Uma matéria na revista Carta Capital desta semana, sobre o novo regime automotivo produzido pelo governo suscita questões interessantes. Entre outras há comparações entre os modelos de carros lançados aqui e lá fora. Eles apresentam diferentes performances, apesar da mesma carcaça externa.
Exemplos: o Fiat Punto 1.4 com consumo de 14,8 km/l de gasolina no Brasil, contra 22,2 Km/l na Inglaterra. O Ford Fiesta 1.0 com consumo de 10,8 km/l aqui, tem consumo de 21,8 Km/l na Inglaterra. O Fox da VW com 15,5 Km/l no Brasil enquanto o similar inglês faz 19,7 Km/l. Três exemplos de diferentes montadoras.
Há quem veja neste fato o livre mercado. Se há demandas e consumo não haveria porque o governo se intrometer na relação produtor e o mercado consumidor. As margens de lucro das montadora no Brasil é praticamente o dobro do que acontece lá fora.
No Brasil há atualmente doze montadoras instaladas. Somos o 7º mercado produtor e o 4º mercado consumidor com 3 milhões de veículos vendidos em 2012 pelas montadoras que tiveram faturamento de US$ 121 bilhões e empregaram 150 mil trabalhadores e um total de 1,3 milhão de empregados em toda a cadeia de produção de automóveis.
Diante do tamanho e da magnitude do setor é certo que é papel do governo impor regras e regulações de inovação com instalação de centros de pesquisa, nacionalização de peças, eficiência energética, redução na emissão de resíduos, investimentos em novas indústrias, etc. Fora daí é apenas deixar o lucro fácil neste enorme e cada vez mais atraente mercado.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
7 comentários:
Nao li a materia, mas a diferença do consumo deve-se ao alcool como falsa alternativa, pois os carros flex, na pratica,sao mais beberrões . Eles nao rendem o maximo com nenhum dos dois combustiveis. Como quase ninguem carrega alcool, a politica dos carros flex acava sendo prejudicial para o consumidor brasileiro.
É verdade Gustavo,
Eu não tinha pensado nisto. Ainda assim, a diferença, em alguns casos é muito grande.
Sds.
A diferença é grande, Roberto, porque ainda que o carro tenha apenas motor a gasolina, esta possui de 20 a 25% de álcool, tendo assim um maior consumo.
Um carro fabricado no Brasil e exportado para Argentina, por exemplo, é preparado para utilizar gasolina pura. Ele terá um consumo bem mais econômico.
Quero dizer, não se trata da existência uma intencionalidade nos fabricantes de carros para produzir veículos beberrões. Estes são assim pela política do bi-combustível.
O Gustavo está certo quanto aos carros flex. Seus motores não são eficientes em nenhum dos dois combustíveis.
Ainda assim,concordo com o blogueiro quanto à intervenção do governo nas regras do mercado, inclusive para pressionar o lucro das montadoras.
Por um outro lado, se os carros baixarem de preço (e um dia eles terão que baixar) vai faltar rua e avenida para tanto veículo. "Brasileiro gosta de carro", mas detesta as cidades...
Gustavo tem razão.
O modelo flex não consegue, por deficiência ou (escolha tecnológica) aproveitar o máximo da curva de combustão, haja vista que o coeficiente é diferente nos diferentes combustíveis, ou seja:
O centro de comando de injeção eletrônica(de ar na mistura)teria que ser independente para casa tipo de alimentação(combustível). E não são: eles são um "média" nestas curvas, com sacrifício ou do desempenho ou da autonomia(ou ambas).
É o preço de termos:
Dogmas ambientais("menos emissões")atravessados goela adentro, sem considerarmos a realidade, isto é: para termos uma matiz energética de bio-combustível(mais limpa) teríamos que ter uma cadeia produtiva deste insumo "madura".
Como não temos, e tratamos usinas nem como produtores de alimento(açúcar), nem como energéticas(álcool), os preços oscilam e assim usamos sempre as piores alternativas de combustível e gastando mais...
Somando a atávica gulodice das montadoras que nos cobram preços de Abu Dabi(será?) e nos oferecerem produtos do Butão, escondidos na balela ideológica do "custo" Brasil, voilá: Compre um carro que o nariz vermelho vem de brinde...
Indabem que eu ando no pé rsrsrs.
Meu carro "físico" vai ta com o motor a 100k/h quando chegar nos 40.
Enquanto o da turminha que pra tudo depende do "carrinho" ja vai se acostumando com remedinho de pressão depois dos 40...
Rahan:
Você anda a pé porque não pode comprar uma carro. Ainda.
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