segunda-feira, dezembro 10, 2012

Confecções começam a ser produzidas em Gana, na África

Continuando a observar as estratégias de capital, para buscar produção com menores custos e novos mercados, é possível perceber que as ações são as mesmas, o que muda são os territórios onde a produção gerará lucros e permitirá a sua acumulação.

Resta saber o limite para estas estratégias. Veja abaixo dois trechos da reportagem do The Wall Street Journal "Gana desponta como novo polo do vestuário". Se desejar ler a matéria na íntegra clique aqui. Os grifos no texto são do blog:

"... A mudança ocorre agora que os fornecedores globais buscam a mão de obra africana, de baixo custo e de língua inglesa, assim como os portos da África Ocidental, que ficam a uma distância dez dias menor da costa leste dos Estados Unidos do que as fábricas de vestuário asiáticas.

"Dez dias fazem uma diferença enorme no ramo do vestuário", diz Clifford Schiffman, diretor de compras mundiais para a Itochu Prominent USA LLC. Essa atacadista de roupas, divisão do conglomerado japonês Itochu Corp., pretende encomendar de Gana até US$ 50 milhões em camisas e calças sociais ao longo dos próximos três anos, com planos de vender a maior parte para a rede Wal-Mart Stores Inc.

"A África, para mim, é o novo polo de fabricação de vestuário", diz Schiffman.

Pessoas que buscam locais para fabricar têxteis, como Schiffman, estão procurando a África Ocidental agora que a Índia, Malásia, Tailândia e China vêm aumentando seus salários mínimos. Na China os salários subiram 10% apenas nos dois primeiros meses deste ano, reduzindo as margens de lucro para os atacadistas, de acordo com o banco de investimentos Standard Chartered PLC.

Este ano, a Wal-Mart comprou mais de meio milhão de uniformes hospitalares da Lucky 1888 Mills Ltd., de Gana. A Liberty & Justice, uma empresa de desenvolvimento sustentável, fabrica 350.000 calças por mês em Gana para compradores americanos. Na Libéria, país próximo de Gana, a Liberty & Justice fabrica sacolas de pano para a Godiva Chocolatier Inc., de Nova York".

...

"A economia de Gana, país de língua inglesa que se libertou do domínio britânico em 1957, ficou estagnada durante 35 anos de ditaduras intermitentes. Em 2005, Gana produziu metade da quantidade de roupas que fez em 1977, segundo o governo. Mas agora Gana é uma democracia estável, com uma das economias que mais crescem no mundo.

Isso melhorou as perspectivas para empresas como a Dignity Industries. No mês passado, um fornecedor da walmart.com manifestou interesse em fazer encomendas da Dignity, onde Osae se esforça para dominar sua máquina de costura.

Primeiro, porém, a equipe de costureiros autodidatas precisa dominar os processos de produção em massa. Uma instrutora filipina, contratada pela Dignity, apontou para uma gola mal costurada de um uniforme. "Comece de novo", aconselhou a Osae.

"Eu já sei costurar", diz Osae a um visitante. "Só que meus pontos têm que sair em linha reta."

Os costureiros da Ásia e da América Latina em geral são mais rápidos. "Muito mais rápidos", diz Sandra Garcia, uma hondurenha que é instrutora de costura na Lucky 1888. Para que as fábricas locais consigam fazer Gana competir com os maiores fabricantes mundiais de roupas, terão que montar um uniforme hospitalar em oito minutos.

Alfaiates como Osae ganham US$ 100 por mês, um terço do que costureiros em algumas regiões da China podem esperar, de acordo com o Banco Mundial. Por outro lado, as fábricas de roupas africanas sofrem com quedas de energia que fazem parar as máquinas."

Um comentário:

Anônimo disse...

Incrível é que as empresas se chamam "Dignity" ou "Liberty & Justice"!

Com a ascensão dos salários e a natural busca por melhores condições de trabalho na Ásia, restará um único continente para se explorar mão de obra de baixo custo. Os pretos africanos farão a alegria da burguesia mundial que compra em Nova Iorque e finge não saber como seus mimos são fabricados.
É preciso tocar no assunto que nos atinge a todos: queremos pagar mais caro, todos os produtos que desejamos, para preservar a produção social e ambientalmente correta?

De toda forma, num futuro próximo, também os novos escravos farão a sua alforria, é questão de tempo. Aí, só buscando em outro planeta...