É evidente que ninguém aqui está dizendo que a causa de ambas as ocorrências se deve diretamente ao processo de implantação do Complexo do Açu.
Porém, é evidente, que já estamos vivendo mudanças que geram oportunidades, mas, também ameaças e problemas. Enxergar, analisar e buscar alternativas de mitigação é o mínimo que se pode esperar das autoridades públicas e privadas.

Este é um exemplo do que estará a caminho em termos de mudanças na realidade das pessoas de uma comunidade, onde, os equipamentos públicos para atendimento desta nova população é limitada, como já era, há algum tempo, para os antigos moradores.
O blog se refere ao atendimento em saúde, energia elétrica (cuja distribuição tem provocado, ainda nos dias de hoje, interrupções quase que diárias e por longos períodos) comunicação e, a ausência de espaços para entretenimento, esporte, lazer e cultura.
Não precisa ser estudioso e nem pesquisador para saber que nesta fase de implantação de empreendimentos, os trabalhadores são basicamente homens jovens, entre 20 e 40 anos, longe de amigos e familiares.
Enfim, é dever dos gestores públicos e privados não mais prospectar e planejar o futuro, mas, observar os sinais da realidade que o cotidiano já está a nos mostrar. Integração exige ações concretas que já são tardias, mas, que serão irresponsáveis se adiadas da forma que vem sendo feita.
PS.: Atualizado às 16:30: Não dá para analisar o processo gerado com a implantação do Complexo do Açu apenas com olhares específicos: da tecnologia; das questões ambientais; econômica, dos processos de produção e do mercado de trabalho; da interferência e mudanças na vida cotidiana e das identidades e culturas que envolvem o território e o grupo de pessoas que habitava este espaço e o que chega junto das demandas oriundas do processo de produção. A realidade é integrada, mas, as soluções, ou a falta delas, são setoriais, seja por atividade, seja por responsabilidades dos governos, empreendedores ou da sociedade. A relação entre estado, mercado e sociedade deverá mediar os conflitos que emergem gritando por soluções.
2 comentários:
Caro Roberto Moraes,
Me sinto na obrigação de fazer alguns comentários sobre estes fatos que acabaram de ocorrer na Vila do Açu.
Nos anos 70 no processo de construção das grandes usinas hidroelétricas, ocorreu uma mudança de paradígma que hoje ninguém se lembra. As obras para a construção de alojamentos para os trabalhadores de Ilha Solteira, foram planejados para se transformarem no que seria a cidade de Ilha Solteira, sede da Unesp. O planejadores da CESP na época chegaram a uma conclusão que a construção de alojamentos para 40 mil trabalhadores, era um enorme capital fixo, para ser destruído após o final das obras. Assim a equipe dirigida pelo Arquiteto Cesar Bergstrom optou por planejar uma cidade que após o final das obras seria uma cidade que hoje é Ilha Solteira. Avançamos no modelo dos carros e dos computadores mas involuímos nos modelos de cidades.
A situação hoje no entorno do empreendimento é complicada, quanto custaria saneamento básico e infra estrutura nessas localidades? quanto custaria um poder público mais presente? Eles dizem planejar muito, mas não vemos quase nada e o que vemos normalmente é desperdício de dinheiro público em obras intermináveis. Ah, gastaram 20 milhões em asfalto e alguns poucos milhões na distribuição de água, favores pífios se compararmos os investimentos públicos que estão sendo feitos dentro do empreendimento!Luiz de Pinedo tem toda razão, involuímos nos modelos de cidades e a prova disso, hoje, mais do que no passado, é a forma de incentivo que o governo tem dado a aquisição de veículos populares a preços absurdos em total detrimento do transporte público, já pagamos o preço hoje, se continuar nesse ritmo não sei onde iremos parar!
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