A Anglo American, mineradora britânica que comprou da MMX ( grupo EBX) o projeto Minas-Rio de exportação de minério de ferro, através do Porto do Açu, informou que poderá aumentar as estimativas de gastos no projeto.
A Anglo pagou, em outubro de 2007, US$ 6 bilhões, à EBX para ficar com o sistema Minas-Rio. Inicialmente a mineradora avaliou que gastaria US$ 3,8 bilhões para o sistema. Em dezembro, do ano passado, a Anglo já fazia os cálculos em investir para além dos US$ 5,8 bilhões, para começar a operar o sistema e exportar o minério pelo Porto do Açu. Agora já sinaliza que precisará investir mais.
O projeto já sofreu quatro atrasos. Os problemas maiores são no licenciamento ambiental na saída do mineroduto no município de Conceição de Mato Dentro, em Minas Gerais.
É oportuno lembrar que todo o sistema Minas-Rio é hoje da Anglo American, incluindo mineroduto, os filtros instalados no porto do Açu e também as correias transportadoras que levarão o minério de ferro até o terminal TX-1 no Porto do Açu.
Na atividade, a LLX, empresa de logística do grupo EBX, apenas receberá pelo aluguel das áreas onde dois grandes filtros estão sendo instalados, junto com as correias transportadoras, assim como no pagamento do uso do terminal portuário, o TX-1, para exportação do minério.
Os dois grandes grupos Anglo e EBX estão felizes com o negócio. Foi com os US$ 6 bilhões da venda do Minas-Rio, que o grupo EBX avançou na implantação da OGX (empresa de petróleo), alugou sondas e passou a perfurar poços, adquiriu plataformas e passou a produzir petróleo, deixando de lado o minério.
Já a Anglo American teve acesso a uma grande reserva e a um projeto de exportação de minério, o seu principal negócio na Inglaterra, África do Sul entre outros lugares.
A venda do chamado ativo para a Anglo só foi possível porque o minério nesta época, saiu do patamar de US$ 10 para US$ 100 a tonelada, uma valorização de dez vezes.
A Anglo não reclama disto. Já está vendendo a mina do Amapá adquirida da MMX (EBX) no mesmo pacote da venda do Sistema Minas-Rio onde agora concentra suas atenções.
Para avaliar o ganho em logística que a Anglo tem com este negócio, saibam, que a Vale gasta, para transportar uma tonelada de minério de ferro, por ferrovia, entre Carajás no Pará, até o porto de Itaqui no Maranhão a quantia de R$ 25. Enquanto isto, o transporte por mineroduto tem um custo de apenas R$ 1,50 por tonelada.
Considerando tudo isto e o fato de que o preço do minério de ferro no mercado internacional, mesmo com os soluços da economia chinesa, continua na faixa dos US$ 120, não há mesmo o que reclamar com o gasto de mais uns milhões de dólares.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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