico, degradam os solos da região e ainda sujam lares e promovem doenças respiratórias, sem que ninguém possa fazer efetivamente nada, absolutamente nada. Esse desrespeito público e notório àquilo que é classificado como bem comum (solo, ar, água, etc), essa invasão de privacidade pública e notória quando maliciosamente sujam lares com a famigerada fuligem, esse descaso público e notório com os outros habitantes do município, tudo isso reafirma a sociedade campista como conservadora, não no sentido cultural da palavra, mas um conservadorismo retrógrado, cuja característica marcante é a tendência ao egoísmo de opinião, um egocentrismo sociopata* de proporções assustadoras.

Infelizmente, não sabem fazer uso daquilo que é público como ruas e calçadas e o pior: essa informalidade, no que tange à oferta de produtos e serviços, está trazendo sérios prejuízos à sociedade. Se por uma lado os empregos informais são geradores de renda para o sustento de famílias, por outro há de se conceberem regras para que os estabelecimentos comerciais funcionem causando danos mínimos à população ao redor dos mesmos. Para isso o pretenso “comerciante” tem, em primeiro lugar que estudar para poder conceber e avaliar mecanismos eficazes de propaganda e marketing de baixo custo e que não causem prejuízos no dia a dia da população. E não para por aí não... têm também que continuar estudando para viabilizar seu negócio da melhor maneira possível, não somente do ponto de vista econômico e financeiro, mas também na relação com seu público alvo, os consumidores.

Infelizmente o consumidor brasileiro está cada vez mais exigente em relação à qualidade dos produtos ofertados, mas ainda está longe de exigir das empresas e comerciantes outros níveis de qualidade no que diz respeito às questões ambientais, sociais ou sócio culturais e de melhoria da qualidade do ambiente onde está inserida a empresa ou o comércio.

Não basta termos empresas e comércios que vendam bons produtos e com preços atraentes. Temos que exigir que os mesmos cumpram seu papel social, não somente em relação ao trato com seus funcionários, mas também em relação ao trato com a comunidade do entorno.

Reduzir drasticamente todo tipo de poluição, seja do ar, sonora e visual, respeitar os limites entre áreas particulares e espaços públicos, isso é fundamental.

Quando prefeituras permitem a instalação de comércios informais sem alvará de funcionamento e sem as visitas de entidades fiscalizadoras (conselhos de classe; vigilância sanitária; órgãos regulamentadores em níveis federal, estadual e municipal, etc) faz do comércio informal uma atividade obscura aos cofres públicos e aos organismos reguladores, dando uma noção de total liberdade ao pretenso “comerciante”.

A prefeitura, embora possua um excelente código de posturas, parece vendar os olhos perante tais irregularidades, dando a entender que o compadrio e o toma lá dá cá são mais importantes que por a cidade em ordem e retira-la do caos atual em que vive.

Todo comércio causa um dano à população do entorno, mesmo que bem estabelecido e dentro das normas de higiene e segurança. Sem fiscalização e deixando “correr solto” a situação só se agrava, notadamente nas periferias distantes do centro, onde não existe a presença de órgãos fiscalizadores.

Os espaços públicos já não pertencem mais aos “sinhozinhos” escravagistas do ciclo da cana, coloquem isso em suas mentes e serão felizes em bem sucedidos. Os habitantes desse município têm que aprender a respeitar as leis.

Respeitem as calçadas, respeitem as ruas, que não são lugares adequados para comércios e propagandas.

* - Nota: explicando o egocentrismo sociopata.
Para melhor compreensão do leitores do blog tentarei, brevemente, explicar melhor essa colocação. Quando um indivíduo acha que as coisas no mundo devem apenas lhe beneficiar e lhe agradar, em detrimento das opiniões, sentimentos e crenças das outras pessoas, esse indivíduo é um sociopata. Quando acha que o mundo e todas as coisas giram única e exclusivamente em torno de sua pessoa, é um egocêntrico.

George Maia
Servidor público."

11 comentários:

Anônimo disse...

Caro George;

Me solidarizo com sua indignação e colocação sobre nossa herança cultural.
Realmente, os espaços públicos da cidade estão caóticos. Mas é um tipo de caos controlado. E o controle é exercido exatamente por aqueles que deveriam fiscalizar estes espaços. Na verdade existe um loteamento destas áreas que atende à vários interesses: de vereadores a pequenos empresários.
Veja a "nova" barraca (ou sei lá o que seja aquilo) na esquina da Pelinca com a Rua Conselheiro José Fernandes, calçada do Santander...
Alem da falta de educação cidadã dos nossos conterrâneos, estamos mal servidos urbanisticamente falando.
Desculpe o que digo daqui pra frente. Não o faço por mal, mas é minha opinião sincera:
Pelo seu texto, é fácil evidenciar que o senhor nunca teve uma empresa. Se teve, faliu. E se vier a ter, será tambem este o destino. Não por sua incompetência ou pela suposta antipatia alegada pelo seu vizinho. Será pela sua frustração ao verificar que não será possível conciliar discurso com ação.
Abraços.

Grieg disse...

Se um dia eu for dono de algum estabelecimento comercial jamais usarei calçadas e espaços de vizinhos para fins comerciais ou quaisquer outros fins, pois faz parte da minha formação o respeito à propriedade alheia.
Um abraço !

George Maia

Anônimo disse...

