Desde 2005 este blog questiona o indicador de riqueza feito pelo IBGE e divulgado todo o final de ano com o rankeamento do PIB (Produto Interno Bruto) para todos os 5,5 mil municípios brasileiros.
No caso dos municípios chamados de petrorrentistas como Campos, SJB, Quissamã, Macaé (parcialmente) e outros é contabilizada como riqueza (PIB - Produto Interno Bruto) todo o valor do petróleo e do gás extraído, na Bacia de Campos e rateado conforme os atuais critérios de distribuição dos royalties.
Este é um equívoco da metodologia. No caso destes municípios, a riqueza não passa nem fisicamente pelos territórios dos municípios, já que o óleo e o gás extraídos, são exportados por oleodutos, gasodutos ou navios, sem que seu valor produza nenhuma outra riqueza, a não ser com os valores dos royalties que equivalem a um pequeno percentual, do valor do produto extraído dos poços em nosso litoral.
No caso dos municípios que possuem em seus territórios instalações para beneficiar o petróleo, como Duque de Caxias, entre outros, a situação é diversa daquela dos municípios que apenas recebem os royalties do petróleo, que vem sendo motivo de intensa disputa no Congresso Nacional.
A cada ano o blog repete esta mesma explicação aqui (2005, 2005, 2005, 2006, 2007, 2008 e 2010 . Em 15 de dezembro de 2006 publiquei (veja aqui) um artigo com este título "Produto Ilusório Bruto" já se referindo a este equívoco ao que passamos a chamar de Produto Ilusório Bruto.
No caso específico do município de Campos dos Goytacazes o PIB avançou de R$ 19,5 bilhões, em 2009, para R$ 25,3 bilhões em 2010 (divulgado hoje pelo IBGE), subindo da 22ª para a 19ª classificação entre os PIBs dos municípios brasileiros. Assim avançou da participação de 0,6% do PIB nacional em 2009 para 0,67% no PIB de 2010. Veja os detalhes nas tabelas abaixo.
Gestores dos municípios que aparecem bem neste ranking comemoram, mesmo que tenham quase nenhuma relação ou contribuição, para a elevação deste indicador de crescimento econômico. Quem quiser que continue a comprar a ilusão.
PS.: Atualizado e ampliado o texto às 15:48.
PS.: Atualizado às 21:50: Numa estimativa feita pelo blog dos 25,3 bilhões do PIB de Campos, entre R$ 17 e R$ 18 bilhões seriam decorrentes do petróleo que por aqui não passa. Assim, se esta parcela for retirada dos R$ 25,3 bilhões teríamos um PIB real e não ilusório entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões, incluídos aí o R$ 1,8 bilhões da receita dos royalties. Desta forma, o município de Campos estaria entre 70ª e 80ª posição do ranking dos municípios brasileiros e não na 19ª classificação do Produto Ilusório Bruto:
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
Um comentário:
Uma mentira, sim, mas que confirma aquela outra: a de que merecemos os royalties por produzir e extrair em 'nosso' território.
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