sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Polícia Civil prende provável mandante do assassinato do líder do MST

Com a prisão preventiva de um membro do MST, José Renato Gomes de Abreu, de 44 anos, como mandante do crime de Cícero Guedes dos Santos, o delegado da 134ª Delegacia de Polícia em Campos, Geraldo Assed está trabalhando com a hipótese principal ter sido por disputa de liderança e não por posse de terra.

O lamento pela morte do Cícero, por tudo que ele representava em termos de luta comunitária e participação cidadã, continua sendo muito grande e agora, também doída, pela possibilidade dela ter sido efetuada ou mandada por uma pessoa próxima. O líder do MST, Cícero Guedes foi assassinado entre sexta e sábado passado, numa estrada vicinal, próximo ao assentamento da ex-usina Cambahyba com vários tiros na cabeça e no corpo.

PS.: Atualizado às 14:30: A direção do MST no Estado do Rio de Janeiro acaba de divulgar nota sobre a apuração do assassinato de Cícero Guedes:


colete mst

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA - MST

Av. Presidente Vargas, 502 7º andar

Centro – Rio de Janeiro - RJ

NOTA DO MST SOBRE O ASSASSINATO DO CÍCERO GUEDES

O MST RJ vem a público reconhecer o empenho e a celeridade da Polícia Civil em apurar os responsáveis pelo assassinato do militante Cícero Guedes dos Santos. A eficiência da Polícia nesse caso vem aliviar um pouco a tensão permanente em que vivem os acampados, assentados, militantes e apoiadores do MST.

O assassinato do Cícero foi um crime contra os que lutam pela terra. Em que os principais responsáveis são o latifúndio e a morosidade do Estado Brasileiro em realizar a Reforma Agrária. Cícero, militante histórico do MST, assentado desde 1997 no assentamento Zumbi dos Palmares, foi assassinado por defender a Reforma Agrária e os princípios do MST.

Gostaríamos de afirmar, que o acusado não possui, nem nunca possuiu nenhum tipo de vínculo com o MST, não participa de nenhuma de nossas instâncias. O acusado, ao contrário, representava interesses criminosos que pela força tentaram dominar o acampamento.

A Usina Cambahyba, palco do conflito que culminou com o assassinato do Cícero, tem um histórico de 14 anos de luta pela terra. Em 1998 a área recebeu Decreto de Desapropriação para fins de Reforma Agrária, da Presidência da República. Como o processo de desapropriação não avançou após o decreto, 470 famílias organizadas no MST ocuparam as terras da Usina no dia 17 de abril de 2000, como forma de pressionar o Estado. Desapropriação que até hoje não ocorreu. Os primeiros meses da ocupação foram marcados pelas ameaças dos seguranças da Usina às famílias sem terra, que precisaram da intervenção do Ministério Público e da Polícia Militar para garantia de sua segurança. No ano de 2005 a Justiça Federal de Campos, que aceitou todos os recursos dos proprietários da Usina contra o processo de desapropriação desde 1998, concedeu a liminar que resultou no despejo mais violento que o MST sofreu no Estado do Rio de Janeiro.

Dia 2 de novembro de 2012, após a divulgação nos grandes veículos de comunicação de que a Usina Cambahyba, serviu para incineração de corpos dos militantes no período da ditadura militar, o MST reocupou as terras da usina cobrando do Estado a conclusão do processo de desapropriação passados 14 anos do decreto. 

A irresponsabilidade do Estado Brasileiro nesses 14 anos em acabar com um dos símbolos da violência do latifúndio é a principal causa do assassinato de Cícero e por toda vulnerabilidade que se encontram as famílias sem terra do acampamento Luiz Maranhão.

Esperamos que esse seja o primeiro passo das investigações contra as ameaças sofridas por essas famílias e que outras mortes sejam evitadas.

Exigimos que o Estado Brasileiro de um fim a história de violência da Usina Cambahyba!"

3 comentários:

douglas da mata disse...

Roberto, atente para a nota no blog do Pedlowski.

O acusado, de acordo com o MST, não é integrante da organização.

Roberto Moraes disse...

Acabei de receber pro email a nota do MST que foi publicada na atualização da nota deste blog.

Anônimo disse...

E a ligação que ele recebeu antes de sair de casa, quem ligou? Alguém saberia me dizer? Ele já havia recebido algum tipo de ameaça desse suspeito preso? Tem muitas perguntas que não foram respondidas.