A desapropriação das terras da antiga Usina Cambahyba é simbólica por diversos motivos.
Primeiro pelos depoimentos refentes a práticas divulgadas sobre a queima de corpos de presos políticos do regime militar que estão sendo apuradas pelo Ministério Público Federal.
Em segundo lugar pela improdutividade delas segundo as regras passíveis de desapropriação.
Coo terceira argumentação pelo fato da sua localização em um dos vértices do triângulo do território onde se localiza o empreendimento do Açu e se estende os principais e mais diretos impactos de sua ocupação industrial e logística.
Os outros dois vértices poderiam ser considerados em Atafona na foz do Paraíba do Sul e o outro extremo o Farol de São Tomé, tendo no interior deste triângulo toda a nossa Baixada.
O vértice do triângulo no Farol pode ser expandido até Quissamã, onde se encontrará com o outro empreendimento de Barra do Furado, incluindo toda a Lagoa Feia e outras áreas de conservação ambiental.
É simbólico que em meio à ocupação do solo para fins industriais, como os autorizados, inclusive com desapropriações à força, sem nenhuma prévia ordenação do território, cujo planejamento o governo estadual até agora ignorou.
Melhor, o estado abandonou sua condição de representantes de todos, tomou partido e se restringiu única e exclusivamente, a criar as condições gerais de produção, viabilizando o DISJB e o Corredor Logístico para o empreendedor, deixando completamente de lado as comunidades e outros interesses de toda a sociedade.
Um grande projeto de assentamentos rurais, agricultura familiar e orgânica, articuladas com o mercado consumidor local, que já está em crescimento pelo adensamento populacional, certamente, deveria ser desejado, tanto pelos empreendedores do polo industrial e de logística, como por outros interessados no beneficiamento e comércio de alimentos.
O Programa Rio Rural que hoje tem recursos e projetos bastante interessantes de incentivo à realidade local/regional, e se baseia na ideia dos "Territórios Rurais", bem que poderia ser o articulador deste projeto que precisaria de muito menor volume de recursos, para apoio e desenvolvimento, do que aquele que Estado está emprestando ao empreendimento do Açu.
Confira a configuração territorial do que foi comentado acima no mapa abaixo. Outras sugestões e debates sobre o assunto são muito bem vindas e o blog entende que servem aos que hoje têm a responsabilidade de fazer a gestão de políticas públicas para a região.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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3 comentários:
Dr. Roberto, de tanto briga, de tanto esbravejarem, pelos BILHÕES DE REAIS, dos Royaltes, disponiveis, nas mãos de políticos de nossa região, que chamou a atenção de políticos de todo Brasil e agora a coisa ficou feia.
Todos os políticos, especificamente os de nossa região, teriam roubado dinheiro público, oriundo dos royaltes, através de superfaturamento, e esse fato, chegou ao conhecimento dos parlamentares e aguçou, o interesse por esse dinheiro dos royaltes. Essa picuinha entre nossos políticos campistas, ajuda a botar lenha na fogueira, com relação a essa questão. Com isso, qem poderá sair perdendo vai e sempre será os mais pobres.
O estado do rio de janeiro tem que produzir outras coisas além de petróleo. Aliás, o termo "produção de petróleo" está totalmente equivocado, já que o certo seria "exploração de petróleo" pois o mesmo não se produz, se extrai (=explora).
Mais um episódio triste de invasão da propriedade alheia. Mais uma Usina São João na conta do MST, que faz de tudo em Campos menos reforma agrária. Nas terras da antiga Usina São João se faz de tudo menos plantar, muito menos colher ou agricultura orgânica ou de qualquer espécie. Revoltante. Antes de se resolver uma questão já se implanta outra que vai pelo mesmo caminho, atender apenas a interesses alheios e escusos. É muito especulativo a invasão de uma área que sofrerá mudanças extremas em pouco tempo e servirá para tudo menos para agricultura, muito menos orgânica que nunca abastecerá os mercados emergentes da região. É uma pena que mais uma vez Campos está na contramão da história, enquanto o Brasil todo está investindo pesado em cana-de-açúcar estamos dizimando nosso parque industrial ao invés de reformá-lo ou reformulá-lo. Pena. Pena mesmo. Deixe o desenvolvimento agropecuário para Goiás e etc e deixe nossos VERDADEIROS AGRICULTORES MORREREM À MÍNGUA.
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