Está cada vez mais próximo o anúncio do uso de aluguel de área junto ao TX-2, ainda em construção, para servir de base de apoio às atividades offshore de exploração na Bacia de Campos pela Petrobras.
O Porto (terminal) de Imbetiba da Petrobras é hoje um gargalo enorme. A estatal está perdendo muito dinheiro com embarcações levando dias para movimentar (embarcar e desembarcar) equipamentos e contêineres.
Em 2010, a Petrobras tinha 287 embarcações contratadas como barcos de apoio. Em 2020 a previsão é de 568 embarcações operando na área de perfuração e produção. Um número expressivo que aumentará a demanda de portos (e pieres) para suas movimentações.
O aluguel de alguns barcos que fazem este serviço é caro. Alguns custam muitas dezenas de milhares de dólares por dia.
A Maersk, uma empresa de logística dinamarquesa, que atua no segmento de petróleo offshore no mundo, está no Brasil com 15 navios. As suas embarcações têm taxas de afretamento entre US$ 65 mil e US$ 70 mil por dia.
Segundo as informações do blog há dia que a fila para embarque/desembarque em Imbetiba chega 30 barcos de apoio.
A necessidade de transporte aumentou na mesma proporção da entrada em manutenção das mais antigas plataformas da Bacia de Campos.
A inteligência de planejamento em logística desta área que antes concentrava sua atuação, quase que exclusiva em Macaé, agora, tem base em Vitória, no Rio e uma grande base de apoio sendo montada em Santos.
Tudo isto contribui para que os gargalos de Macaé se ampliem e demandem uma nova base. A alternativa estudada antes, de instalação de uma base em Anchieta, no Espírito Santo, não decolou por diversos motivos.
Daí que é quase natural, um acordo da Petrobras com a LLX para a utilização do Porto do Açu.
O problema maior é que a logística rodoviária para transportar carga até o Açu não será resolvida no curto prazo, porque depende do corredor logístico que passará por Campos e usaria a BR-101. A alternativa do transporte ferroviário sofre o mesmo problema.
Por outro lado, o uso da rodovia RJ-196 que passa por Quissamã, Barra do Furado, Farol e será ligada à nova ponte SJB-SFI, cortando a BR-356, ainda está sendo articulada pelo governo estadual através do DER-RJ.
A hipótese do uso do Porto do Açu, já estaria sendo estudada por técnicos da estatal com grandes chances de ser fechada em 2013. O fato confirmaria o que o blog levantou neste espaço sobre as atividades do Complexo do Açu cada vez mais ligada à cadeia do óleo e gás.
O mais interessante disto tupo é lembrar que a estatal, em 1999. quando do lançamento da ideia do Terminal Oceânico do Açu seria um dos três grandes investidores do empreendimento. Nesta época Eike Batista ainda morava no exterior.
Seis anos depois, em 2005, sem interesse da Petrobras e da Vale, o projeto inicial foi entregue gratuitamente ao Eike Batista que, em pouco mais de duas semanas, fechou a compra das duas fazendas, base do desenho inicial do que se chama hoje de Complexo do Açu.
Enfim, continuaremos acompanhando e conferindo os desdobramentos.
PS.: Atualizado às 12:08: O blog recebeu mais uma confirmação do que está informado acima: "A Petrobrás já tem uma sala montada no Porto do Açu, além do mais, já faz parte do planejamento da Petrobrás o uso do Porto Açu para atender suas demandas de logística".
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
4 comentários:
Sem a duplicação da BR 101, nada vingará no Porto do Açu e em Barra do Furado.
A duplicação da BR 101 está muito atrasada. Já passou da hora de ser concluída. Como está, a BR 101 é um gargalo que inviabiliza um maior desenvolvimento do Norte Fluminense.
Enquanto isso nossos representantes no Congresso Nacional repartem os royalties entre todos nos deixando a ver navios, literalmente. Talvez a máxima "cada povo tem o governo que merece" seja real mesmo.
Roberto Moraes vendo a sua postagem, me lembro sobre a importância de o jovem ser inserido no mercado de trabalho. O deputado estadual Roberto Henriques é autor de uma emenda que visa dar incentivos para que as empresas invistam em programas de estágio para os jovens e também para que sejam gerados os chamados primeiros empregos. Trata-se de um excelente projeto, que merece ser sem sombra de dúvidas louvado e divulgado.
O Anônimo das 12h14min tem razão, assim como o professor quando se refere ao corredor logístico.
Hoje o "corredor logístico" do Açu é a avenida Arthur Bernardes, cujas faixas estreitas (de autoria da intelligentsia campista) obriga aos caminhões articulados que prestam serviço à Acciona, ocupar duas faixas no trajeto. E isso não é o pior.
A consequência deste trânsito pesado em área urbana é fácil de ver: buracos na curva a 90° com a 24 de outubro (prolongamento da 28 de março); necessidade de "abrir" a curva para executar a manobra, "fechando" os automóveis que vem pela direita (já houve colisão); esfacelamento total do piso em paralelepípedos e terra no trecho da Arthur Bernardes ainda (e eternamente)em obras, localizado no Flamboyant II; lentidão no trânsito quando os caminhoneiros resolvem andar em comboio, formando algo parecido com uma composição de trens e outras mais...
E quase ninguem se importa!
É preciso ter cuidado com estas empreiteiras do Açu que não vem para a região para ficar. Em sua estadia na cidade, que oscila ao sabor dos contratos, eles não se importam com os danos, seja ao ambiente, à malha urbana ou às pessoas. Se não forem obrigados a mitigar os efeitos de sua atividade, eles não o farão.
Novamente cabe ao poder público controlar os eventuais danos e regular esta relação.
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