"No próximo ano os grandes fabricantes de TV encerrarão a produção dos aparelhos de televisão em LCD".
"Popularização de planos de saúde superlota hospitais. Nis últimos seis anos 11,4 milhões de pessoas passaram a ter planos de saúde que hoje atendem a 48,6 milhões de brasileiros".
A primeira mostra o Brasil na rota da obsolescência programada usada pelo setor industrial. Nesta linha, tvs de Plasma e LCD ficaram ultrapassadas para as de LED e SmarTv com acesso e navegação na internet.
A segunda mostra a inclusão social, a demanda por serviços desejados pela "nova" classe C que ao acessar os planos de saúde encontra problemas cada vez maiores com de prazos de consulta, limitações para exames e tratamentos, além da falta de vagas e leitos na iniciativa privada, assim como já enfrentava em diversos postos e hospitais públicos.
Modernidade em LED consumido e atraso e limitações na defesa da saúde e da vida.
Poderíamos de forma similar e também contraditória citar os celulares e os serviços de educação.
O que é comum em todos estes casos é a busca do lucro.
O caso faz repensar o geógrafo David Havrey, no preâmbulo do seu último livro "O Enigma do Capital" na tentativa de ir um pouco mais adiante que a pueril constatação da busca do lucro e da acumulação.
Nesta introdução, Havrey mostra como o poder e os fluxos de capital formatam a nossa vida cotidiana, sem que na maioria das vezes, nos apercebamos disto, em meio aos nossos truncados desejos individuais (hoje em maioria) e coletivos:
"O capital é o sangue que flui através do corpo político de todas as sociedades que chamamos de capitalistas, espalhando-se às vezes como um filete e outras vezes como uma inundação, em cada canto e recanto do mundo habitado. É graças a esse fluxo que nós vivemos no capitalismo, adquirimos nosso pão de cada dia, assim como nossas casas, carros, telefones celulares, camisas, sapatos e todos os bens necessários para garantir nossa vida no dia a dia. A riqueza a partir da qual muitos serviços que nos apoiam, entretêm, educam, ressuscitam ou purificam são fornecidos e criados por meio destes fluxos. Ao tributar esse fluxo os Estados aumentam seu poder, sua força militar e sua capacidade de assegurar um padrão de vida adequado a seus cidadãos. Se interrompermos, retardarmos ou, pior, suspendemos o fluxo, deparamo-nos com uma crise do capitalismo em que o cotidiano não pode mais continuar no estilo a que estamos acostumados.
Compreender o fluxo do capital, seus caminhos sinuosos e sua estranha lógica de comportamento é, portanto, fundamental para entendermos as condições em que vivemos."
Havrey diz ainda: "Se quisermos mudar o mundo coletivamente em uma configuração mais racional e humana por meio de intervenções conscientes, temos primeiro de aprender a compreender muito melhor do que compreendemos agora o que estamos fazendo com o mundo e com quais consequências."
Havrey diz ainda: "Se quisermos mudar o mundo coletivamente em uma configuração mais racional e humana por meio de intervenções conscientes, temos primeiro de aprender a compreender muito melhor do que compreendemos agora o que estamos fazendo com o mundo e com quais consequências."
Um comentário:
Ou seja: para mudar o mundo temos que mudar o jeito de consumir. Se todos os habitantes da terra consumissem como americanos, já teríamos caído no abismo.
Como não vejo sinais de mudança no consumo, antes, o contrário, a maneira de demorar mais para cair no abismo é diminuir a quantidade de gente sobre o planeta.
Vamos cair, é certo. Como já disse aqui, o segredo é não ir correndo...
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