O grupo ítalo-argentino Techint que é dono das siderúrgicas Ternium na Argentina, México e EUA, que chegou a separar R$ 5 bilhões para investir numa siderúrgica, já licenciada no Açu, no Distrito Industrial de São João da Barra no Açu, e que depois colocou todo este dinheiro, para ficar com 22% da Usiminas, em Ipatinga, MG, agora, está na lista de sete grupos interessadas em adquirir a siderúrgica CSA, instalada em Santa Cruz, Rio de Janeiro, pelo grupo alemão Tyssen.
Os outros grupos que apresentaram ofertas para ficar com a CSA foram: a coerana Posco; a japonesa JFE; as americanas Nuccor e US Steel, a franco-indiana ArcelorMittal (proprietária da CSTubarão no ES) e a CSN. Falam também na participação da chinesa Baosteel.
O valor estimado para ficar com a CSA que tem capacidade de produção de 5 milhões de toneladas de placas de aço é de US$ 2,5 bilhões. Diz-se que o grupo Tyssen teria gasto US$ 7 bilhões para construir a CSA. Assim teria um prejuízo de US$ 4,5 bilhões com o negócio.
A CSN, único grupo nacional no negócio busca articulação com o BNDES para ficar com a empresa, oferecendo para isto a garantia de ações que possui da Usiminas.
Como se vê o emaranhado dos capitais nacionais e estrangeiros é grande.
E o que isto tem a ver com a nossa região?
O blog já explicou aqui em nota esta relação. A área do DISJB é fruto dos grandes problemas com as desapropriações de terra de pequenos proprietários.
Antes, o grupo EBX planejou usar a área da Fazenda Caruara, de quase 5 mil hectares de restinga, para fazer o seu distrito industrial, mas, ela teve que ser usada para uma unidade de conservação (RPPN).
Sobre o assunto o líder do grupo EBX se referiu assim, na entrevista, no último domingo, 21 de outubro, no jornal Folha de São Paulo: "Investi lá atrás, em 2005. Para licenciar essa geringonça, dei metade da área para o [secretário estadual do Meio Ambiente, Carlos] Minc. Não queria que o cara me atravancasse."
Assim, entrou o governo do estado com a Codin, desapropriando pequenas propriedades para a viabilização do DISJB, o que garantiria a condição de porto-indústria (Maritime Industrial Development Area - MIDAs ou ZIP - Zona Portuária Industrial) ao empreendimento, que desta forma, se transformaria, aí sim, num complexo, com um empreendimento sendo fornecedor do outro, com energia e com logística para escoamento da produção.
No desenho institucional do DISJB ele é do governo estadual através da Codin. Só que a sua constituição foi atrelada a uma PPP (Parceria Público Privada) - em termos que até hoje, não são conhecidos - que prevê um conselho gestor, onde o maior parceiro da Codin (pelo governo do ERJ), seria o grupo EBX, através de sua empresa de logística, LLX, que implantaria toda a infraestrutura do DISJB, com arruamentos, iluminação, fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e lixo (e demais resíduos) e assim se tornaria líder do chamado de um projetado "Conselho Gestor do DISJB".
Tudo isto vinha caminhando, com problemas, mas seguia caminhando, até que com a provável desistência da vinda da Ternium, que usaria uma área de quase 10 Km², para a instalação da sua siderúrgica, o DISJB, ficaria, por ora, sem a previsão da instalação de outros empreendimentos, e assim, sem utilização, o que permitiria colocar em questionamento, a continuidade do processo de desapropriação que a Codin leva adiante.
O empresário Eike Batista disse, na mesma entrevista à Folha de São Paulo citada acima:
"Projetos atrasam. A siderúrgica da Térnium era uma âncora inicial [do porto do Açu] e não veio ainda por falta de gás natural. Mas o Açu se transformou em um polo para a indústria "offshore". A Technip, a National Oilwell Warco, a Intermoore e a Subsea7 já estão colocando suas estruturas lá. Só esse pessoal paga R$ 100 milhões de aluguel, antes mesmo de o porto funcionar. Diante desse contexto, dane-se a siderúrgica."
O fato se dá porque os demais projetos em andamento e projetados como a Usina Termelétrica à gás (UTE), Unidade de Tratamento de Petróleo (UTP), além do porto (LLX) e do estaleiro (OSX), estão sendo implantados ou foram projetados em áreas já adquiridas pelo grupo EBX.
Todo o processo relatado acima merece análise e medidas das autoridades que têm poder de regulação e fiscalização definidas em lei.
PS.: Atualizado às 16:42: Para ajustes e correções no texto visando uma melhor compreensão do mesmo, sem, modificar o seu conteúdo básico.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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2 comentários:
É a baderna institucionalizada neste país!
ABSURDO.
Roberto,
Como já escrevemos, você e Pedlowski com muito mais estofo acadêmico e detalhes, trata-se de um "estelionato".
Criou-se e "justificativa" do distrito industrial, que implicaria em interesse público para dar causa as desapropriações, montou-se o mito ideológico do "desenvolvimento", para rotular críticas e esmagar opositores, e pronto:
Nada mais, nada menos que a boa e velha grilagem, neste caso com as bençãos e chancela do governo do estado, através do erário, neste emaranhado de Codin, PPP, etc. Tudo com intuito de levar qualquer lide judiciária aos labirintos da Justiça, que levaria anos até que se definisse a qual juízo caberia a competência para processar a ação.
Uma fraude sofisticada, mas nada menos que uma fraude.
A maior desrreforma agrária do mundo.
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