1 - O Psicopata Carente de Princípios: Este tipo de psicopata se apresenta freqüentemente associado às personalidades narcisistas e histéricas. Podem até conseguir manter-se com êxito nos limites do legal. Estes psicopatas exibem com arrogância um forte sentimento de autovalorização, indiferença para com o bem estar dos outros e um estilo social continuamente fraudulento. Existe neles sempre a expectativa de explorar os demais (esse traço pode corresponder ao estilo dominante dos Psicopatas Primário e Secundário de Blackburn).
Há neles uma consciência social bastante deficiente e se faz notória uma grande inclinação para a violação das regras, sem se importarem com os direitos alheios. A irresponsabilidade social se percebe através de fantasias expansivas e de grosseiras, contumazes e persistentes mentiras.

Anônimo disse...

George:
Obrigado por ler e responder. Espero que não tenhas ficado chateado com meu comentário.
Não fiz as considerações pensando neste seu vizinho medíocre que desconhece boas maneiras na mesma proporção que desgoverna seu negócio. De fato, ocupar calçadas é uma abominação que nossa cidade é pródiga e permissiva. Alem dos informais, permite os formais de ocupem quiosques sem a menor estrutura ou capacidade operacional.
Falo, principalmente, na sua exigência quanto as "questões ambientais, sociais ou sócio culturais e de melhoria da qualidade do ambiente onde está inserida" a empresa. Ainda não estamos neste estágio e não é pelo descaso dos empresários (mais uma vez não falo do seu vizinho, que nem deveria ser classificado assim). A questão central é QUEM PAGA POR ISSO? O custo de tratar estas questões dignamente, não é aceito nem por você, nem por mim, nem por ninguem...
Quer experimentar? Abre uma empresa.

Saudações

Anônimo das 4:28 PM

Grieg disse...

Ou mudamos nossa sociedade e, quem paga somos nós mesmos, se tivermos um dia os impostos sendo bem aplicados, ou morreremos, gerações após gerações, no fosso da ignorância social.

Acredito, caro amigo, plenamente na teoria de que nossa sociedade está psiquicamente abalada. E como isso se deu ? Vou tentar ser breve... Isso se deu pelo fato de não conseguirmos gerenciar nossa liberdade com responsabilidade, respeito próprio e para com os outros.
Para piorar nosso país cultua o boçalismo, a ignorância, o ócio, a bestialização e o banditismo. Ou seja, não sabemos até hoje cultuar o bem, as coisas boas (imateriais).
Para piorar mais ainda, são centenas de milhares de igrejas, seitas, deidades, divindades e afins que nada educam e ferem ainda mais o bom senso ou aguçam a falta dele...
Não acredito em mais nada, família, religiões (nunca acreditei nelas...), instituições. Tudo aqui não passa de uma ilusão. Leis, casamentos, amizades, vizinhança, governos, tudo ilusão.
Somos o âmago da falsidade social, da bestialidade humana, da hipocrisia consentida.
Tínhamos tudo para dar certo: recursos naturais em abundância, heterogeneidade étnica e diversidade cultural. Infelizmente a loucura e a sociopatia dominam nosso país. Somos todos loucos de pedra e isso nunca vai mudar.
Cordiais saudações e um fraterno abraço !
George Maia

Anônimo disse...

Enquanto as leis nesse país forem aplicadas somente em determinados grupos da sociedade, dará nisso.
Por quê a fiscalização da posturas se restringe somente à área central do município ? Para maquiar a cidade com uma pseudo ordem que não existe de verdade ?

Anônimo disse...

Educação de qualidade e choque de ordem, eis a questão.

Anônimo disse...

Acho que o problema maio é a falta de competência administrativa, ou falta de interesse ou corrupção, quem sabe? Se existe um código de postura, nunca foi aplicado nessa cidade, mora nas proximidades do Senhor George e vejo o que é aquilo, em todo o Novo Joquei se percebe construções com com certeza se essa cidade tivesse um controle não permitiria.Vemos terrenos com frente de 2, 3 5 6 metros,agora pode se imaginar o tipo de construção que sai poe aí! Passe pela rua Rosa Montezano, um horror, comércio ocupando as calçadas, que por sua vez não tem padrão, tem lugar com 1meto, outros com 2, outros com 3. Tem abatedouro sem nem uma norma de higiene, ou seja, mais parece uma favela, e essa é a principal rua do bairro, com altíssimo movimento de carros, onde um grande número de pessoas e alunos quando saem da escola arriscam suas vidas andando pelo meio da rua, pois simplemente não tem calçada ou ela está ocupada po placas, mesas ou até mesmo instrumentos de trabalho do dono do comércio, por exemplo máquina de solda em funcionamento, carros sendo concertados na calçada e por aí vai. Entendo a desesperança do autor do post. E o pior que essa falta de conduta é na cidade inteira a nossa administração não faz nada.

Anônimo disse...

Um corretor de imóveis amigo meu me disse dias atrás: "- O Jóquei será sempre O Jóquei..."

Tirem as conclusões que desejarem.

Anônimo disse...

O bairro Jóquei sofre forte processo de favelização graças ao descaso das autoridades competentes. Não só o lado do Novo Jóquei mas o lado do Jóquei 1 e Jóquei 2.
Esses comércios irregulares fazem o que querem, acabam com o bairro.
No fim de semana, o dono da academia RF FITNESS ficou até as duas horas da manhã com maquita em pleno funcionamento.
Entendo o que diz o senhor George, que tudo isso demonstra problemas mentais das pessoas.

Anônimo disse...

Para entrar numa faculdade a pessoa tem que prestar concurso vestibular, fazer algum tipo de prova do governo;

Para entrar no serviço público o candidato tem que ser aprovado em concurso;

Para trabalhar na Petrobrás, idem;

Para ser comerciante basta QUERER !

QUALQUER BOSTA PODE SER COMERCIANTE NOS DIAS ATUAIS.