A ítalo-argentina Ternium com os R$ 5 bilhões que tinha reservado para a construção de uma siderúrgica (com capacidade instalada final de 8 milhões de toneladas de aço) no Açu comprou 28% da siderúrgica Usiminas que funciona em Ipatinga, MG e ainda tenta adquirir a planta da CSA, em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, que foi construída pelo grupo alemão ThyssenKrpup.
A realidade mundial e nacional do setor de siderurgia no momento é:
1) Um excesso de capacidade instalada da ordem de 529 milhões de toneladas de aço bruto. Em 2013 a previsão é que este excesso de capacidade instalada chegue a 553 milhões de toneladas;
2) No Brasil a capacidade instalada é de 48,4 milhões de toneladas;
3) A atual demanda interna é de 28,1 milhões de toneladas, o que dá um consumo per capita de 130 quilos por habitante (indicador usado para avaliar a economia dos países, já que o aço é um dos principais insumos para a indústria, incluindo a construção civil);
4) A previsão de produção de aço bruto este ano é de 34,8 milhões de toneladas. Praticamente a mesma produção de 2011.
5) Pela conta da atual demanda interna de 28,1 milhões de toneladas, permite induzir que 6,7 milhões de toneladas estão sendo exportadas e diante do excesso de capacidade instalada no mundo terá dificuldade em ser ampliada. Assim, o IABr (Instituto Aço Brasil) prevê que a saída deverá ser o mercado interno.
6) Com 34,8 milhões de toneladas de produção e uma capacidade instalada de 48,4 milhões significa que no Brasil o excesso de capacidade instalada é de 13,6 milhões de toneladas. Em percentual significa cerca de 72%. Em relação a demanda doméstica o excesso de capacidade instalada é de 20 milhões de toneladas. A redução do valor da tarifa de energia em 20% deve reduzir o custo de produção do aço no país em 4% (o que permite intuir que a energia elétrica tem um peso de 20% no custo da produção de aço).
7) Em 2009, foi o ano em que a relação entre produção e capacidade instalada de aço no Brasil chegou ao patamar mais baixo de 63%. Em 2008, antes da crise mundial, que gerou os projetos de novas plantas, a taxa de ocupação das plantas nacionais chegou a 81,3%;
8) Para o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Mello Lopes, "as siderúrgicas brasileiras não devem tocar nenhum projeto de novo aumento de capacidade no curto e médio prazo dado o excedente de oferta global do aço".
As trocas de comando das plantas no Brasil obedecem lógicas internacionais. A Ternium comprou 22% da Usiminas, ao invés de esperar os quatro anos de construção de uma planta no Açu, porque sua planta no México é uma Laminadora que trabalha com chapas grossas para laminar estava trabalhando muito ociosa.
O fato explica também o interesse da Ternium pela CSA que tem uma capacidade instalada de 5 milhões de toneladas de aço semiacabado (placas). Mesmo com a participação na Usiminas, as unidades de laminação da Ternium no México tem déficit de 3 milhões de toneladas/ano.
Observado este quadro geral do setor de siderurgia é pouco provável que nos próximos cinco anos, pelo menos, haja mudanças nas decisões da chinesa Whuan e/ou da Ternium sobre instalação no Açu.
2 comentários:
Não entendi
"A redução do valor da tarifa de energia em 20% deve reduzir o custo de produção do aço no país em 4% (o que permite intuir que a energia elétrica tem um peso de 20% no custo da produção de aço)."
Não seria 4 % no custo de produção do aço ja que o preço caiu 4 %?
São duas informações:
1) A redução de 20% da Energia Elétrica terá um impacto de redução de 4% no custo de produção do aço;
2) Então 100% da energia elétrica tem um peso de 20% da produção de aço. Se 20% impacta em 4%, 100% impacta em 20%.
Postar um comentário